segunda-feira, 20 de maio de 2013

Virada por baixo e por cima

O gosto por resolver problemas é de tempo. Desde criança sentia uma espécie de água na boca quando via um amontoado de contas para resolver e ter o prazer único de tirar a prova e corrigir eu mesma! Ainda que, o ápice mesmo, eram as provas, pois como eram mimeografadas, não precisava copiar, era só fazer!

Engraçado pensar que podia ter passado no concurso da Nossa Caixa, não tivesse mudado a resposta de uma questão que não tinha dúvida. Mas isso poderia ter me afastado de conhecer formas de resolver problemas que me atormentaram - infinitamente maiores.




E foi justamente na Prefeitura de São Paulo que o destino me fez chegar. A sorte foi não me largar por lá sem antes iluminar a saída. Foi assim, também de repente, que fui parar na Escola de Sociologia e Política, onde descobri que existia um curso para o que sempre quis fazer: resolver os problemas das cidades / sociedades.

Fácil não, mas como não sei largar o osso, também prazeroso. É que, quando se me apresenta um problema, meu cérebro fica feito um programa de desvendar senhas: vai testando todas as combinações possíveis, até encontrar a certa!

E é assim, meio que no automático, que vivo inventando políticas públicas, das mais variadas! Assim como também as avalio, tirando o chapéu para umas, como o Programa Vai, e tendo vontade de jogar no lixo outras, como a recente mudança no tempo dos semáforos de SP que pode ter resultado exatamente o contrário do que pretende!

Mas tudo isso era só para dizer que... que não acho uma solução para a Virada Cultural de São Paulo.

Há poucas sensações tão boas quanto a de ver o centro da cidade transformado em uma espécie de parque, e ainda por cima, com muita, muita arte! - e com gente se reencantando, cantando, dançando, descansando nos gramados... 

Já vivi momentos inesquecíveis nas viradas desta cidade! No entanto, de uns anos para cá, há muitos espaços em que a virada do sábado para o domingo é de dar desgosto: além de ser muita, muita gente, são tantas pessoas bêbada, trêbadas, tanta fumaça de cigarro, cheiro de bebida, gente derrubada pelos cantos... que se tornou para os menos insensíveis algo realmente deprimente, quando não, assustador!

Nesta de 2013, pelos dados divulgados, foram em torno de 4 milhões de pessoas. Recorde de público, e também de problemas: 12 arrastões, 2 mortes e 1 senador (especialmente especial!) furtado. Não gosto do método "prático" (da direita em geral) de querer acabar com o problema acabando com tudo. Não mesmo.

Mas, por outro lado, se não houver uma avaliação e remodelação da Virada, a tendência é só piorar, tendo o índice de incidentes aumentado. Qual a solução? Gostaria de ter ao menos uma boa sugestão, mas ainda não a encontrei - e neste caso, acho que vou precisar pedir "a ajuda dos universitários".

De qualquer forma, quero aqui dividir o que vi e vivi hoje: fui com minha mãe e um amigo para o show do Renato Braz, no Pateo do Colégio (com o charme dos detalhes de todas as construções antigas ali em volta), já era noite, a lua brincava de se esconder entre os véus de núvens, a música era extremamente agradável, assim como o ambiente e as pessoas.

Mas me senti realmente presenteada, grata e perfeitamente contemplada por um momento: quando cantaram a música que segue, da qual sabia apenas o refrão, e ouvindo-a toda, percebi o quanto retrata exatamente este momento de vida: de reconhecer e não se culpar, mas sim, dar a volta por cima!



Chorei / não procurei esconder
Todos viram / fingiram
Pena de mim / não precisava
Ali onde eu chorei / qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei / quero ver quem dava
Um homem de moral / não fica no chão
Nem quer que mulher / lhe venha dar a mão
Reconhece a queda / e não desanima
Levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima!