sábado, 26 de novembro de 2011

Gotas d’água querendo parar Belo Monte

Alguém me perguntou se eu já havia visto o vídeo dos “globais” sobre Belo Monte. Não tinha visto e de cara não me interessou muito, mas devido ao tema que sim me interessa em demasia, assim que me deparei com o tal vídeo o assisti.

A sensação que me tomou foi de profundo agradecimento pela iniciativa de fazerem um trabalho como esse, que juntando pessoas de credibilidade, muita técnica e um modelo que já havia dado certo... comunicava. Mais do que isso, levava às pessoas a indignação que até então parecia de poucos, conquistando também assinaturas contra essa aberração.

Compartilhei no meu facebook, algumas pessoas curtiram e/ou compartilharam a partir dele, mas, para a minha surpresa, houve um comentário criticando o vídeo, dizendo, dentre outras coisas, que era para “convencer quem não pensa”. Pensei bastante antes de responder, esperei passar o mal estar da primeira leitura e escrevi o seguinte:

“Wick, também penso que Belo Monte precisa ser seriamente debatida, mas é difícil envolver as pessoas em mais uma coisa que depende ter tempo, leitura, compreensão, dedicação... já escrevi muitas vezes sobre Belo Monte e a repercussão sempre era muito pequena. A participação social tem um custo que muitas pessoas não estão dispostas a pagar, e que não sei se é justo cobrar, considerando tudo o que já "pagam" trabalhando, se deslocando, estudando sem ter condições, etc. Entendo seu ponto de vista, mas fiquei feliz por finalmente terem feito um material que comunicou um grande número de pessoas (pelo formato copiado que deu certo anteriormente em outra campanha) e certamente pelos atores que ao que parece alguma credibilidade tem. O que realmente me lembra Hitler é essa construção gigantesca, essa megalomania que vai contra toda e qualquer possibilidade de "desenvolvimento sustentável" ao contrário do que pregam. Com as obras começadas, somente uma ação como esta chamaria a atenção com a urgência que o tema requer.

A tréplica, devo admitir que me surpreendeu muito mais, tanto que, apesar de grande, não tive dúvidas de que merecia entrar aqui:

“Ana, obrigado....escrever consome tempo e sei que além das mensagens telegráficas do FB só se arvoram os apaixonados e bem intencionados.

Reconheço sua angústia e comungo da mesma. Entretanto, não tenho uma opinião formada tão clara assim sobre Belo Monte. Estou mais perto desse projeto e problemática do que a grande maioria das pessoas. Há mais de 20 anos que me envolvo com a Amazônia e o seu desenvolvimento, alem de ter tido em família um dos mais exuberantes cientistas amazônicos, meu padrinho e que me deu o nome. Aliás estive ha 2 semanas no norte do MT e sobrevoei um projeto da Odebrechet muito semelhante ao que vai ser Belo Monte, porem em escala menor. O município de Aripuana, no rio de mesmo nome. A tecnologia é a de minimizar o lago, usando turbinas em fio d’agua. Você sabia disso? Se fosse utilizada a tecnologia de Tucurui o lago seria imensamente maior. Em Setembro sobrevoei o Teles Pires, justamente onde será a hidroelétrica de Sete Quedas. Deu dó de ver o que vai sumir. No meu Facebook tem o sobrevôo...veja lá.


É impossível existirmos na Amazônia sem grandes projetos e potencialmente mega-impactantes. Se não houver um desenvolvimento racional da região, a Amazônia vai minguar por processos formiguinha, impostos por atores que vão desde gângsteres imobiliários, até índios inocentes. Todos pegam um pedaço, grande ou pequeno. Os que pegam pequenos pedaços são muitos, e os que pegam grandes também são muitos..... No ano passado as áreas mais desmatadas da Amazônia foram áreas indígenas, segundo algumas fontes. Desmando total em todos os níveis.

A questão fundamental pra mim é a seguinte: implementar projetos de larga escala sem impactos. Temos que vencer esse desafio e digo isso por desespero, pois no fundo a minha única crença para o futuro planetário humano é se tivermos uma população máxima de 5 Bilhões de pessoas no planeta. Nosso limite já passou faz tempo.... Acho mais fácil buscarmos vencer esse desafio tecnológico do que convencer nossa vil raça a parar de se reproduzir. Essa evolução de consciência deve levar no mínimo mais 100 a 200 anos....e provavelmente vai acontecer por liderança de um povo mais branco do que escuro..... e isso será horrível.

Eu não acredito que seja possível criar barreiras para o desenvolvimento irracional, no qual só se acredita no crescimento. Mas acredito em melhorar a condução desse desenvolvimento. Mais do que sermos contra algo que não queremos, temos que ser proativamente a favor de algo correto que queremos. Tem gente falando em parar crescimento e eu acho muito sábio, mas realisticamente isso só vai tirar a atenção das ações que tem possibilidade de dar um passo mais rápido do que o capitalismo selvagem e governança corrupta e inserir um novo programa no capitalismo para sustentabilidade. Eu acho que a chance é melhor.

