quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Parte dois da novela do vôo...

Foi uma experiência interessante dormir no aeroporto. Quando terminei de escrever, uns coreanos para quem eu, umas horas antes, havia cedido minha suite (dois bancos com 4 lugares de frente um para o outro) vieram conversar comigo com um dicionário coreano-inglês-espanhol para viagens. Com as poucas palavras em inglês que eu conseguia lembrar e as poucas em espanhol que eles sabiam, conseguimos nos comunicar. Foi muito legal! Mas umas quatro e pouco foram pegar o vôo deles e eu decidi dormir um pouco. A essa hora já não era tão difícil conseguir um banco vazio. Deitei e dormi.

Acordei com uma família de brasileiros de Porto Alegre que sentaram no banco que ficava na parte de traz do meu. Perguntei as horas: 9h! Era tarde, mas ainda faltava muito até o meio dia. A mulher falava muito e fiquei conversando com ela, até chegar a hora deles irem. Sentado na minha frente em outro banco, havia outro brasileiro que assim que os outros foram, me disse: "Boa de conversa ela, né?" Ele era de Goiás, morava na Espanha, mas não me pareceu muito feliz de ter que voltar não. Tinha uns 40 anos, os cabelos eram compridos, pretos e cacheados e estavam amarrados. Parecia uma pessoa simples, e tinha um brilho nos olhos muito forte.
Fui dar uma volta e sentei do lado de uma escultura em bronze de um velho sentado com sua malinha em um dos bancos. Sempre me perguntava se ele havia ficado velho de tanto esperar. Encostei a cabeça no ombro dele, fechei os olhos e quase dormi. Depois passou outro brasileiro e me mostrou a foto que tinha tirado com eu dormindo no ombro do velho. Ficamos mais um tempao conversando, até que decidi subir e encarar a briga.


Milagrosamente fui bem atendida na AirComent, apesar de uma das bruxas que estava na noite anterior ter se metido (grrr)... a moça me explicou que os responsáveis eram as Aerolíneas Argentinas.

Lá acabaram me convencendo de que eu era a culpada e queriam que eu pagasse uma multa de 207 Euros (!!!). É claro que eu desesperei na mesma hora. Comecei a chorar, falei que aquilo era um absurdo, que era impossível, que eu estava lá desde a noite anterior sem comer com 5 euros no bolso, e que eu só queria voltar pra casa. Eu estava disposta a dizer que ficaria lá até que me deportassem, mas como vi que estavam vendo o que podiam fazer, esperei. "68 euros, pode ser? É a única forma de voltar pra casa."

Depois de ouvir 207, os 68 já não pareciam tanto e, como não tinha outra opção, acabei aceitando. Só tinham vôo para o dia seguinte, mas disse que nesse tempo não podia conseguir o dinheiro, marcaram para sábado à noite. Nem me disseram o horário, só falaram que eu tinha que estar às 6h da tarde lá.

Na verdade, eu precisava desses dois dias para conseguir um formulário de Tax Free, para recuperar o valor do imposto do notebook que comprei em Sevilha, do qual só tinha a fatura. Fui ao correio para mandar a fatura para minha irmã, mas descobri que uma carta urgente, demorava dois dias para chegar.

Guardei minhas malas com os 5 euros que tinha e sobrou 1,40. O metrô no aeroporto custa 2 euros, mas eu podia tirar dinheiro do meu cartão de crédito... se conseguisse. Visa e MarsterCard, os dois internacionais, e de nenhum consegui tirar um centavo! Expliquei para o segurança do metrô... e ele me deixou passar! :) Fiquei muito feliz com a atitude dele, porque não me fez implorar, nem quis mostrar que ele tinha o poder e eu dependia da sua boa vontade. Nada disso. Mal consegui agradecer.

Cheguei à casa das meninas e descobri que aquele dia chegavam mais três brasileiros para se hospedarem alí. Ia ficar bem complicado, e pra completar, eu não tinha nada de dinheiro! Resolvi então voltar para Sevilha. Pela internet comprei as passagens e liguei para minhas irmãs, uma ia me recolher na rodoviária às 6h da manha e a outra me emprestaria o dinheiro.

O processo não foi tão simples, porque depois de dois dias sem dormir e sem comer direito, minha cabeça parecia que ia explodir e eu não conseguia entender porque tudo aquilo tinha acontecido. Por que perdi o vôo por 5 minutos? Por que as malas não aguentaram? Por que não fui mais firme na briga? Estava zonza já. Mas comecei a achar que era coisa do destino. Não era possível alguém ser tão azarado. Fiz as contas. Se tivesse dado tempo de entrar no avião não teria recuperado o imposto, saia quase elas por elas. Isso me deixou mais calma. Tomei um banho e fui pra rodoviária.

