sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Balanceando

Esse ano tá fácil. Fácil de fazer o balanço – que fique claro.

O melhor deste ano foi que acabou – e rápido! :)

Depois disso, posso dizer que vivi coisas que foram excelentes e me fizeram muito bem:

  • 1. as aulas de tango que me reestruturaram e orientaram a um dos maiores prazeres desta vida: o se entregar de corpo e alma à dança!
  • 2. as aulas de política (tanto do meu ex-orientador quanto do atual) que me envolveram e enriqueceram muito!
  • 3. as aulas de italiano que foram uma delícia!
  • 4. as aulas de capoeira que fizeram um bem danado!
  • 5. as oficinas de tinta ecológica e parede verde que nos proporcionaram a realização de um sonho: o Espaço de Convívio Verde – que cada dia fica mais lindo!

Todas essas coisas foram maravilhosas e fizeram com que um ano que realmente não foi fácil, valesse a pena.

Foi um ano de aprendizado, porque tive que aprender a lidar com a perda. Deixei de trabalhar com uma pessoa que admirava, respeitava e amava muito, onde encontrava empatia de idéias e compreensão, além de confiança e respaldo. Isso fez com que perdesse muito da motivação para com o trabalho, o que sempre foi algo essencial na minha vida. Perder a situação ideal é sempre muito difícil. Mas com tudo nesta vida a gente pode aprender: é só se atentar, respirar e não perder a cabeça.

E como se não fosse o suficiente o lado profissional estar abalado, o emocional também foi pro saco! Deixei o que hoje tenho a impressão de ser o grande amor da minha vida, passar. Pessoa que também admirava, respeitava, encontrava confiança e respaldo, além de ricos embates de idéias e muitas coisas mais... - e que eu tinha certeza que gostava de mim, mas... que decidiu casar com outra. Para que dizer mais, não é mesmo?

O amor não tem nada a ver com merecimento, se tivesse, já teria deixado de gostar dele há um bom tempo. Mas pelo menos a paixão já passou. O amor é mais sereno se comparado. É perene, mas não é tão desesperador e patológico quanto à paixão. Convivemos bem. Especialmente porque aprendi a me amar em primeiro lugar, não em segundo. Isso faz toda a diferença.

Acho que quis escrever isso pra deixar aqui, neste ano. O fato de andar feliz, não significa que minha vida seja só flores, significa que minha postura frente a ela - e ao inevitável, já que não podemos voltar atrás - mudou. Hoje quero que meu passado fique no seu devido lugar, dele só quero levar comigo o aprendizado e algumas boas lembranças.

Mas não me entendam mal. Vou ficar muito feliz se por ventura vier a encontrar minhas referências no futuro, o que não quero mais é ficar parada olhando para o passado querendo voltar e lamentando o que não foi. Isso não mais.

Aqui me despeço e sigo o meu caminho, hora andando, hora dançando; hora sorrindo, hora cantando...

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

Dito isto, só quero muito agradecer imensamente às pessoas-mestres que fizeram este ano ser também especial; às duas pessoas com que vivi e partilhei conquistas e momentos pra lá de especiais em 2009 e pequena parte de 2010; e aos meus mais que amigos que permaneceram ao meu lado nos momentos mais difíceis:

1. Adriana Nogueira, Julio Magalhães e Diego Santos
2. Rafael Araújo e Edison Nunes
3. Adriana Pitarello
4. Rui Takeguma, Daniel e Thiaguinho
5. Denise Mazeto
6. Soninha Francine e Rafael Leite
7. Maíra Moraes, Arthur Secco e Paula da Paz

Amo vocês do fundo, bem lá do fundo, do meu coraçãozinho! Foi muito bom compartilhar com vocês cada momento!

Obrigada mesmo, de coração! Contem comigo sempre!!! :´)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Seu Lourenço

Mas eu ia mesmo era contar do Seu Lourenço, não era?

Ao entrar no ônibus sentido Curitiba, não pude deixar de reparar no senhorzinho que ia ao meu lado. Senti vontade de fotografá-lo (e foi quando percebi que havia colocado na mochila o carregador de pilhas, mas não a máquina de fotografar), também adoraria desenhá-lo, mas como não o sei fazer, só me resta tentar descrever.

A figura basicamente chamava a atenção pela barba branca e a idade avançada, era baixinho e tinha um jeito um tanto clássico ao mesmo tempo que caipira, vestia uma roupa social simples e segurava o tempo todo o chapéu na mão, repousado no colo.

Quando dormia tinha a impressão de que respirava com dificuldade. No começo fiquei preocupada e até pensei em pedir que me avisasse se não se sentisse bem, mas logo acostumei. Afinal, o que poderia eu fazer?

As 9h da manhã quando voltamos da parada me apresentei e proseamos um tanto.

Estava decidido a deixar São Paulo onde teve uma loja por diversas vezes assaltada para voltar a morar em Curitiba.

Segundo contou, a mulher casou com outro e mandou matá-lo, mas não quis que a mãe dos filhos fosse presa. A perdoava e queria poder cuidá-la como sempre havia feito. Dizia que quando nos fazem o mal, devemos sempre retribuir com o bem. Também contava com orgulho do cuidado que tinha com os filhos.

Disse a ele que a passagem de avião estava muito barata, sugerindo que fizesse o trajeto desta forma, ao que me respondeu que da outra vez que foi de avião, houve dificuldades no pouso por uma das turbinas ter pegado fogo e, segundo contava, a gritaria da mulherada o havia perturbado tanto – mais do que o pouso e o fogo – que havia decidido não mais viajar de avião. Achei muita graça! A decisão, no entanto, parecia estar sendo revista considerando que em avião chegaríamos em 40 min, e não em 12 horas como estava acontecendo aquele dia por conta da estrada.

Depois de um tempo e várias conversas, decidi pegar o livro para estudar, procurando evitar que começasse a falar de sua religião e também que atrapalhássemos os demais a voltarem a dormir. Mas gostei muito da prosa. Figurássa o Seu Lourenço.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Viajando

Ê vida! Passa tão rápido que me perdi um cadinho e só no dia de viajar foi que me dei conta de que já era o dia. Ainda não tinha visto passagem, arrumado mala, avisado... Era como se não fosse viajar. Mas a hora era aquela!

Pesquisei passagem na net, vi que de avião só tinha pro dia 24, mas que chegava muito, muito rápido. A diferença de ida e volta era de R$ 55,00. Não é muito, mas não estou podendo deixar nem 10 passar quem dirá 55. Somando isso a possibilidade de greve e caos aéreo, resolvi ir de ônibus mesmo. Venci a preguiça que dava de arrumar tudo correndo, deixei um recado e me mandei.

Fiquei tensa achando que não chegaria com a antecedência necessária para retirar a passagem (40 min.), mas apesar da demora do trem o metrô foi rápido e cheguei bem em cima, ainda aflita por não ter imprimido o comprovante. No final das contas, foi tudo tão tranqüilo, de cara o moço não achou meu nome e preocupei um pouco, mas dando as informações da viajem logo me encontrou. Também não tinha ninguém olhando no relógio dizendo que lamentava, mas que eu tinha chegado antecedência de 39 min e não 40. Um monte de gente queria comprar passagem e não tinha mais. Fiquei aliviada de não ter desistido de comprar pela net. Depois de tudo isso, consegui relaxar de tal forma que nada mais poderia me estressar!

Não tinha uma lembrança muito boa de viajar pela Viação Cometa, pois tinha passado muito medo com as ultrapassagens arriscadas que havia visto (e vivido) uns bons anos atrás. Apesar disso, um tanto quanto receiosa, escolhi sentar na primeira poltrona pra poder ficar olhando a estrada. Para a minha surpresa, apesar do ônibus ser "convencional" (mais barato) era novo, bem estruturado e passava segurança. O motorista não dirigia feito doido, nem ficava "pescando" de sono – como vi uma vez acontecer na decida pra Santos. Outra coisa boa foi ver a estrada: não é mais como antes, agora a pista é dupla, as mãos são separadas e parece recém asfaltada.

Tudo quase perfeito, não fosse... a quantidade de caminhões na estrada. Simplesmente não podíamos andar. A primeira vez que paramos ficamos quase 3 horas sem sair do lugar. O motorista disse que era só por conta do movimento de caminhões (considerando que uns quebram, outros dormem no volante, etc), logo alguém disse que havia uma manifestação dos caminhoneiros, citada em determinado momento como rebelião, mas logo corrigida para protesto. Sei que só conseguimos chegar depois de 8h30 no meio do caminho onde descansamos um pouquinho. O restante da viajem seguiu normalmente, mas a viajem que deveria durar 6 horas, durou exatamente 12 horas.

Chegando, senti muita vontade de pegar um taxi. Não devia sair nada caro, mas como continuava sem poder gastar sem real necessidade, resolvi pegar o ônibus mesmo. Antes, porém, fiquei pensando no motorista que havia dobrado a jornada e conduzido a gente tão bem, e que ainda teria que retornar para São Paulo em seguida. Não me contive e apesar de achar R$ 4,50 muito caro por uma caixa de Biz, comprei e deixei lá pra ele em agradecimento. É verdade que somando isso ao valor da condução chegaria bem perto do valor do taxi, mas... não podia deixar de agradecer de alguma forma. Era uma real necessidade para mim. ;)

E eu não tenho jeito, minha irmã tem razão em dizer que escrevo demais! Comecei a escrever para contar do Seu Lourenço e acabei foi viajando na história da viajem! Mas logo mais conto mais! :)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Por que será…

que gosto de estar na Terra cada vez mais?


Não sei precisar com exatidão, mas me pergunto:

Em que outro lugar poderia ouvir música boa, com tantos detalhes, arranjos, melodias, com letras que nos tocam tanto? Em que outro lugar poderia dançar danças tão gostosas? Onde mais poderia ter o prazer divino de estar só ou então o divino prazer de estar com os amigos?

Onde mais teria o prazer de sentir um ventinho refrescante quando calor, ou o calorzinho do sol quando frio? O prazer de ouvir a chuva cair acompanhada da festa que a alegria dos pássaros faz... e do exuberante que ficam as plantas molhadas! Do prazer de sentir a maresia e do mergulhar nas águas, pisar a terra... de colher uma fruta qualquer ou uma flor, do detalhe especial que dão as estrelas, ou a lua... do ser capturado por uma imagem! ou um momento...

Do gostar, do compartilhar, do vibrar junto. Do querer, do conquistar, do se encantar... Do olhar, do cuidar, do dengar. Do curtir muito cada detalhe! Do dormir mais 5 minutos...

Do descobrir, entender, aprender. Do se identificar com uma dor, um sentimento ou um desejo. Do se perder no que faz aquele bem... incomensurável!

Do fascinante que é uma pessoa quando nos dispomos a conhecê-la de verdade! De como cada qual aprende e reage a sua forma às durezas da vida... e aprende a tirar algo de bom dela. Do lutar junto. Do abraçar, do matar a saudade!

Tem muitas outras coisas, mas só essas já são mais do que suficientes para querer acima de tudo cuidar muito bem desta Terra e de cada parte sua (incluindo-nos)! Assim como de procurar cuidar da vida, nos alimentando e nutrindo de coisas boas! :)

Como canta perfeitamente o Lenine:

Sete Artes e dez mandamentos
Só têm aqui
Cinco sentidos, terra, mar, firmamento
Só têm aqui
Essa coisa de riso e de festa
Só tem aqui
Baticum, ziriguidum, dois mil e um
Só tem aqui

E como complementa mais que perfeitamente a Zélia Duncan:

E é tão bom não ser divina
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu
E eu gosto de estar na terra cada vez mais

Estou de pleno acordo com ambos! E o prazer de ouvi-los é supremo! :)

Aliás, em que planeta tem solstício e eclipse como hoje? É tudo tão perfeito...

Faz sentido o que digo? Não estou dizendo que não há problemas, claro que há e são muitos. E por isso, inclusive, de tédio nunca poderemos reclamar: sempre haverá trabalho (que não precisa ser tortura, mas empenho por desejo) para manter, multiplicar e compartilhar todas as coisas boas que temos!

A vida não é nem de longe só isso que nos acostumamos a fazer todos os dias!

Bóra desfrutar, aproveitar e melhorar o que não tá bom? Que tal? Quem vem comigo? ´:)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Rotas e Ratos – Ratos e Rotas

Sonhei que estava em um evento desses de dias, em que temos que ficar em quartos com mais pessoas. Estava entre amigos e queríamos ir embora. Quando resolvemos fazê-lo fiquei por último para verificar se haviam levado tudo, e sim, estava tudo ok, mas com isso me atrasei e fui correndo pegar o ônibus de viajem de dois andares que nos aguardava. Estávamos no máximo em oito. Fiquei na parte de baixo descansando a corrida e quando resolvi subir pro andar onde estariam meus amigos, já não havia mais segundo andar. Eu estava em um carro pequeno com um motorista só, que depois de um tempo parou em um posto e pude perceber que havia algo errado: devia ter acontecido alguma confusão, pois ele estava me levando para a zona norte e o ônibus com meus companheiros ia para a zona sul, para onde eu tinha que ir. Não parecia São Paulo, talvez Rio... mas fiquei com dó do motorista, pois parecia que tinham definido que faria aquela rota porque era caminho de sua casa.

É muito doido como os sonhos criam uma história só com tantas coisas que nos preocupam, coisas que às vezes nem comentamos com ninguém, mas que de uma forma ou de outra, nos atormentam. Como se fossem gotas invisíveis que ao fim, criam una tormenta.

Uma coisa que achei legal no sonho é que em uma das salas do espaço havia um grupo de uma escola de samba ensaiando e eles usavam os potinhos de Yakult para colocar dentro de um instrumento grande... Preciso dizer que adoro leite fermentado, mas me incomodo profundamente cada vez que jogo mais um potinho desses no lixo? rs

Na sexta tive que "usar" um motorista da sub às 5h da tarde, quando já estava indo embora, me senti mal com isso, mas precisava do carro para resolver um pepino de última hora... sempre me incomoda quando não posso de alguma forma colaborar com eles, assim como me incomoda a idéia de ficar pra traz, ou de chegar a usarmos de um ônibus mega chik para 8 pessoas... ou a possibilidade de acabar indo para sentido contrário ao que vão os meus - mais que tudo!

Também sonhei que havia ratos em minha casa. Iam aparecendo mais e caminhavam para fora por um caminho que havia por cima da janela da sala que terminava em um buraco grande e quadrado, bem acabado, que dava para a varanda.

Detestei lembrar do sonho por toda a simbologia que nem sei direito qual é, mas que não deve ser coisa boa. Agora escrevendo me dei conta de que estavam indo para fora, o que talvez seja bom...

Certo é que, ao sair na varanda pela manhã, me deparei com um rato morto. Apesar de extremamente incomodada com a situação, me senti aliviada por outro lado. Como cuidada, sabe?

Felizmente a Maíra estava comigo e salvou minha pátria retirando o animal sem vida. ´: j

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Tempo, tempo, tempo

Queria escrever algo, mas tudo o que me ocorre despenderia mais tempo do que o que disponho... Será que um dia vou me relacionar melhor com o tempo, por que será que ele nunca chega? Nunca é suficiente! :(

Uma hora vou descobrir seu segredo!