Comunidades ribeirinhas são palco de muita corrupção política....mas tem uma reação positiva ao correto e ao digno muito mais forte do que você possa imaginar. Desde crianças ate os adultos.... aprendem rápido.

E é por isso que o que mais me deixa em dúvida é a governança. Eu quero acreditar que é possível fazer um projeto como Belo Monte e que não cause os impactos que estão alardeando. Lembre que tivemos Itaipu e Tucuruí como projetos que foram cheios de erros e merda atrás de merda. Mas o fato foi que gerou um aprendizado enorme e esse aprendizado esta disponível para Belo Monte. A sociedade tem que exigir isso. Hoje existem atividades fantásticas ao redor dos dois reservatórios, muitos exemplos de envolvimento comunitário e desenvolvimento sadio.

Não sou derrotista para a sua causa, mas acho impossível que Belo Monte não seja construída. Ela vai ser erguida gostemos ou não.

Eu não gosto da idéia de Belo Monte, assim como você. Preferia que não fosse construída, mas já esta sendo. E pior, depois de Belo Monte ainda vira Sete Quedas, no Rio Teles Pires....que também vai ser construída, também em terras indígenas. Sabe por quê? Por que tem um número muito maior de cidadãos que querem que seja, do que os que não querem, especialmente os cidadãos da região e que ficam olhando pra nós aqui do Sul maravilha tentando impedir o desenvolvimento deles..... para as pessoas da região, eu e você (e os artistas do filme) estamos muito mais pra americanos do que brasileiros.....

A questão indígena é a mais distorcida que você possa imaginar. Os povos indígenas no Brasil foram abandonados há muito tempo. Não vai ser uma causa dessas que vai resolver o problema indígena. Devemos ter muito mais esforço para isso e usar a usina como alavanca para a causa indígena é no mínimo uma vergonha.

SE você pedisse meu voto, eu votaria contra.... mas não por que eu ache errado o projeto, e sim por que a implantação do projeto não terá a governança que eu acredito ser essencial. Esse tipo de processo é muito corrupto e a melhor tecnologia nunca está disponível por uma questão financeira.

Podemos fazer um projeto melhor, reduzir o impacto, melhoria continua, processos de aprendizado e inteligência, plano de contingência, correções de curso, proteção dos recursos naturais e das populações, etc... mas para isso é preciso governança.

Eu sei que o que escrevo soa horrivelmente tecnocrata... mas não é isso. Acredite... tô prestando a atenção nisso faz décadas....e muito me corrói entender o que eu entendo.

Final feliz, só mesmo no filme do David Cameron....

O pior de tudo é o seguinte: os artistas do filme vão na festa de inauguração. Acredite nisso!!! Eles são ignorantes. Espere e você vai ver..... decoraram o texto bem decorado. Eu preferia que fosse você....mas não precisava tirar o sutiã. Aliás, tirar sutiã???? Um horror....fiquei muito decepcionado com o filme e em mim teve um efeito antagônico....de falta de confiança neles, daí a minha referencia à propaganda de Hitler....imagine o que o Karajan teve que fazer pra promover o Nazismo....

Compartilhei porque percebi que a vista do ponto dele é privilegiada sem por isso ser melhor, além de ter uma sensibilidade e sinceridade impares. Os grifos são meus, e não pretendo comentá-los, para mim, por hora, são para atenção ou reflexão.



Copio abaixo apenas parte da minha resposta e adianto que a volta foi o convite para um seminário que quero muito ir! “ECONOMIA VERDE NA AMAZÔNIA: DESAFIOS NA VALORIZAÇÃO DA FLORESTA EM PÉ – coloco os detalhes em comentário ao post para não bater recorde de comprimento! :)

"...acho que o que vejo sobre está bem resumido no post que segue, talvez resumido demais... mas basicamente o que penso é que poderíamos investir em um programa de capilarização da energia, que podemos fazer um estudo e ir implantando pequenos geradores de energia, resolvendo localmente o problema de acordo com a potencialidade da região... o que não consigo acreditar que fique mais caro no conjunto que essas construções monstruosas. Mas é algo que precisa ser melhor pensado e estudado, claro. ;)"

Para que esse monte de manifestações

Ah, sim! Vale lembrar que devido ao vídeo do Movimento Gota D’água chegamos neste momento a 1.101.099 (um milhão, cento e um mil e noventa e nove) assinaturas contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Querendo ser árvore…

Depois de ter passado uma semana doente, ainda encafifada com as constantes recaídas, saí da terapia e nem quis saber de PUC, só resolvi fazer outro caminho.

Ao descer a Ministro de Godoy passei por uma das entradas do Parque Água Branca e pensei que seria mais agradável descer por dentro do parque, mas como boa paulistana que me tornei, resisti ao convite / tentação....

No entanto, ao chegar ao outro portão por onde podia estar saindo, me dei conta da oportunidade que ia perdendo e resolvi entrar. Perguntei que horas fechava, tinha tempo de sobra! Fui ver os peixes e depois achei um banquinho em meio a algumas árvores.