Fiquei feliz de voltar para Sevilha, sou apaixonada por aquela cidade! Mas não aproveitei nada dela. Dormi das 8h da manha até as 2h da tarde! Estava destruída e com um começo de resfriado. À noite fui com minha irmã buscar o tal do Tax Free, apesar de esse dia ter recebido resposta da empresa, e ter descoberto que só com a fatura também podia conseguir a grana de volta, só demoraria mais.

Bom, íamos ao cinema, mas como ela também não conseguia tirar dinheiro do seu cartão de crédito, voltamos para pegar o dinheiro com meu primo. Por um lado foi bom, porque só nesse dia minha irmã começou a me contar sua história de quando foi morar na Espanha. Não deu tempo de terminar, mas, o pouco que ouvi, mexeu muito comigo.

No dia seguinte de manha voltei à Madrid. Quando fui buscar minhas malas, me apaixonei por um moço que me tratou muito bem, até cantou garota de Ipanema pra mim! O avó dele é bahiano, acho que foi o primeiro espanhol que deu encima de mim. Depois de ter levado tanta pancanda, me senti muito, muito bem. Era como se estivesse de volta ao Brasil, o único detalhe, é que não estava e provavelmente, nunca mais verei o moço gentil a quem não fui capaz de passar nem meu e-mail!

Tirando as turbulências que derramavam todos os cafés e a dor de ouvido insuportável (por conta do resfriado) que senti quando o avião estava descendo, a viagem foi tranquila. Na Argentina não tive que esperar nada, desci de um e subi no outro. Mas cheguei antes que minhas malas, que só foram entregues no dia seguinte. O Samuel, amigo de mili anos, foi me buscar. Cheguei sã e salva em casa, na verdade, não tão sã, estou com uma tosse que não me larga, mas pelo menos, estou em casa!

(Que novela! Eu não sei mesmo resumir as coisas. Acho que só minha mãe vai ler isto até o final! Ah! Depois vou retomar a viagem de onde parei, ainda tem um monte de coisas que não contei!)

sábado, 26 de janeiro de 2008

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Marinheiro de primeira viagem, sofre!

Têm dias que preferiríamos que não existissem... ou que pelo menos, terminassem logo, o quanto antes. Mas são justo esses que resolvem se prolongar e ... não acabar nunca!


Não sei por que, mas fiquei mais ansiosa com a viagem de volta ao Brasil do que com a vinda. Bem mais. No decorrer do dia, meu estômago foi virando uma uva passa... mas ainda tive alguns bons momentos e apesar de ter comido muito pouco, comi a melhor paella do mundo!! Já, à noite, não foi nada fácil...


Quando carregava as malas (que sufoco!)... me sentia pagando uma penitência! Uma das rodinhas da mala (com uns 30 kg) quebrou, se perdeu no caminho para o metrô. Eu puxava e puxava arrastando-a para a frente, enquanto ela, feito um burro empacado, pesava mais e mais, quase me arrastando para trás.


Meu ombro direito doía muito de carregar a mochila (que apesar de estar só com uns 7kg, não é apropriada para carregar muito peso, e termina machucando. Acho que pela primeira vez na vida (ou uma das primeiras, não lembro) pensei no sofrimento de Jesus Cristo... e o invejei, por que pelo menos, depois de tanto sofrer, teve o alivio de morrer.


Morrer. Era tudo o que eu queria quando me disseram que havia perdido o vôo, que já estava fechado. Queria tanto, tanto a minha casa... e depois de 24 horas não estaria lá como esperava. Não sabia onde estaria. Não sabia nada.


Quando consegui parar de chorar, perguntei a dois funcionários o que podia fazer (eu amo os homens, eles sempre me atendem muito melhor!). Ele me explicou que o avião fechava 45min. antes de partir, foi então quando descobri que meu vôo saía às 22h30 e não às 23h15 como constava na minha passagem. O rapaz me disse que explicara isso na remarcaçao para não ter que pagar multa.

Mas para as atendentes a culpa era minha ou da agência de viagens. Não tinham nada com isso. Mas encontrei o rapaz de novo e me aconselhou a insistir porque teriam que me pagar hotel e tudo. Insisti, briguei, argumentei, chorei, mas nada podia amolecer o coração daquelas mulheres. E se quisesse falar com o chefe teria que voltar no dia seguinte após o meio dia.