Ai tempo! Quem foi que te esquadrinhou?!! E ainda por cima dividiu tão mal!
Vou criar uma campanha contra a distribuição desigual de tempo!
Adoro trabalhar, mas também preciso criar, estudar, dançar, cantar... e cuidar da casa, me alimentar, cuidar... visitar os amigos, contatar a família, organizar os papeis de todo tipo, cozinhar, navegar, viajar, descansar... como faz caber tudo com tamanha desigualdade???

Já parei de pirar por não dar conta, mas de repente percebo que o ano acabou e ainda tenho tanto por fazer... são pendências e mais pendências!

É sei não como fazer... mas de uma coisa eu sei: abrir mão de dançar e estar com amigos é o que não vou mesmo fazer! Preciso demais tanto de uma coisa quanto de outra... e certamente mantendo essas coisas que me fazem muito bem, as outras vou ir dando um jeito, uma a uma até diminuir a ponto de não mais me incomodar!

Ainda queria fazer outras coisas hoje, mas o sono está batendo e amanhã o dia vai ser puxado... então, boa sorte pra nós! Que saibamos priorizar a coisa certa na hora certa! :)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Preta branca de olhos coloridos?

Os meus olhos coloridos
Me fazem refletir
Eu estou sempre na minha
E não posso mais fugir...

Meu cabelo enrolado
Todos querem imitar
Eles estão baratinado
Também querem enrolar...

Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...

A verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará, sarará
Sarará, sarará
Sarará crioulo...

Comecei a cantar essa música - que gosto muito - lembrando de um amigo que ria da minha risada que dizia ser ridícula (por sinal muito parecida com a do meu irmão)... daí lembrei que quando vim morar em São Paulo uma amiga me chamava de "preta branca", pois apesar de toda minha branquelisse, o meu cabelo (felizmente) não me permite esconder algo do qual só tenho verdadeiramente orgulho.

Daí fiquei pensando na minha trisavó com sua carta de alforria, nas dificuldades desse povo tão lindo, mas também e principalmente nas coisas boas! Quantas coisas maravilhosas que temos em nossas culturas não tem origem negra? Muitas, não?

Então, apesar de 20 de novembro (feriado da consciência negra para quem não sabe) já ter passado, fica registrado aqui meu singelo e sincero agradecimento! - pela força e pelas muitas coisas boas! :´)

sábado, 13 de novembro de 2010

CHOVE - de novo?

Ai córação, dei-me um time!
(com o sutaque do Fabinho, meu céarence prediléto!) :)

Chove dentro de mim
Cobre todo o jardim...


Chove (agora na voz do meu irmão, na gravação do CD que sai do forno em alguns dias) também ficou de se acabar de... deixa pra lá. Ficou linda demais!

Só não descobri ainda como ouvir essa música sem ficar com o coraçãozinho tão zinho, tão parecendo uma uva passa, ou assim, como se estivesse cortado ao meio... e sendo desinfetado com cachaça!

Mas tem nada não. Como canta o Paulinho Moska:

Meu corpo vai sobreviver mesmo estando ferido
E até na hora de morrer eu não vou me dar por vencido!

Mas a chuva é tão necessária quanto o sol e não vou deixar meu jardim alagar! Vou cantar e dançar até amanhecer, até nascer um novo sol que vai brilhar tanto quanto brilhou o antes da chuva, que vai secar o que tiver que secar, que vai fazer os mares e a lua de novo brilharem, que vai aquecer sempre e com cuidado, na medida pra manter o meu jardim sempre florido! :´)

sábado, 6 de novembro de 2010

Florindo (Mariana Aydar)

Por que você chora tanto
E sofre sem ter motivo?
Vai, deixa todo esse rancor pra trás
Que a vida vem sorrindo pra nós dois

Que bom ver você florindo
Desperta, cheia de luz e de verdade
Deixa fugir do seu peito
Essas marcas de um passado que só vão te magoar

Por que você chora tanto
E sofre sem ter motivo?
Vai, deixa todo esse rancor pra trás
Que a vida vem sorrindo pra nós dois

Que bom ver você sorrindo
Desperta, cheia de luz e de verdade
Deixa fugir do seu peito
Essas marcas de um passado que só vão te magoar

Paixão,

Quem quer viver bem no presente encontra o seu lugar
Seu lugar nos braços do sossego
Enquanto uns dizem que o tempo não pára
Outros dizem que o tempo
Não passa de ilusão, ilusão

Deixa estar, que a vida é mais sábia
Cada coisa tem seu tempo
E esses pensamentos
Não passam de nuvem rasa
E todo esse sofrimento
Não pertence à sua casa
Cesso esse tormento,
Enxugo todo seu pranto
Com a força e com o sentimento
Que carrego no meu canto




Assim seja, assim é e assim será! :)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sonho-acordada?

Obrigada minha mãe! Obrigada meu pai!

Obrigada, obrigada, obrigada!

Obrigada pela minha sobrinha, pelos meus amigos, por tantas pessoas tão especiais!

Obrigada por cada momento, por cada sentimento.

Obrigada pelas emoções, pelas sensações, pelas canções...

Obrigada por cada pedacinho deste mundo tão, tão especial!

Pelo caminhar, pelo dançar, pelo sonhar... e até pelo chorar! Obrigada!

Por cada olhar.

Obrigada.

Pelo res-pirar – res-pirar – res-pirar.

E por toda essa porcada!

:´)

Tango!!!



Meus professores de tango estão entre os finalistas do II Campeonato de Tango Salão de São Paulo!!! São excelentes professores e excelentes dançarinos!!! Estou muito orgulhosa e feliz por eles! :)

O tango é uma das coisas que mais me faz bem nos dias de hoje! Só quem dança pode ter uma noção do quanto é bom! Aliás, todo mundo devia dançar algo! - assim o mundo certamente seria muito melhor!!! :D

domingo, 10 de outubro de 2010

Lapa – meu novo velho bairro!

Neste 12 de outubro o bairro da Lapa completa 420 anos. Sua história, portanto, remete aos primórdios do povoamento de São Paulo de Piratininga. Segundo registros*

a primeira notícia da região é de 1561 quando os jesuítas receberam a sesmaria junto ao rio Embiaçaba, depois chamado Pinheiros. Embiaçaba, Ambiançava, Umbiaçava e variações, de origem Tupi, significa "lugar por onde passa" e designou durante três séculos a região lapeana. A então paragem de Emboaçava, no século XVI, se limitava com os campos de Piratininga (altura do Pacaembu), Aldeia de Pinheiros, Jaraguá (que compreendia Pirituba e Freguesia do Ó) e campos de Carapicuíba na altura do município de Osasco. O povoamento disperso, com sítios e fazendas, se fez lentamente a partir da construção de uma "fortaleza" para a defesa da Vila de São Paulo, situada além do rio Pinheiros, em 1590. Conservou, porém, o número reduzido de habitantes durante muito tempo. Entre os imóveis da Emboaçava, a partir de meados do século XVIII, destacou-se a "fazendinha da Lapa", assim denominada pelos padres da Lapa, pelo fato de a terem recebido em doação sob a "condição de se cantar uma missa cada ano à Virgem Santíssima, com o título da Lapa". Limita-se com os sítios: Água Branca, Mandi, Emboaçava e Tabatinguá. A sede – engenho e ermida da Lapa – localiza-se no caminho de Jundiaí, junto de um valo (ponto hoje designado pela avenida Brigadeiro Galvão Peixoto, aproximadamente nos arredores da avenida Mercedes e da rua Guararapes). Devido, porém, ser muito acidentado o terreno e por falta de mão-de-obra, decidiram os religiosos trocá-la no ano de 1743 com outra propriedade situada na baixada santista. Em 1765, toda a paragem de Emboaçava continha apenas cinco casas com trinta e um habitantes, sendo treze homens e dezoito mulheres.