Olhei pra cima e não resisti: deitei no banco pra ficar contemplando as árvores de baixo pra cima, suas silhuetas e folhagens das mais diversas... algumas folhas tão grandes, outras tão pequeninas... no quesito estatura também eram completamente variadas!

Fiquei viajando no quanto a natureza é perfeita e no quanto temos que aprender com ela. Todas convivem ali justas – por mais diferentes que sejam – em plena harmonia.

O segurança do parque veio dizer que não podia ficar deitada, mas expliquei que queria admirar as árvores por aquele ângulo e ameacei brincando sentar de cabeça pra baixo. Apesar de não entender o que eu via de mais, depois de explicar o porquê da regra, acabou permitindo que eu ficasse ali uns 15 minutos.

Concordei com ele quanto à vulnerabilidade da posição, ele puxou papo sobre a faculdade, começou a contar que a filha queria fazer jornalismo, mas logo disse: “deixa eu ir que se não você não vê o que tem que ver aí”. Achei muito legal a sensibilidade e respeito que teve com o que de alguma forma entendia mesmo sem entender. :)

Foi ali refletindo que me dei conta que havia uma parte de mim que parecia estar fora aproveitando o espaço para dançar, o tempo todo! E cheguei à conclusão de que não deveria parar de dançar, ao contrário do que andava pensando em fazer por conta da constante falta de tempo e necessidade de me dedicar mais ao mestrado, dentre outras intempéries.

Foi ali também que decidi deixar minha criança interior dormindo, pra ver se assim consigo me concentrar mais nos meus afazeres, objetivos e metas de mudança de vida que sinto que são urgentes.

Sei não se vai funcionar, pois, assim como a dança, é parte mais que essencial desta minha vida. Por outro lado, a gente tem que ir testando mudanças até encontrar um jeito de ajeitar as coisas sem se deixar estagnar, não é mesmo? Mas alerto que é uma medida drástica, não recomendável para menores de 100 anos! rsrs...

Essa é pra minha criança, que espero muito em breve possa voltar a aprontar todas!

E assim seguimos, vivendo e aprendendo. Até o fim. Quanto à visita ao Parque, essa mais que recomendo, para todas as idades!!! =D

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Um país perdido entre gays e evangélicos


Pretendia escrever outras coisas, até escrevi os títulos em documentos diferentes para não esquecer, mas daí... fui dar uma olhada em um dos grupos que participo no facebook e me deparei com uma frase copiada e colada por diferentes pessoas, pelo visto, na maior das boas intenções:

“Que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica , muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção? Se você também pensa assim, copie e cole; vamos fazer um flood contra a corrupção!!!

Escrevi uma resposta bem simples que segue abaixo, mas tive a impressão de que, ao menos quem copiou e colou, não se deu conta do descuidado (não sei se intencional ou não) com que foi escrito tal texto: ele pura e simplesmente coloca como se fosse um absurdo haverem tantos gays, evangélicos e ativistas pela legalização da maconha se mobilizando, como se por isso fossemos um país perdido (!!?!), é isso mesmo que essas pessoas que são contra a corrupção pensam? Quero acreditar que não.

‘Gente, a democracia é de quem se organiza. Simples assim. Pelo menos eles estão se mobilizando. Por outro lado, há que se pensar que nesse caso não se trata de uma minoria, pois todos são contra a corrupção (até o corrupto dirá que é contra).

As outras marchas, ou procuram espaço de afirmação e aceitação ou tem um objetivo mais direto, como as manifestações contra a construção da Usina de Belo Monte, sobre a qual poucas pessoas se manifestam, provavelmente por não terem noção do quanto as afeta.

Nosso país é maravilhoso justamente por esses dois pontos primordiais: natureza e diversidade¹. E espero que saibamos preservar isso acima de tudo.

A corrupção precisa ser combatida sim, por meio da Polícia Federal, através do voto e, principalmente, de uma educação de base bem diferente do 'cada um por si' que se vê por aí, mais voltada para valores e para o bem comum.

Por onde se pode começar a fazer essa diferença efetivamente e... quem começa?’

¹não custa deixar claro: não se refere à diversidade da natureza (bio), mas à nossa, entre seres humanos - de convivermos sendo diferentes em jeitos, gostos, opções, opiniões, origem, estilo, etc.

Certamente teria muito mais para escrever sobre isso, mas vou me conter e apenas sugerir contribuições, críticas e opiniões nos comentários. ;)

sábado, 30 de julho de 2011

O silêncio, as estrelas e todos os caminhos...

Pra que escrever se o Lenine já canta? - e tão linda e perfeitamente!
Sobre o Silêncio das Estrellas...


Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais, de mais...
Afinal, feito estrelas que brilham em paz, em paz...


E sobre Todos os Caminhos...