Olhei para as malas e resolvi passar a noite no aeroporto. Pensei comigo que podia passar a noite escrevendo no notebook... o problema é que o zipper da minha mochila também arrebentou quando fui guardar a blusa. Tem menos de um palmo aberto, mas se eu mexer, ela abre e não fecha mais. O caderno... também está lá. De tanto olhar a mochila, achei uma solução: colocar tudo em sacolas grandes. O problema é que, se depois eu quiser dormir... não posso por ter que cuidá-las.

Há muitas pessoas aqui. Muitas dormindo em bancos que tem divisórias, imagino que para evitar que as pessoas deitem, mas elas deitam mesmo assim. Que pecado terao cometido? Pensei em conversar com alguém, mas minha timidez não permite. Dormir, mexer na mochila ou conversar com alguém? Fiquei um bom tempo indecisa, até que resolvi escrever no único verso de papel que tinha em branco dentro de minha bolsa.

Lembrei que um dia antes havia afirmado que não tinha vontade nem de voltar, nem de ficar. - Pois aqui estou, em um território de ninguém, sem ter como ficar (não tenho mais grana) nem ter como voltar.

"Cuidado com o que deseja" me diz uma voz interna. De imediato a outra responde: "Não acredito nisso, já desejei morrer tantas vezes, e isso nunca aconteceu." Agora mesmo vem a resposta: "Mas um dia vai acontecer.".

Bom este foi o presente que ganhei, ao desejar um fim, ganhei um dia sem fim.

(Vou procurar um canto para dormir, não aguento mais!)



quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Voltando...

Pois é, pelo visto só vou terminar de contar esta viagem em terras brasileiras.
Amanhã saio daqui de Madrid às 23h15, passo umas boas horas no aeroporto da Argentina e... chego a São Paulo às, se tudo correr bem, 18h15.
E haja braço e folego para carregar quase 40 kg de malas! É quase o meu peso! Mas... eu sobrevivo. ;)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ana X Tempo e Técnologia

Este blog está mais do que desatualizado, desculpem!
É que o tempo aqui voa!
E pra completar, a técnologia não ajuda! Estava com uma postagem pronta e no selecionar para formatar ela desapareceu! Já tinha dado tanto trabalho... estava tão feliz de ter terminado, que quase chorei quando perdi! Agora só amanhã... estou muito cansada!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Fotos de Barcelona

Minha irmã conseguiu enviar algumas fotos de Barcelona, e um dos brasileiros que conheci lá, também me enviou algumas fotos!!

A minha foto de La Pedreira não ficou muito melhor que a que peguei na internet?

Meu momento família!


Teatro Gaudí: É fantástico, mas, se a gente quisesse fazer igual, no mínimo seria chamado de gente esquisita!
O considero o Hippie que deu certo, pois pode fazer seu artesanato em tamanho gigante, sem com isso perder a atençao com os mínimos detalhes!


Pequenos detalhes da cidade...

e grandes detalhes da cidade.

É mágico!

A cozinha que fica no meio do restaurante que fui.

Nochevieja a la venezuelana! Todos os anos fazem o que é típico de lá. Minha irmã fica indignada porque no ano novo de Barcelona não se escutam fogos de artifício e nem se quer uma musiquinha! O povo não faz festa como na América Latina. Pude comprovar que nao era exagero.

Mas eu não faço questão de festa, já que não tem... o único que realmente me incomodou e que me pareceu um absurdo, foi ter a TV ligada nessa hora.

Comemos 12 uvas fazendo um pedido para cada (não tinha tantos pedidos assim, repeti os mais significativos, e claro, esqueci de pedir dinheiro!)... Champanhe, não pode faltar! Nem desperdiçar!

Em uma casa de imigrantes, o primeiro que se faz depois do ritual, só pode ser... ligar para a família. Sem querer fazer propaganda, mas já fazendo: nada como ter Skype a essas horas. Os irmãos de meu cunhado (que é médico e estava trabalhando) ligaram para a mãe deles, e nós para a minha; até a Sarinha que quase não fala, falou com ela!

As crianças brincando na areia da praia. Fazia, como se diz aqui: tela de frio!

Minhas princesas!!
Pra que ser mãe, se a gente pode ser tia?

Esta é a vista do mirante do Park Güell, no qual conheci os brasileiros...

Este é o mirante!...

E estes são eles! (A Juliana é a que está do meu lado.)