A região da Lapa foi caminho de tropas, fazendo jus ao nome "Emboaçava" servindo como local de passagem. Por conta do rio e dessa passagem aos poucos a região foi sendo povoada por alguns agricultores (em sua maioria imigrantes italianos), pelos operários das olarias (que se beneficiavam do barro que era propício para a fabricação de tijolos) e das ferrovias (São Paulo Railway e Sorocabana). Posteriormente outras fábricas se estabeleceram na região, o que aumentou o número de habitantes e atraiu o comércio.

Em 1896 é fundada a Cia. Vidraçaria Santa Marina; em 1900 começam a funcionar as Oficinas da S.P.R. ; depois implantam-se a Cia. Mecânica Importadora (fabricando tubos e outros produtos de cerâmica), o curtume, a Martins Ferreira (na década de 10 fabricando produtos de metalurgia), a Fábrica de Tecidos e Bordados Lapa (1913), a fábrica de louças Santa Catarina (1912), a Fundição Mecânica F. Bonaldi e Cia. (1918), a Fiat Lux, a Cia. Melhoramentos, o frigorífico Armour (1919), a Metalúrgica Albion (1922), a fábrica de enxadas e implementos agrícolas Tupy (1923), as serrarias entre as estações da Água Branca e Lapa (como a Lamerião), além de outras.

A Lapa tem uma história rica, marcada pela luta dos trabalhadores por direitos, pela Cooperativa criada para dar suporte aos trabalhadores acidentados ou impedidos de trabalhar por doença, a reivindicação por transporte (do bonde, às jardineiras e ônibus), os diversos jornais de bairro. Mas também abrilhantam sua história a Banda Operária da Lapa, os cinemas e teatros, o carnaval, os piqueniques de final de semana e o futebol de várzea.

Os piqueniques aconteciam no Pico do Jaraguá; na Chácara do Major Paladino, atual Vila dos Remédios; na chácara do Salgado, atual cemitério da Lapa; ou ainda no rio Tietê, quando em pequemos barcos o pessoal saía rio acima. Nesses passeios, os trabalhadores encontravam-se e, com suas famílias, divertiam-se, dançavam, relembravam a terra natal e discutiam a política e o trabalho.

O futebol de várzea na Lapa nasce logo nos primeiros anos do século XIX. Cada time, com poucas exceções, possuía seu próprio campo, que se localizava, em sua maioria, na Lapa de Baixo, Vila Romana e algumas outras áreas desocupadas. O futebol de várzea era a grande sensação dos domingos ensolarados.

A maioria dos campos de futebol, porém, foi loteada. Construíram-se edifícios neles, como continuam sendo construídos em diversos outros locais, tornando-se permanente a problemática do número excessivo de habitantes. Mas quem não gostaria de morar na Lapa? Um bairro histórico, bem localizado, bem servido de transporte e demais serviços e que ainda possuí muitos moradores orgulhosos de seu bairro, preocupados em cuidá-lo e buscar-lhe melhorias – o que faz com que a Lapa tenda a ser cada vez melhor!

Assim, agradeço e parabenizo a todos os lapeanos e ao bairro da Lapa – lugar pelo qual me apaixonei e do qual tenho muito orgulho de morar e trabalhar por!

:)

*Referência e citações: LAPA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA. Registros 12. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Departamento do Patrimônio Histórico – DPH. 1988.

** Publicado em vivalapa.wordpress.com

domingo, 3 de outubro de 2010

Um FDS + Q Especial – parte III


Foi muito bom encontrar pessoas com quem caminhei como o Toninho Poeta e o Luan Luando - pessoa com quem tinha pouco contato, mas que sempre admirei muito! O Luan escreve muito bem. Sempre me impressionam suas poesias! É negro, pobre, deficiente e de uma sensibilidade e brilho nos olhos que não tem igual. Sempre alegre e pra cima! Este ano perdeu a mãe e eu simplesmente não soube o que dizer, mas desejei muito que fosse iluminado e ficasse bem. E esse ser iluminado que às vezes mais parece um Erê, foi quem me acompanhou a caminhada praticamente inteira. :)

O caminho era quase todo aquele breu. Como a noite estava nublada, a lua não nos iluminava. Mas o céu era o lugar para onde sempre olhávamos por ser o ponto mais claro, onde se podia enxergar algo. E o que mais se enxergava e fascinava era o contraste das folhas das árvores no branco do céu.

A estradinha era de terra. Era uma delicia, mas as subidas e decidas acompanhadas de seus buracos e pedras que não podíamos ver pela falta de iluminação dificultavam um tanto a caminhada. Obstáculo este que pude superar facilmente dando o braço para o Luan: assim, qualquer buraco, pedra ou escorregão inesperado era algo de pouca importância já que contava com o apoio que me dava a segurança de não cair e me esborrachar, assim como ele podia dispor dessa mesma segurança. Isso certamente fez com que eu pudesse aproveitar muito mais a caminhada.

Fomos conversando baixinho a maior parte do tempo. Em determinado momento pedi que me deixasse ficar quieta um pouco, o que coincidiu com o momento em que a garoa aumentava e pudemos ouvir uma festa de sapos, grilos e outros bichinhos cantando. Muito legal!

Eu caminhava e sentia que minha alma flutuava quando respirava o ar úmido com cheiro de terra, de mato, de eucalipto. Era bom demais, demais! Ia gastando a energia velha e me enchendo de energia nova. Queria caminhar sem parar até que não sobrasse nada que eu não quisesse mais!

Apesar das boas sensações, o desafio, a escuridão e o cansaço faziam com que me sentisse em plena provação. Mas foi uma provação boa, porque precisava demais me esvaziar, precisava demais lavar a alma e foi isso que a chuva terminou de fazer no final da madrugada. Caminhamos em baixo de uma chuva forte, que ia encharcando pelas beiradas, enquanto não encontrava uma brecha no que era impermeável.

A chuva estiou e o dia amanheceu. Percebi que passamos a olhar para o chão já iluminado. Não precisávamos mais ficar de braços dados. Podíamos andar mais rápido separados, mas também não havia necessidade de olhar constantemente para o chão. Procurava lembrar disso e não deixar de ver o céu e a mata iluminada, mesmo que isso também significasse ver propaganda de políticos e lixo no chão apesar de todo o afastamento.

Depois de aproximadamente três horas e meia chegamos à Vila onde estavam estacionados os carros. Já era dia, estávamos cansados, molhados e começando a ficar gelados por conta da roupa. Ainda faltavam duas horas de caminhada até chegarmos à cidade em São Lourenço da Serra, mas todos concordaram em parar por ali.

É difícil todos aceitarem parar antes do ponto traçado como reta final porque nos apegamos ao não desistir, ir até o fim, cumprir, superar o desafio. Mas já tínhamos aproveitado bem o caminho e continuar só nos desgastaria, machucaria e talvez até deixasse doente. Então foi prudente e sensato parar antes. Saber a hora de parar e respeitar nossos limites também é algo essencial para a vida e às vezes é a melhor coisa.