Eu já me perguntei
Se o tempo poderá
Realizar meus sonhos e desejos
Será que eu já não sei
Por onde procurar
Ou todos os caminhos dão no mesmo
E o certo é que eu não sei o que virá
Só posso te pedir que nunca
Se leve tão a sério, nunca
Se deixe levar, que a vida
É parte do mistério
É tanta coisa pra se desvendar

Por tudo que eu andei
E o tanto que faltar
Não dá pra se prever nem o futuro
O escuro que se vê
Quem sabe pode iluminar
Os corações perdidos sobre o muro
E o certo que eu não sei o que virá
Só posso te pedir que nunca
Se leve tão a sério, nunca
Se deixe levar que a vida
A nossa vida passa
E não há tempo pra desperdiçar.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A verdade é que eu menti!

Mas, mas… definitivamente, não foi por mal. Foi uma ilusão a qual me apeguei imediatamente, porque queria que fosse verdade, pois em um momento bom, ideal e atípico, pensei que finalmente estivesse me acostumando e que fosse mesmo possível o que queria.

E eu só queria que fosse possível trabalhar e ter tempo e disposição para também estudar, sem deixar de me cuidar minimamente. Não deveria ser tão difícil assim, não é mesmo?

Só que a verdade é que há coisas com as quais a gente não pode se permitir acostumar. E o meu trabalho na UBS está bem aí.

Gosto muito das pessoas de lá e até gosto do meu trabalho, é simples e necessário, e eu sempre gostei de trabalhar com o público – porque sempre gostei de atender bem e receber esse retorno.

Os únicos problemas são que:

1. Não há ergonomia. O local foi mal projetado de forma que, pelo menos para a minha estatura, é quase impossível trabalhar e não sair com dor devido o balcão ser alto e a cadeira pouco regulável. O local do atendimento preferencial é apertado, mas menos desconfortável, o funcionário fica mais baixo e mas também escondido, de forma que o idoso ou deficiente tem que ficar de pé para ser atendido. (?)

2. Não há funcionários suficientes, de forma que durante a maior parte do tempo há um monte de gente sentada por duas a três horas olhando e acompanhando cada movimento nosso. Apesar de nem sempre reclamarem, sempre há algum tipo de atrito, causados ou pela demora, ou por não aceitarem as regras impostas pelo sistema, ou ainda, por desaprovarem o atendimento que para ser mais rápido, alguns optam por fazê-lo mais seco e direto.

3. São muitas horas para se trabalhar com o público, pois mesmo com o trabalho sendo mecânico e simples (marco consultas e faço carteirinhas), é estafante tanto pela pressão, quanto pela necessidade de ser ter muita, mas muita paciência (uns têm problema de audição, outros de compreensão, outros dão uma de loucos só porque passam na psiquiatria – ou realmente são, e muitos ficam indignados com tantas demoras: de atendimento, consultas e resultado de exames. Deveriam ser 4 no máximo 6 horas.

4. Faltam alguns materiais adequados básicos. Por exemplo: temos leitora de cartões, o que agilizaria o atendimento se não houvesse problema na impressão dos mesmo, mas das três impressoras que temos, uma solta a tinta, a outra imprime torto, e a outra, só funciona quando quer. Outro dia discuti com um paciente que reclamou que não havia um grampinho, na verdade havia, mas não cabia no grampeador que eu tinha levado de casa. Esta semana felizmente tivemos uma alegria dupla: “ganhamos” um grampeador e um quadro de avisos!

5. Falta salário, pois um base de R$ 646 é simplesmente indigno. Mesmo somando a gratificação-cala-boca que nos deram este ano, não chega a R$ 1000. Somando Alimentação, Refeição e Transporte e tirando os descontos vou receber por volta disso, mas me digam: quem vive com um salário desses em São Paulo hoje em dia? Eu respondo: muita gente, mas não em condições dignas. E o que mais me desespera nesse trabalho é perceber que não me sobra disposição para procurar outro, mesmo que só de complemento. Não dá, e vida sem vida, a gente não pode aceitar, nem se submeter.

6. Para finalizar, a insalubridade, decorrente de todos os itens citados acima se somando também o fato de as pessoas que procuram a UBS em sua maioria estarem doente, é certa: todos os dias saio de lá sentindo algo, dor nas costas, dor de cabeça, estomago doendo ou enjoado... só de remédio para os dois primeiros já gastei R$ 17,00. Mas isso pelo menos a Secretaria de Saúde reconhece e passarei a receber o Auxilio Insalubridade, e assim, terei somados aos meus proventos mais R$ 11,00 mensais (sim, onze reais!!!).

Pois é, e mesmo eu explicando tudo isso, ainda não me conformo. Mas fato é que esse trabalho me suga. Prova disso é que quando estou voltando para casa, às três da tarde, as pessoas que sequer me conhecem, me desejam bom descanso! E quando chego nem disposição pra ficar na internet tenho. Não quero nada que exija mesmo que um mínimo de mim, só quero descansar. Por isso parei de escrever no blog e quase não respondo mais comentários, não entro no twitter, não sei muito mais do mundo que não esse pequenino que vivo cotidianamente, e olhe lá!