Essa é a figura que queríamos que aparecesse no fundo da foto anterior...

E estes são os brasileiros mais lindos que eu conheci em Barcelona! Quem precisa de dinheiro?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Os Reis e seus desperdícios


Aqui tudo é motivo pra festa... principalmente as datas da igreja católica. Chegamos de volta a Sevilha no dia em que saíam "os reis"...



Tradicionalmente, montam uma espécie de "carrinhos alegóricos" que sao puxados por pequenos tratores...



as crianças vao dentro, disfarçadas de reis magos, jogando balas para todos os lados!



O "desfile" de Valencina terminou cedo e fomos (com meus primos) a um povoado ao lado chamado Camas...



Tinha muita gente na rua!



A festa é bonita, mas o que realmente impressiona, é o desperdício!



As ruas ficam cobertas de doces e balas...




Que em seguida as máquinas vem recolher...



juntar todo o excesso que acabaram de espalhar...




Sao quilos e quilos, literalmente, jogados no lixo!




Nao tem como nao se indigar!

Barcelona: última parte!



Finalmente, no último dia, na última hora com sol, conseguimos ir ao Park Güell...




Um dos lugares mais interessantes de Barcelona, que eu queria muito conhecer... e que
milagrosamente, não é necessário pagar para entrar.



Na verdade, eu já estava meio cansada de lugares turísticos...




Só que esse lugar é realmente muito interessante, não dá pra perder!




Minha irmã foi com minhas sobrinhas para um parque de diversões e eu fui conhecer o lugar.


Fui fazer umas fotos no mirante e observei um grupo muito estranho: eram alegres, brincavam se abraçavam e tiravam foto tudo amontoado... também falavam outra língua que parece português:
Brasilês!



Olhei pra eles com simpatia, mas como sou tímida...
não disse nada. Pra que? Não demorou nada e um deles veio me pedir um cigarro. Minha resposta foi imediata: "Tinha que ser brasileiro!" Pronto. De repente eu estava em casa! Apesar do pouco tempo que tinha para conhecer um parque único no mundo, não tinha a mínima vontade de sair dali!




A Juliana, uma carioca linda, muito simpática, me disse que quando fosse a Madrid, ficasse na casa dela. Eu nem podia acreditar! Estava há dias tentando conseguir um contato em Madrid que pudesse me apresentar a cidade, já estava até me conformando em ter que ficar sozinha e só um dia... Fiquei muito feliz! Trocamos contatos e me convidaram para seguir com eles. Eu disse que não podia...



...mas um moço bonito insistiu e eu não fui capaz de resistir. Desci com eles pra ver o único que eu já tinha visto. Tiramos algumas fotos... e quando finalmente consegui me desprender deles, me dei conta de que já começava a escurecer e que meu tempo já devia estar terminando.



Fiquei morrendo de vontade de ficar mais um dia pra poder sair com aquela turma, mas viajava no dia seguinte cedíssimo... fiquei só na vontade!

domingo, 13 de janeiro de 2008

BARCELONA parte 3

Olha aí o portão-dragão de Gaudí:



O dia 04/01 era nosso último dia. Desse ainda ficaram algumas fotos.
Nesse dia fomos ao centro de Granollers para ver La Porxada, uma construção de 1587...

na qual acontecia uma feira de artesanato...


e que fica na frente del Ayuntamiento (Prefeitura)...


Também me apaixonei por outra escultura...

além de já estar completamente enamorada de minhas pequeninas sobrinhas (Barcelona não tem nada mais lindo!)...


A Sofia tem 4 anos e a Sara tem 2, e me deixaram realmente impressionada por serem completamente diferentes. A Sofia fala um espanhol perfecto, é doce, doce, doce ao extremo, por sinal, adora doce. É mimada e bastante dependente, mas come toda a comida sem problemas.


Já a Sara... é extremamente sem vergonha! Não faz esforço nenhum para falar corretamente (decíframe ou te devoro), não gosta de doce e menos ainda de comer, ela enrola o máximo possível, olha pro lado, conversa, desconversa... e a cada refeição, vão-se umas 2 horas até ela comer tudo! É meio desconfiada e bastante independente, e tem uns olhinhos tão vivos... que é impossível não se apaixonar!


De veras, me deixaram intrigada, pensativa... como podem ser tão diferentes? Fiquei pensando nisso: no quanto somos diferentes, por mais que nos vistam com roupas iguais e tenhamos uma criação parecida, têm coisas que são natas, que são só nossas!