Vivi. Tive uma experiência sem igual. Curti, aprendi, me encantei, deixei, superei, resisti e terminei. Porque as coisas precisam terminar para que outras possam começar. Mas nunca vou esquecer o que vivi. Nunca vou esquecer esse caminho escuro, duro e encantador. Ele agora faz parte de mim e me enriquece e engrandece.

sábado, 2 de outubro de 2010

Um FDS + Q Especial – parte II


Estava super ansiosa de pensar em participar da caminhada da Lua Cheia que aconteceria naquela noite pelas bandas do Embu das Artes, pois além de poder caminhar ia poder encontrar o povo do Donde Miras. Antes, no entanto, não pude deixar de ir prestigiar os amigos na Biblioteca Alceu Amoroso de Lima em Pinheiros. Apesar da dificuldade para entrar por ter chegado com a casa lotada e ter perdido mais uma vez a apresentação do Baltazar com o Preto Soul, ainda deu para ver inteira a apresentação dos meninos, digo, de Zinho Trindade e o Legado de Solano.


Foi lindo demais! O som estava perfeito e o Zinho tem uma energia contagiante que só ele. Iluminado no palco, cantando todo de branco, honrando a história e trajetória do seu avô, parece até uma divindade. De pensar que essa pessoa tão espetacular quase se perdeu nas drogas quando muleque e que hoje distribui tanta beleza, alegria e energia às pessoas... é de se emocionar. Senti vontade de viver a vida toda entre essa energia e essas pessoas que admiro e amo tanto! Assisti aos "meus meninos" (somando o Manu e o Sandro Lima) com um sentimento imenso de gratidão aos deuses e a todos que colaboraram para que estivessem ali – maravilhosamente bem!

Terminado o show eu estava de alma alimentada, pronta para a caminhada! Mas... para a minha surpresa e desespero não encontrava o Baltazar, o Zinho não ia e o Manu que tinha colocado toda uma pilha também já não sabia. A concentração era às 22h no Bar do Binho, nos confins da Zona Sul, não tinha como chegar indo de ônibus. Voltei para casa triste demais... (o que o Mané fez não se faz)*, esperei o ônibus com um nó atravessado na garganta, puta da vida, olhando pra cima para não deixar que as lágrimas que vinham caíssem. Voltei pirando nas idéias, me perguntando se aquela que pensava que era uma família eu realmente podia dizer que também era minha, se eu realmente era bem vinda, se realmente pertencia àquele mundo que tanto me encantava...

Entrei em casa e soltei as lágrimas presas. O Arthur estava na sala e não tinha nem como disfarçar. Perguntou o que havia acontecido e no que expliquei que havia ficado sem carona ele se prontificou a me levar. Eu disse que já era tarde e que não era necessário, que eu já havia perdido o clima e tal, mas ele insistiu que eu ligasse. Liguei e apesar de ser meia noite, o povo ainda estava na concentração. Peguei as coordenadas e fui direto para o ponto de saída: um lugar na BR no meio do nada, num breu total. Quando cheguei ainda estavam saindo do Campo Limpo e por conta do breu voltei boa parte do caminho para encontrá-los em outro lugar.

Chegamos ao ponto de saída com três carros e ainda esperamos um bom tempo outros dois chegarem. Enquanto esperava me incomodava com o barulho, o cigarro e a bebida de boa parte das pessoas, várias que não conhecia. Claro que fiquei me perguntando se deveria ter insistido tanto para ir, se não teria sido melhor ter ficado em casa. Mas antes de começarmos a caminhar fizemos uma roda e procuramos pedir que houvesse uma relação de respeito com o local, que se tentasse deixar a cidade na cidade e que se procurasse pelo menos por um tempo caminhar em silêncio. Com exceção de uma pessoa que se ofendeu com o que eu disse e fez questão de demonstrar que não estava nem aí, todas as outras procuraram, ao menos por um tempo e dentro do que a condição alcoólica permitia, acatar o sugerido. :)


quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Um FDS + Q Especial – parte I

A sexta-feira estava chuvosa e fria. Perfeita para se ficar em casa no sofá assistindo filme ou dormindo. Mas... apesar do sono, não eram esses meus planos, pois meu irmão tocava no centro e eu não perderia por nada do mundo! Se há alguém que sinto que entende minha alma, mesmo sem saber, esse alguém é meu irmão por meio de sua produção artística.

Foi num espaço pequeno e muito gostoso e fui com uma pessoa do trabalho que pareceu ter gostado muito. Eu simplesmente amei. Foi lindo, lindo demais. O Gunnar dividiu o palco com a Aline Reis com sua sanfona mágica (no improviso, pois por conta da chuva não deu tempo de ensaiarem) e com a Paula e a Luca nos vocais. E olha, não foi só eu que gostei não. Todo mundo ficou meio zonzo e fizemos eles repetirem três músicas no bis!

A Paula, pessoa que simplesmente amo, que é amiga há mais de 13 anos, além de ser mãe da coisa mais linda do mundo e por conseguinte eterna cunhada, é minha irmã de alma. A gente se compreende no simples olhar, mesmo que fiquemos dias sem falar, o que acontece com freqüência pela incompatibilidade de agendas.

Mas na sexta depois de pegarmos o finalzinho do lançamento do livro do Zinho Trindade ela veio para minha casa e no sábado pela manhã depois de um longo café, fomos caminhando até o Parque da Água Branca, onde pinduramos com o Paulo Cabreira (pessoa fantástica que toca a Demétria em Botucatu na produção de produtos orgânicos e biodinâmicos) alguns pães, frutas, chás e um sorvete orgânico que fazem que é sensacional! Fez um bem pro meu coração que não tem igual! Bom demais juntar tanta coisa boa em um mesmo momento!

E o final de semana estava só começando. Ainda peguei a rabeira do treino de capoeira, cheguei em casa e tinha almoço pronto, comi, lezei (como sempre) e descansei um pouco. Apesar de ter perdido a hora ainda peguei a rabeira da oficina de Tango. Em seguida fui para uma festa organizada pelo Núcleo de Ação Local da Vila Romana, que não podia deixar de ir tanto por ser da subprefeitura e dever marcar presença, quanto por ser vizinha e querer conhecer meus vizinhos, estreitar relações e colaborar no que for possível.


Lá encontrei antigos e futuros parceiros de trabalho e pude contar com a companhia da Maíra - outra parte de mim, de compreensão e identificação profunda, que tenho o maior orgulho, admiração e carinho - com sua mãe e seu irmão. Mas não pude me demorar... (continua)

domingo, 26 de setembro de 2010

CHOVE

Lembram que coloquei a letra de Chove alguns posts abaixo?

Olha isso! (Ficou sensacional!!!:)




Essa interpretação eu não conhecia, mas era exatamente a que cabia - e confesso, às vezes ainda cabe - perfeitamente em mim, tomando conta e revirando tudo por dentro!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Que seja muito bem vinda!


Reuni os amigos no final de semana e isso fez toda a diferença. Voltei a me sentir bem, como há muito não sentia! Não há nada no mundo como os amigos!!! E como eu estava precisando lembrar que existe um mundo lá fora cheio de gente muito especial! :)

Por mais que a gente diga que não se importa, se importa sim - e muito. É péssimo não se sentir bem vindo, assim como é maravilhoso se sentir querido e amado! – certamente é uma das coisas que mais alimenta...

Nada é perfeito, mas estou muito feliz com a casa, o trabalho, amigos e... eu mesma! :)

Como é a semana da entrada da primavera, estamos fazendo arte e está muito gostoso! Plantamos, pintamos e ainda vamos fazer mais coisas, espia só:

E voltando para casa ainda fui surpreendida com o seguinte presente – que não se compara ao original, mas vá lá:

Cada dia mais percebo e reconheço a complexidade e especialidade de cada momento e detalhe da vida! Ela é sensacional demais!

Como canta o Gilberto Gil... "se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais!"

Que venham as flores, seu cheiros, gostos, temperos, sabores, cores!!! :)

sábado, 18 de setembro de 2010

Il Amore

Sou extremamente orgulhosa e sempre quis ser independente. Se me faz, portanto, muito difícil assumir certas coisas. E quando as coisas não saem como a gente quer, tudo o que queremos é que terminem logo.