Mesmo com tudo isso, no entanto, agradeço por ter ido parar nesse lugar. Não, não por ser um trabalho digno que tenho que agradecer a Deus que tenho, até porque, já deixei claro que não o é. Mas sim porque acredito que com tudo a gente pode aprender, e pra mim, que estava acostumada aos gabinetes, é uma experiência e tanto! Além disso, é bom se sentir de igual pra igual, não ser visto como privilegiado (apesar de eu ser a única que sai 45 min. mais cedo por não fazer horário de almoço). Mas o melhor de tudo mesmo, são as pessoas! Valeu à pena ter sofrido o que sofri por ter encontrado figuras que, de uma forma ou de outra, quero levar comigo pra sempre!

Só que agora que já pude conhecer tudo isso... é hora de me organizar pra seguir viagem, pois se não quiser acabar com a minha saúde, terei que sair dessa Unidade Básica de Saúde logo! Por isso tirei o dia de hoje para começar esse processo, que espero, seja breve.

Mas esteja onde estiver, não perdendo a alegria de viver e a consciência do que sou, o que quero e pra onde vou, de resto, vamos dando um jeito até tudo se ajeitar! Não é mesmo? ;)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Atualizando II e... mais gatos!


Depois de duas semanas escrevendo os trabalhos da faculdade e outras duas tentando me adaptar:

1. ao novo trabalho - que não tem segredo, mas é muito puxado, pois não paro um minuto e a fila não acaba nunca!

2. aos meus novos horários - pois agora acordo às 5h30 (nesse frio!) para poder chegar mais cedo em casa e estudar (o que por enquanto não está rendendo como gostaria pela minha dificuldade de dormir cedo).

...e apesar do resfriado/gripe/tosse que deve acabar na sexta, finalmente começo a retomar o que ficou em suspenso nesse meio tempo: responder e-mails atrasados, organizar casa, contas e papéis, procurar emprego, escrever projetos... o que não falta é coisa por fazer! Mas vamos com calma que aos poucos a coisa se organiza. Não é mesmo? Dessa vez não vou me desesperar! :)

Fora a isso, a novidade são meus gatos, que a cada dia que passa me apaixono mais e agradeço mais a companhia – que adoro!

O meu filhote (que havia ficado desaparecido uma semana) está lindo, doce e grande, tanto que muitas vezes o confundo com a mãe, ainda mais agora que ela perdeu o barrigão, pois ganhou três gatinhos: dois pretinhos e um todo branquinho! São tão pequeninos, mas já são lindos! Só vivem miando e empurrando um ao outro, coisa que não acontecia com o primeiro que era filho único.

Difícil vai ser conseguir doá-los daqui um ou dois meses! Mas ficar com 5 gatos, até gostaria, mas não dá! E dessa vez a fábrica da Cármen fecha em definitivo, pois já consegui um veterinário que fará um preço amigável (o que não havia conseguido antes dela prenhar de novo).

E falando em gatos, há uma outra espécie de gato preto em casa agora!

É o Rafael! Amigo figuríssima que veio em hora mais que perfeita, não só por poder dividir o aluguel, mas também por ser uma pessoa super animada e pra cima, além de ser organizado, bem disposto e gostar de cozinhar! Ah! E também gosta de compartilhar, ouvir, aprender, entender... não podia ser melhor! Estou muito feliz mesmo de poder contar com essa força, amizade e alegria dentro de casa! =)

Só posso agradecer aos deuses essa sensação tão boa que dá saber que encontro e posso conviver com seres tão lindos, tanto no novo trabalho (onde há muitas pessoas que já quero muito bem), quanto na minha casa!

domingo, 26 de junho de 2011

Atualizando

Depois de dias e dias estudando e tentando escrever o trabalho de conclusão das matérias do mestrado deste semestre, ontem terminei por passar a noite em claro para terminar, já que o prazo (pós-prazo inicial estourado) era este domingo.

Enquanto copiava algumas citações me dei conta de que nunca precisei fazer regime, não sei o que é ter um prato de comida na frente e não poder comer, digo, não sabia até me deparar com os livros do Marco Aurélio Nogueira e ter vontade de comê-los sem a menor condição de tempo para fazê-lo.

Sempre que começo a ler algo dele, tenho vontade de ler mais e mais, pois trata das questões do Estado e outros assuntos que me interessam demais, com uma compreensão e sensibilidade incomuns!

E com isso fiquei me perguntando se algum dia o meu sonho de ser remunerada para estudar seria realizado. Eu acredito que sim, e quando chegar a hora, espero que eu seja capaz de aproveitar muito bem cada momento!

Mas fato é que depois de muito esforço, de entender, escrever, desentender, revisar, por fim, por volta das 16h enviei o bendito trabalho, que já é o primeiro passo da minha dissertação.

O envio pareceu ter me tirado o peso do semestre inteiro das costas! Era um alívio tão grande que eu nem sabia o que fazer, dentre tantas coisas por começar e retomar...

Fiquei muito feliz com o resultado do trabalho, pois apesar de saber que há vários pontos que poderiam ficar muito melhores, estou aprendendo que o ótimo é inimigo do bom, e que tem uma hora que temos que tocar pra frente com o que temos em mãos no momento.

Tinha outras coisas para contar, mas terão de ficar para outro momento, pois hoje my time is over, já que amanhã tenho que estar às 8h da manhã atendendo na recepção da UBS Sta. Cecília – meu mais novo posto de trabalho.

Por hora só posso adiantar que estou muito feliz e muito grata por ter tantas coisas e pessoas boas na minha vida!

A impressão que tenho é que Deus escreve certo por linhas tortíssimas, e não sei o que virá depois da próxima curva, mas estou confiante de que só pode ser algo melhor ou ao menos tão bom quanto o que tenho hoje!

Que essa chuva maravilhosa abra e limpe nossos caminhos! E vamos que vamos que ainda há muito pela frente – para arrumar e para aproveitar! =)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Mais uma vez...


Ontem, apesar de ter sido encaminhada para trabalhar em uma unidade que não queria (por não ser tão perto que dê para ir a pé todos os dias como pretendia – fica na Sta. Cecília), apesar de chegar àquela UBS e vendo aquela fila imensa esperando atendimento, ter tido a certeza de que não é na área da saúde que quero trabalhar (porque nunca gostei mesmo), e de ainda por cima, ser o lugar com maior escassez de funcionários que já havia visto até então, gostei das duas únicas pessoas com que conversei lá, e estava feliz que não cabia em mim.

Já hoje... soa muito dramático eu dizer que não sobrou energia para ficar feliz?

Cheguei em casa e até comi, assisti TV, coisas que não costumo fazer... mas não adiantou, não deu pra reestabelecer as energias não. Deveria estar estudando ou descansando, mas antes quero tentar contar resumidamente como foi este dia:


Tínhamos assembléia marcada para às 10h na quadra dos bancários, não encontrei o pessoal da sub que foi nas paralisações anteriores e é estranho ficar em qualquer manifestação só, mas essas horas minha máquina de fotografar e uma caneta, sempre salvam! :)

Os funcionários do Serviço Funerário já estavam em greve e os demais decidimos por prosseguir “o movimento”, fazer uma nova assembléia em frente à Câmara dos Vereadores no dia seguinte quando já teríamos posição da Secretaria de Planejamento (antiga Secretaria de Gestão onde eu trabalhei de 2005 a 2008) para onde fomos negociar com a Coordenadoria de Gestão de Pessoas o reajuste e demais itens da pauta, em reunião que começaria às 14h.


O caminho foi bem bonito, e até parecia ter bastante gente, não sei se porque as ruas eram estreitas e nos deixaram ocupar uma faixa só, sei que ficamos bem compridos... mas fomos direto, sem almoçar, e lá, tomamos um chá de canseira! Eu acabei aproveitando para ver umas pessoas daquele prédio que gosto muito e que há muito não via, e foi muito gostoso rever gente que quero tão bem e que sinto que a recíproca é verdadeira! Mas mesmo assim, depois desse “chocolate”, aquele tormento prosseguia: sem resposta, com cansaço, fome, etc, etc.


Finalmente quando a comissão de negociação desceu, já eram quase 17h, começava a escurecer e, apesar de a presidente ter decido sorrindo, as notícias, assim como da outra vez, não eram boas. A diferença é que desta vez, ameaçaram retirar o que já haviam concordado em conceder (a extensão de uma gratificação às categorias que não receberam), se não parássemos a greve, e se dispuseram a estudar a pauta e dar uma resposta até “meados de agosto”. Era essa a proposta e era o que os dirigentes do sindicato defendiam que optássemos por fazer, sendo que era preciso assinar ainda hoje o documento.


Eu discordava plenamente, achava que o momento era agora, que tínhamos que aproveitar o empurrão que o Serviço Funerário havia dado, mas entendia que realmente não tínhamos condição de “decretar greve”, considerando que a maioria dos servidores ainda não aderiu ao movimento e que não é algo que se consiga do dia para a noite, e como os pessoal do Serviço Funerário, depois de muita discussão, decidiu por parar a greve, concordei que parássemos esses 45 dias para que enquanto isso possamos ir organizando uma mega greve para agosto.


Só quis que um representante nosso fosse junto com a comissão de negociação, e não sei se devia, mas acabei indo eu mesma. O bom de não ter nada a perder é isso: se estivesse com o cargo “não poderia” porque o perderia, como não tenho mais nada, mesmo que em um futuro próximo espere ter, me sinto livre! E não teve jeito, lá estava eu!


Fiquei inconformada com a história do “meados” de agosto. É muito vago, deveria haver uma data certa para que pudéssemos nos organizar para cobrar a resposta, mas em “meados” pode ser entre os 30 dias do mês! Reclamei e insisti, mas não quis forçar já que só tinha ido acompanhar sem ser do sindicato nem nada. Estava com fome. E provavelmente com uma cara muito feia.

No começo fiquei um pouco tensa, mas o clima era de total descontração e até me incomodava um tanto a falta de pressa, pensando que as pessoas estavam lá fora nos aguardando. No final das contas, a presidente do Sindsep assinou, conversei um pouco com a coordenadora – que apesar de estar do lado de lá, também não tem reajuste – e desci. O SBT filmou a leitura do “resultado” de nossa negociação (pífia)... e agora? Seguimos em Estado de Greve, e vamos ver no que vai dar!