Minha mãe me ensinou que a paixão dura 18 meses – cientificamente comprovado segundo ela. O que quando ouvi pela primeira vez me pareceu um grande absurdo, com o passar dos anos e das paixões percebi que fazia total sentido.

Já conhecendo o caminho, no último caso, depois de uns 13 meses, já desiludida, contei o que faltava e disse que faria uma festa quando se completassem os 18, já que finalmente me veria livre daquele sentimento que não me deixava.

O que não esperava era que, passados os 18 meses, sentisse algo muito pequeno se apagar e algo muito maior se fortalecer. Não havia mais tanta dor e desespero, mas... descobri que não valera de nada tudo o que aquela pessoa havia feito para me decepcionar, pois se estabelecia, como se estivesse em sua casa, a certeza de que simplesmente amava aquele ser humano.

O que fazemos quando queremos que algo acabe e esse algo, além de estar dentro de você sem que você o queira, se recusa a sair ou acabar? Pois é, o meu amor empacou.

Perguntei ao meu terapeuta se era uma doença e ele me respondeu que não sabia se era uma doença, mas que era certo que estava me deixando doente.

Não sabia que a tristeza baixa a imunidade. Depois de duas semanas semi-doente cheguei à conclusão que precisava algo. Talvez... uma benzedeira?

A verdade é que não sei mais o que fazer. Às vezes me sinto como uma criança que está longe dos pais e precisa o tempo todo ser distraída para não notar a falta e começar a chorar.

Faço mestrado, capoiera, tango, italiano e agora quero trabalhar com massagem, voltar a dar aulas de espanhol, dar oficinas... fico procurando desesperadamente o que me faça bem, o que faça eu me sentir mais viva.

E com tantas coisas boas, me entristeço com minha falta de vontade, com perceber que nada me basta. Apesar de me fazerem bem, não passam de subterfúgios e nenhum deles será capaz de substituir o amor que seria como ter o sol brilhando todos os dias dentro de mim.

Quero simplesmente aceitar que não posso ter tudo. Que amo e isso pode ser suficiente. Que preciso desistir definitivamente. Que posso soltar isso e deixar o rio levar e talvez o mar destruir... Quero aprender a conviver com isso sem que isso me faça mal, sabe?

E como não sei mais o que fazer, trago isso a público, na singela esperança de que dividindo isso venha a diminuir ou quem sabe até se diluir...

:´)

ps: Será que contei errado?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Chuvas

E finda nosso feriado prolongado. Que foi muito bom, mas passou muito rápido - como não?
A semana passada foi pesada com aquele ar seco e um resfriado que não me largava...

Mas o tango tem feito com que meus finais de semana sejam ansiosamente esperados, assim como as horas dançadas muito bem... saboreadas! Ele é o chocolate da semana e sempre deixa aquele gostinho de quero mais. :)

Final de domingo passei muito mal: quase não conseguia enxergar, tive muita dor de cabeça e dor nos olhos além de um pouco de ânsia. Ainda não sei bem ao certo o que tive, mas pode ter sido um alteração na pressão do olhos (coisa que nem sabia que existia até participar de uma campanha contra o glaucoma o ano passsado)...

Sei que por conta disso acabei descansando mais do que pretendia e, por conseguinte, fazendo menos do que havia programado. Mas tudo bem. Foi por uma justa causa. As postagens e e-mails pendentes ficarão, mais uma vez, para um outro momento. Mas chegaremos lá! ;)

Fiquei feliz que consegui dar uma outra cara para minha sala, e agora sinto uma satisfação imensa cada vez que olho para ela e a vejo assim tão linda! :)

Também tenho ficado satisfeita com o simples fato de ver as coisas, e até tenho a impressão de estar enxergando melhor! Acho que por conta do susto de domingo, tenho reparado mais nas coisas, cores, contornos... como é bom poder enxergar bem! Parece tão simples, mas é tão complexo - e quase não nos damos conta!

Outra felicidade trazida por outro fator que parece simples: a chuva! Como fiquei feliz de ver a chuva!!! Levantei, abri a janela e percebi que ainda não tinha visto a chuva naquela casa. Que delícia fechar os olhos e sentir seu cheiro, seu ar, seu barulho... e o alívio que dá!

Hoje vim para a casa do meu pai, fazia tanto tempo que não vinha... tão bom sentar na mesa e conversar um pouco, ouvir o meu irmão ensaiando, cumprimentar os que entram e saem... estava precisando de uma dose disto aqui!

E falando em música e chuva, encontrei algo aqui que encaixou tão perfeitamente dentro de mim! Queria pudessem ouvir a música, mas como ainda não está gravada... vai só a letra por enquanto:

Chove (Gunnar Vargas)
Chove dentro de mim
Cobre todo jardim
Flores e um bem te vi

Ri da tua ausência
Ri dessa esperança
Ri dessa criança
Que espera acordada a chegada de ti

Se eu pudesse eu deixava a lembrança apagar por inteiro
Seu cheiro eu trocava por outro tempero
Suas roupas rasgava, pintava em vermelho
O tapete branco que você deixou
Negava o tanto que você quebrou
Queimava o livro que você parou

Corre longe daqui
Lendas feitas por ti
De que chegou ao fim
Li nas suas cartas
Vi nas suas costas
Marcas de outras unhas
Que sem piedade te arrancaram de mim

...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Gerundiando

Estou cá, ainda arrumando minhas coisas no meu novo espaço (que não é só meu, nem tão novo)... Acostumando a morar com mais gente... Acompanhando o namoro da minha gata com um gato vizinho... Curtindo ter uma varanda para as minhas plantas... Aprendendo a controlar minhas bagunças e a não me incomodar com as alheias...

Estou bem feliz com o resultado de minha loucura. Achei que esse processo seria mais difícil, mas não foi. Foi duro sim deixar meu AP, mas gosto tanto daqui que estou me adaptando super rápido! E tenho que agradecer poder morar com duas pessoas tão especiais e tranqüilas, com as quais me sinto muito bem. Sou uma pessoa de muita sorte - definitivamente. :)

Apesar de ter coisas acumuladas que preciso parar para escrever, tenho tanto a arrumar e descansar, que até agora não tinha parado para escrever nada. Também tenho entrado pouco na net, por falta de tempo e vontade. Já tive o retorno do artigo que consegui entregar na semana anterior (que me tomou boa parte das noites de julho e agosto): a professora disse com todas as letras que não gostou, me pediu para repensar e, bom, pelo menos me deu um novo prazo. Eu tinha gostado do artigo, mas tudo bem. Posso fazer melhor sim. Mas agora é ele que vai ter de esperar eu escrever as coisas que esperaram eu o terminar.

É péssimo deixar para escrever depois o que se tem impulso de escrever em determinado momento ou até época, e por isso já peço desculpas de antemão, caso os próximos posts pareçam ter perdido o calor do momento.

E escrevi tudo isso só para dizer que vou escrever depois?

Ah, não só. Também para justificar a demora e contar que está tudo caminhando bem. E que se fico triste e ou mal humorada como fiquei na semana que passou, é por pura tolice – e muito cansaço, vá lá. Mas já estou procurando não me deixar abater tanto! ´:)

(domingo, ainda sem conexão)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Términos e mudanças

Depois de uma semana mal dormida e praticamente duas noites em claro, finalmente consegui entregar o artigo que estava devendo na PUC e aproveitei para trancar minha matrícula. Tudo que queria era poder dormir e descansar,mas tinha que terminar minha mudança. Sim, não deu tempo de contar, mas resolvi me mudar.