Queria contar mais alguns detalhes, mas por hoje... não vai. Só lembrar que levantaram a questão de reajuste X aumento e fiquei aliviada de ouvir alguém procurando esclarecer. Sei que parece absurdo pedir 39% de reajuste, mas é isso mesmo, não estamos pedindo aumento, mas reajuste que compense nossas perdas salariais por conta do que realmente é um ABSURDO: os 0,01% que nos concedem todos os anos e mais nada!

E nessas saí de lá já eram 20h! Parece que ainda ouço os apitos no meu ouvido... e amanhã, literalmente, tem mais!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Comunicado Público - Minha saída

Caros e queridos amigos, professores, conhecidos e parceiros - de lutas, projetos, dança...

Escrevo este para comunicar que a partir de hoje não pertenço mais ao quadro de funcionários da Subprefeitura Lapa e, por conseguinte, de sua Assessoria de Gabinete.

Apesar de todo o meu apego à Sub e a tantos sonhos - alguns realizados, outros, por realizar - saio feliz e animada com a nova fase que virá, mesmo sem saber ao certo como será.

Ao menos por enquanto, continuo sendo funcionária da Prefeitura, uma vez que estou concursada no cargo de nível médio e que, portanto, sou uma “Assistente de Gestão de Políticas Públicas”, é bonito, não? Tudo o que eu gostaria de ser, se não soubesse o que é na real e se o salário ao menos comportasse o nome... mas é um base de R$ 640. Fico com ele em uma UBS da Secretaria de Saúde até que algum outro cargo possa me resgatar – o que espero, não demore! :)

Para sobreviver nessa situação, no entanto, uma segunda fonte de renda se faz necessária e, por isso, aproveito para pedir encarecidamente que se souberem de algum lugar em que eu possa vir a dar aulas, me avisem (e se possível indiquem)! :D

O meu Currículo Lattes está disponível em:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4489250D5

Acredito que cada um colhe o que planta, e por isso vou tranquila, sabendo que virá outra pessoa para ajudar em uma área que carece demais de reforços, e que logo encontrarei outro lugar onde possa me realizar ainda mais e melhor!

Peguei 20 dias de "férias" para finalizar pendências com o trabalho, a casa, o mestrado (ao qual pretendo me dedicar mais!), para me reorganizar e curtir os que há tempos não vejo! E vai ter que caber! rsrs

Aliás, tenho um convite muito especial:
na sexta, 10 de junho, meu irmão lança
oficialmente seu CD Circo Incandescente no SESC Vila Mariana, às 20h30. Estará com uma banda fantástica e será um show muito lindo! Espero que possamos nos encontrar lá! =D

É isso. Aproveito para agradecer de coração a todos que se envolveram e colaboraram direta ou indiretamente nos projetos e sonhos desses 2 anos e meio, assim como, aos que possam vir a participar dos desta nova fase!

sábado, 28 de maio de 2011

Deu vontade de chorar e tudo mais!

Quando ouvi um dos melhores funcionários da Subprefeitura (pessoa honesta, disposta, dedicada) contando que precisou pegar um segundo emprego e trabalhar em telemarketing, que por meses, só via o seu bebê dormindo, me bateu uma revolta tão grande! E há tantas histórias parecidas... Como pudemos deixar a nossa situação salarial chegar ao estado que chegou?

Este mês completo 5 anos de trabalho na Prefeitura de São Paulo, e desde que eu entrei (na verdade, desde muito antes), todos os anos temos um reajuste de 0,01%. Não preciso dizer que todos os anos tudo aumenta aproximadamente 7% a 9% e que este ano está ainda pior, não é? O que temos portanto é uma perda salarial anual.

Preocupa ouvir a copeira - que recebe muito menos que eu - dizer que não adianta nada parar, mas me enche de esperança ouvir o motorista mais humilde e bem disposto do mundo dizer que é falta de bom senso não concederem um reajuste de verdade.

Alivia ver muita gente se mobilizando! Nesta quarta paramos pela manhã e tinha muita gente, mas deveria ter pelo menos o dobro ou o triplo. Só provocaremos o impacto necessário se a maioria parar. E é isso que espero que aconteça no dia 07 de junho, quando faremos a nossa segunda paralisação.

Também fiquei indignada com a aprovação do novo Código Florestal, mas feliz de saber que ao menos 64 parlamentares votaram contra – muitos deixando de seguir a orientação do partido. Depois de muita angustia, pude sentir certo alívio ao ouvir a presidente Dilma dizer que é contrária a anistia dos desmatadores. Ainda há esperanças.

Mas deu vontade de chorar quando vi a foto de um indígena chorando, segundo a legenda, ao saber que a presidente teria autorizado o início das obras da usina de Belo Monte. Pesquisei e fiquei relativamente aliviada de não encontrar confirmação e ver que ainda não foi concedida a liminar – apesar da previsão de expedição para a sexta que acaba de acabar.