Quase todas as vezes que ia à casa do Arthur, que trabalha comigo e tem sido um super amigo, ficava pensando que queria ter um apartamento daquele jeito: simples, mas com dois quartos, dois banheiros, varanda e área de serviço. Não era algo que eu queria desesperadamente, que não podia viver sem. Era algo que namorava... me imaginava tendo um cantinho para mexer com madeiras e tintas – coisa que amo, mas há muito não faço.

De repente algo que só imaginava que um dia fosse possível estava a minha frente: os filhos do Arthur iam viajar e ele me ofereceu dividir o AP. Além de todo aquele encanto que já possuía, mais duas coisas pesaram: poder morar do lado do trabalho – e da dança – e poder reduzir custos em um momento que preciso muito fazer isso para voltar para a PUC e terminar meu mestrado. Apesar de estar acostumada a morar sozinha, era exatamente o que precisava.

Hoje, no entanto, após passar naquela casa que não parece ter nada a ver comigo e de encontrar a minha casinha sendo desmontada, me bateu uma aperto no peito. Como poderia deixar esse lugar tão meu? Lugar em que vivi coisas boas, mas que principalmente, foi minha base, meio apoio, meu aconchego, que de certa forma, fez com que os momentos difíceis fossem suportáveis. Somos cúmplices. Partilhamos a mesma energia e demoramos tanto para chegar a este ponto de equilíbrio. Como posso abrir mão de tudo isso de uma hora pra outra?

Não queria sair da minha casa, do lugar em que me sinto segura e protegida. Sinto medo de ir, ao mesmo tempo em que sei que estou buscando algo melhor, que no começo poderá ser difícil, mas que aos poucos, aquele lugar será tão meu quanto este, aliás, tem tudo para ser muito melhor!

Amo meu ovo-casa-casulo, mas vou. Vou com o coração partido, mas com a certeza de que vão cuidar bem desse meu pedaço, que sempre será um pedaço meu a ser lembrado com carinho. Vou porque aprendi que as oportunidades são escassas. Vou porque decidi que não quero viver arrependida do que não fiz. Vou com receio, com dúvidas e incertezas, mas vou porque há algo que me diz vá, pois só vencendo tudo isso poderei ser realmente feliz!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Guardando gritos

Minha alma se sente presa querendo se expressar e sendo obrigada a deixar tudo pra depois pra que eu possa fazer as coisas atrasadas das matérias do mestrado que ainda preciso entregar! Não é algo que eu não suporte fazer. O que não tenho suportado é ter que fazer isso no tempo em que gostaria de estar descansando ou curtindo ou que poderia estar arrumando a casa ou escrevendo coisas que tenho necessidade de dizer, explicar, dividir...

Mesmo quando decido descansar, não consigo relaxar pensando em tudo que tenho que fazer, daí nem descanso, nem resolvo nada e mais me revolto pelo corpo não corresponder, não ter a disposição necessária para eu sair desse ciclo torturante! Nesta semana os barulhos parecia que me agrediam e fiquei muito mais irritada com eles do que normalmente, senti tonturas do nada e fiquei hipersensível à luz e seus reflexos – que nunca havia percebido que são tantos! Já não sei se não estou bem porque não consigo fazer as coisas ou se não as consigo fazer porque não estou bem! Ao que tudo indica son las dos cosas a la vez. :(

Para completar, de noite tenho sonhado tanto! Não consigo lembrar o que sonho, mas sempre acordo com a sensação de ter vivido ou feito um monte de coisas à noite! Estou quase deprimindo de não poder descansar, como se já estivesse há dias sem dormir, mas não é verdade! Ontem fui dormir cedo e hoje apaguei o despertador e dormi muito mais do que o normal! Perdi a hora completamente e cheguei no trabalho depois do meio dia! Pelo que dormi, deveria estar com disposição para passar a noite toda acordada, mas já posso sentir minha pilha descarregando. O que está acontecendo comigo? O que será que tanto faço nos sonhos? Queria tanto – ao menos – lembrar ou entender!

Bom, ao menos encontrei algo que é exato o que sinto: uma música linda, que até já conhecia, mas que agora não canso de escutar! :)

VOU MANDAR PASTAR

(Sandália de Prata)

Tenho estado sempre aflito
Por guardar em mim um grito
De rancor irresoluto incrustado nas idéias

Fui ficando esquisito
Com a fartura de conflitos
Vou vivendo o não dito e sofrendo as intempéries
De uma dor que é tão difusa
Torna as tardes inconclusas
Desencanta meus sentidos
E desmente o que se vê

Eu já tão desiludido
Apenas não acredito
Como ainda tenho gana de querer falar bonito

Vou mandar pastar
Vou parar de pensar pra viver
Pois quem tem muita pressa não pousa a cabeça em
nenhum lugar
Vou mandar pastar
Vou parar pensar pra viver

Pois só quem perde tempo é quem acha que não tem mais
tempo a perder

Fui ficando esquisito
Com a fartura de conflitos
Vou vivendo o não dito e sofrendo as intempéries
De uma dor que é tão difusa
Torna as tardes inconclusas
Desencanta os meus sentidos
E desmente o que se vê

Eu já tão desiludido
Apenas não acredito
Como ainda tenho gana de querer ganhar no grito

Vou mandar pastar
Vou parar de pensar pra viver
Pois quem tem muita pressa não pousa a cabeça em
nenhum lugar
Vou mandar pastar
Vou parar de pensar pra viver
Pois só quem perde tempo é quem acha que não tem mais
tempo a perder

sábado, 10 de julho de 2010

Somos soldados pedindo RESPEITO

Estava quase chegando ao Centro Cultural Monte Azul quando lembrei que precisava explicar pra Potyra (minha sobrinha de 9 anos que passou o feriado comigo) para onde estávamos indo. Contei que o vô Ralf havia convidado um Sargento do Exército... ops, tive que explicar o que era um exército, mas não foi difícil - graças aos filmes, porque graças a... Deus? (para poupá-los da explicação sociológica) não temos guerras! :) – difícil foi ela entender o porquê dele e o companheiro terem sido perseguidos, presos e expulsos, pois quando contei que o Exército não aceitava que ele tivesse um companheiro e não companheira, ela questionou imediatamente sem entender: mas por que eles não aceitam???

A Potyra realmente não entende e isso me emociona: ver que as nossas crianças estão crescendo com essa compreensão, vendo o que antes era tachado de errado como algo natural, afinal de contas, se duas pessoas se gostam, não tem o menos cabimento não poderem ficar juntas, seja pelo que for!

A conversa com o Fernando Alcântara foi muito boa, não dá para relatar tudo nos mínimos detalhes, mas quero ao menos destacar alguns pontos que chamaram atenção.

Diversidade da diversidade

Ao passar a palavra para o Sargento o Ralf falou do estereótipo que se faz do gay afeminado, o que não deve ser visto como regra, pois (como ele) há muitos gays que não são afeminados - e nem por isso são menos gays - ou seja, você pode "desmunhecar" e até trocar de sexo, mas não precisa: isso é a diversidade da diversidade. (Adorei a definição!)

Intransigente com a intransigência

O Sargento licenciado (pediu licença antes do resultado do processo de expulsão ser concluído, pois certamente demoraria e estenderia uma situação delicada, pra não dizer insuportável) nos contou um pouco do que conta no livro "Soldados não choram", de como caíram na armadilha com o convite do programa de TV que só tinha a intenção de bater seu recorde de audiência e conseguiu entregando o companheiro que tinha ordem de prisão por "desertor", acusado de ter abandonado o Exército quando na verdade estava com problemas de saúde que o impediam de retomar o posto.