Deu um nó no estomago quando vi que haviam proibido a Marcha da Liberdade. Não podia acreditar! Queria estar entendendo errado, mas não estava! Mas o que será que essa gente estudou? Dizem que estão cumprindo a lei sem respeitar a liberdade de expressão e manifestação, sem respeitar a Constituição! E não sabem que proibir só aumenta o "problema"?

No final das contas, provam que o propósito da marcha é real e certamente haverá muito mais gente por isso, pois estou certa de que não deixaremos isso passar em branco! Isso se chama Desobediência Cívica! :)

Podem
me prender, podem me bater / Podem até deixar-me sem comer / Que eu não mudo de opinião!

Apesar de tudo isso, não perco a alegria de viver, nem a vontade de multiplicar as coisas boas! E fico realmente contente de ver as mobilizações acontecendo, e de poder com isso, entrar na briga e lutar pelos nossos direitos também! \o/\o/\o/

Vamos todo mundo... ninguém pode faltar!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ilustrando o último post...

O Júlio e a Adriana dançando com uma música que não era tango, mas era muito boa e ao vivo!

O Julio e o Léo dançando!

E a milonga proceguia... linda!


O trânsito da Av. Paulista estava um caos porque os semáforos não funcionavam...


E o corajoso e bondoso palhaço que por ali passava, assumiu a dura missão:

Trabalho cansativo, mas ele foi muito bem! Todo mundo o obedecia! :)



Os meus parceiros de Tango! :)

Com seus respectivos professores...


E o povo todo do Tango na Rua!



A milonga na minha casa...


a gente dançando...


e todo mundo junto e feliz que só depois de tanto dançar! =D


Muito, muito bom! Precisa de mais o que pra ser feliz?
Muito obrigada professores, amigos, parceiros e parceiras!!! :)

Dose tripla – Tango puro!

Nesta sexta, depois de muitas tentativas, finalmente fomos ao Tango Baires - um lugar muito gostoso e agradável, numa noite precedida de uma aula (que infelizmente perdi), e que deu tango a noite inteira! Nem me dei conta de que tinha ficado até tão tarde! Finalmente, começava a tirar o atraso de tanto tempo sem dançar!

No sábado foi a vez do Tango na Rua, que estava muito bonito! Cheio de casais dançando na maior parte do tempo... daquele jeito, assim, na calçada, com as pessoas passando, olhando, parando, querendo aprender... muito legal! :)

Destaque para os músicos que tocavam quando chegamos, ao som dos quais cheguei a dançar um jazz tango, assim como outros também aproveitaram para improvisar em outros ritmos que tocaram, numa mistura tão imprevisível quanto saborosa!

Destaque também o palhaço que assumiu a triste e desesperadora missão de organizar o transito da paulista, pois os semáforos estavam no amarelo intermitente, fazendo com que o fluxo entre Augusta e Paulista virassem um caos no cada um por si!

E no domingo... foi a vez da milonga na minha casa! Sem palavras! Ver minha sala transformada nesse ambiente mágico da música, da dança, do tango com sua sincronicidade, conexão, envolvimento... com tantas pessoas especiais, foi lindo demais! Adorei! =)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

saudade global

às vezes me bate uma leve tristeza... não sei se de uma saudade adiantada do que deixará de ser, ou se de uma saudade infundada de tudo aquilo que poderia ser, mas nunca foi, nem nunca será.

...ou algo será disso tudo?

De qualquer forma, muito já não foi, e muito não poderá ser. E aquele caminho que vimos e imaginamos, apesar de nunca percorrido, também deixa saudades, sabe?

Pode que tudo seja tão diferente! Tenho um norte, mas há tantos caminhos para se chegar lá... e se eu escolher um caminho que irá me desviar? A gente pode fazer outro, mas nunca será o mesmo que era antes de optarmos.

Tantas coisas que já imaginei... sonhei... algumas coisas se apagam, mas outras vagam meio borradas por algum lugar desse espaço mental-sentimental-imaginário que não para de produzir e espalhar mais possibilidades, algumas com suas embutidas saudades...

Minha mãe sempre dizia “hagas lo que hagas, te arrepetirás”, eu acho engraçado, apesar das pessoas em geral ficarem meio chocadas, mas era o ditado que ela usava para que eu me decidisse logo, fosse pelo que fosse. Fizesse o que fizesse me arrependeria não por ter feito a escolha errada, mas porque na nossa imaginação, a outra opção, sempre poderia ter sido melhor, já que não a conhecemos e por tanto “pode ser” ideal como imaginamos.

Estou em um momento muito bom, mas de total transição. Apesar de ter idéias e possibilidades, não sei o que será amanhã. Tenho comigo que será bom, mas sei que o que vivo hoje deixará saudades.

Assim como sei que o que não escolher também deixará essa espécie de saudade – que não sei se faz sentido aos demais – mas que não será por me arrepender por poder ter sido melhor, mas simplesmente porque temos que optar, e por isso sinto vontade de pedir desculpas ao que não será, e dizer que se algo foi, então sempre será!

Que piração! Será que sou a única louca que consegue ter saudades do passado, presente, futuro e do que não foi ao mesmo tempo? rsrs