Fernando conta que se recusava a entrar nos esquemas de corrupção e que foi isso que fez com que fossem atrás da vida pessoal dele, para poderem descredibilizá-lo perante as Forças Armadas. Sua vida tornou-se um inferno e foi o que fez com que decidisse levar a imprensa a sua história. E o que posteriormente o levou a licenciar-se, escrever o livro, envolver-se com organizações de direitos humanos (que intercederam por eles na ocasião do programa) e agora a sair candidato a deputado pelo PSB de São Paulo.

Que doida é a vida! A Roda da Fortuna, nesse caso, girou que girou! E temos que reconhecer que o Fernando foi muito homem para enfrentar e agüentar tudo o que passou. Segundo ele, tem uma hora que você já apanhou tanto que já não tem mais medo de nada.

Se tivéssemos mais gente levantando o peito no lugar de abaixar a cabeça...

Mas, enfim, sei que não é fácil. E é justamente por isso que o Fernando vem conquistando a admiração e o respeito de muita gente: por ter sido intransigente com a intransigência em um ambiente em que ser intransigente significa ser criminalizado, perseguido e penalizado.

O Fernando e seu companheiro têm uma história de vida e tanto – contada com detalhes no livro que não vejo a hora de poder parar para ler. Mas se vê que sua vivência lhe deu uma compreensão da realidade clara e sensível, no sentido de, por exemplo, perceber que ser gay rico e ser gay pobre são coisas muito diferentes. Já pararam para pensar nisso? Também gostei de ver que não está fechado nas questões LGBTs, está preocupado com as questões de direitos humanos nas quais os LGBTs estão incluídos, claro.

É isso: uma história que vale ler, ver, entender e acompanhar. E preciso dizer que a sensação de encontrar alguém assim, disposto a lutar, a ser forte no bem, é muito, muito boa! Desejo-lhes força e sorte! E festejo: mais um! TAMO JUNTO! :)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Somos soldados pedindo esmolas

montes de lixo e mais lixo pra todos os lados. calçadas com gente vivendo no lixo, vivendo do lixo, construindo mini-barracos. olham pra gente desconfiados. olhamos nos indagando como funciona aquilo, como aquela gente mora ali? procuramos disfarçar, mas por dentro estamos indignados e desesperados, deveríamos fazer algo. mas, o que poderíamos fazer? passamos com a perua e podem ver que somos da prefeitura. dizemos bom dia e parece existir um respiro de alívio. de que lado da prefeitura seríamos nós? os que vão tirar-lhes as coisas e expulsar dali ou os que vão salvá-los? na verdade, nenhum dos dois. gostaríamos de poder fazer algo, mas sabemos que não podemos. e no fundo, eles também sabem.

até que estamos fazendo nossa parte. há garis varrendo as ruas e caminhões retirando o lixo das caçambas. mas o lixo não acaba. e se há pessoas morando nele, já não é responsábilidade da subprefeitura, mas da assistencia social. sim, é tudo repartido. apesar de ser mais complicado, tem sua razão de ser. se a responsábilidade fosse da subprefeitura era capaz que varressem as pessoas e as jogassem no caminhão junto com o lixo e entulho. mas também não deixam de ser problema nosso, pois estão em nossa área. precisamos uma ação conjunta. mas já sabemos qual será o problema. não vão querer ir para um albergue em que só podem passar a noite, tem que respeitar regras e pegar fila pra garantir o lugar de dormir do dia seguinte de novo. não vão querer ser separados, nem levados para longe, onde há albergues. na verdade, dizem que há albergues suficientes, mas, quem acredita? há mais de 13 mil moradores de rua na cidade de são paulo. alguns não querem sair da rua, mas muitos adorariam ter uma casinha, um barraco, ou mesmo uma vaga em um albergue decente. sim, decente, porque se não for, é preferível ficar na rua.

procurando uma solução, lembrei de um projeto que uma construtora fez o ano passado com uma das assessoras (que já não trabalha mais na sub) para um grupo de catadores que moravam em um baixo de viaduto. o projeto acabou não saindo do papel, mas era lindo. seria um albergue modelo, com espaço para a cooperativa de recicláveis, canil e horta. entendi que ficaria muito caro e por isso decidiram transformar o prórpio baixo de viaduto em cooperativa, mas sem moradia. o lugar ficou lindo, e os catadores zelam e tem o maior orgulho do espaço, estão fazendo curso, tirando documentos, parando de beber. é um trabalho do qual me orgulho, mas que precisa ser multiplicado, pois é só uma gotinha no nosso oceano de problemas.

pensei que poderíamos aprensentar o projeto para a votorantin que está ali do lado desse monte de problemas, mas descobri que o problema do projeto foi o terreno que não conseguimos. só se pedirmos para a votorantin comprar ou seder o terreno também. mas então com o que a prefeitura entra? é a pergunta que a maíra me faz, alegando que deveria ser uma parceria - ambas partes precisam colaborar. até tento responder, mas ela me olha com aquela cara de quem diz: não adianta. digo que não custa tentar. ela continua com cara de quem diz: eu entendo e sinto muito, mas não adianta. fico puta. ouço ao fundo o renato russo cantando e assim me sinto.

somos soldados, pedindo esmolas...

a gente não queria lutar, a gente não queria lutar!

quem é o inimigo, quem é você?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Para compensar? Mais coisas boas!

Pois é, aquele final de semana havia sido tão bom e parece que para compensar a semana (ignorando os fatos da anterior) foi pesada. Mas não, não falaremos do que não pode ser, nem do quão difícil é segurar a bronca quando não abrimos mão de fazer o que acreditamos ser certo. É difícil mas é honesto, então, compensa.

E sejamos saudosistas e falemos de algo bom do passado que às vezes também é presente – para compensar!

...

Quando vim morar em São Paulo costumava freqüentar um barzinho chamado Semáforo. Eu adorava aquele lugar! Posso dizer que me sentia em casa, já que fui praticamente criada dentro de um bar – com o qual minha mãe pode pagar as contas. Enfim, nesse barzinho com música ao vivo lá por volta de 1998 tocava uma dupla que eu adorava ouvir: o Sandrinho e a Ully! Era MBP de primeira qualidade e eu adorava a voz aveludada dela!

Quando meus amigos não queriam ir ao Semáforo, eu ia assim mesmo, porque sabia que precisava aproveitar enquanto os dois tocavam ali acessíveis, na faixa. E tinha certeza de que um dia eles fariam sucesso e eu não poderia pagar - doido, né? Percebo agora que eu definitivamente não sonhava em ser rica!

Bom, eles inicialmente formaram uma banda chamada Shiva que tinha um som muito bom, vez ou outra me pego cantando trechinhos de algumas músicas que cantavam "Pé na estrada e muito blues na cabeça, pé na estrada e que nada de mal lhe aconteça" ou "a rota parou no meio da favela, a rota parou: dinheiro/grana, dinheiro/grana" ou "eu me atrapalho, salto, erro, pulo, eu dou de cara no chão"...

Não sei por que a Shiva não continuou, mas acontece com as melhores bandas. Eles formaram então um grupo de Samba Rock com a mesma qualidade da banda anterior e que há anos vem fazendo sucesso: é o Sandália de Prata! E olha que delícia: vocês podem ouvir em http://www.myspace.com/sandaliadeprata

Gosto da música Sapato de Ouro, quando a Ully canta:

Obrigada meu Deus, meu bom Deus
Por me manter simples
Cultivando a humildade
Cultivando a amizade

Ei, sapato de outro, eu sou Sandália de Prata!

Meus parabéns por esse trabalho tão bem feito, e minha gratidão, porque chegar a poder viver de arte exige muito sacrifício e muito empenho, e não há nada que me dê mais prazer do que ouvir ou ver uma obra bem executada em todos seus detalhes. É sublime!