segunda-feira, 31 de maio de 2010

Interromper uma gravidez – parte III

Sabe, eu realmente não queria falar sobre isso, mas… até no dia em que estava conversando com a Potyra ela veio com esse papo. Disse que eu tinha um monte de sobrinhos e que eu era a única dos seis irmãos que não tinha filhos. Falei que queria esperar mais uns anos para que ela pudesse me ajudar a cuidar, no que ela me respondeu que não era necessário, que dali uns meses ela já teria crescido o suficiente. Ela sempre me surpreende!

Dali uns dias chega um e-mail da minha mãe perguntando como alguém poderia ser capaz de matar o próprio filho e me pedindo que não "assassinasse" nenhum neto ou neta dela. (?) Até agora não entendi por qual motivo me pediu isso, mas para completar, enviou com cópia a todos os meus irmãos e cunhadas! Que confusão!

Fiquei encafifada! Queria ligar, mas não tinha como. Respondi perguntando o que havia acontecido, se ela sabia de algo que nem eu sabia e pedindo que não se preocupara, que eu não o faria. Dali a pouco começaram a chegar outras respostas:

A esposa do meu irmão mais velho não entendeu nada, mas pediu que mantivesse a calma e disse que ligaria para ela depois.

O Gunnar e a Titi responderam, mesmo sem entender o porquê da mensagem, que eram contrários a opinião dela (se diz assim em português?). A resposta dele – sempre provocativo – me incomodou bastante; a dela me pareceu absolutamente sensata, e tomo a liberdade de reproduzir trecho (sem pedir permissão, já que estamos em família):

"es una decisión muy, pero que muy personal de quien será la madre y ÚNICA responsable de ese FUTURO ser vivo, y la que tendrá que decidir si quiere y puede mantenerlo y criarlo. No debe dejarse llevar por concepciones divinas o moralistas.

Tiene que ser racional: conlleva mucha responsabilidad y pérdida de libertad. Si estás sola, y además no tienes todavía unas condiciones económicas buenas, supondrá además infelicidad y agobios. Es para ser racional y pensar si realmente es eso que quieres para un hijo, pues no es sólo poner un ser vivo más en este mundo porque así lo establece dios (?), es sobre todo hacerse consciente de las consecuencias que pueden llevar esta decisión. Sólo ella podrá decidir si lo podrá afrontar..."

Já o Gunnar, além de dizer que não entendia porque minha mãe não havia feito o aborto (dele), alegando que o preferia e deixando claro que não estava deprimido, pelo contrário, pois tudo está dando certo; escreveu o seguinte:

"não acho que um aborto seja algo irrecorrível, eu o faria hoje se por acaso viesse a engravidar alguma infeliz pra colocar mais um infeliz neste mundo".

Ok. Também não acho que seja irrecorrível, mas, apesar dos termos me incomodarem bastante, o que realmente não agüento ver é o "eu o faria" como se fosse ele que fosse fazer! E pior que isso, como se fosse ele que decidisse! O corpo é dela, o filho é dela, a decisão deve ser dela - já que a vida mais afetada certamente será a dela. E é aí que eu queria chegar: no papel do homem nessa história toda.

Mas vou deixar para a próxima - e espero que última - parte, pois a questão merece especial cuidado e atenção.

Interromper uma gravidez – parte II

Minha mãe conta que quando descobriu que estava grávida do meu irmão, como já tinha quatro filhos e o meu pai não se animou nem um pouquinho com a idéia de ser pai, como morava na Inglaterra, onde o aborto é permitido, decidiu ir de madrugada, antes que a casa acordasse, até o posto de saúde para fazer o aborto. Mas, segundo ela, quando colocou a mão na maçaneta, tocou o telefone: era a melhor amiga dela que implorou que não interrompesse a gravidez e que havia ligado para contar que o velho Gunnar, professor delas, havia falecido. Minha mãe então naquele momento decidiu que não ia tirar, e que, se fosse um menino, se chamaria Gunnar.

Talvez seja uma história intima demais para ser publicada assim ao mundo, mas acho muito bonita. Consigo enxergar cada cena!

Assim nasceu Gunnar Natanael Rickli Vargas (Guerreiro - Presente de Deus): sempre foi briguento e extremamente inteligente – até hoje tenho cicatriz de uma armadilha que armou pra mim quando criança! Desde cedo pegou gosto pelo violão e não largou mais! Hoje escreve, toca, canta e compõe como ninguém! Tem alma de artista e acho que absolutamente ninguém sabe expressar tão bem a minha dor quanto ele – nem eu mesma.

O que acho incrível é essa capacidade de transformar o triste, duro, difícil, trágico: tudo vira música, com beleza e profundidade! É sensacional! O único triste é que ele logo enjoa das próprias músicas e, vira e mexe, me pego com alguma frase de alguma música dele que nunca mais tocou e não chegou a gravar. Dá uma vontade de ouvir... mas fico tentando me conformar com a vaga lembrança.

Nós dois sempre fomos meio deprês, daí a Paula surgiu em nossas vidas parece que trazendo todo o sol e alegria de Maceió. Ela engravidou da Potyra e felizmente não abortou. Pois a nossa flor, certamente é a melhor coisa que temos em nossas vidas, e certamente foi a existência dela que fez com que meu irmão não se permitisse a fazer nenhuma grande besteira.

Só posso agradecer a esses possíveis abortos não terem acontecido! E tenho certeza que não sou só eu que agradeço, pois esses dois seres - lindamente humanos - são muito especiais na vida de muitas pessoas! ´: j

domingo, 30 de maio de 2010

Interromper uma gravidez – parte I

Ok. Vamos falar um pouco de um assunto sério – e bastante polêmico. Venho topando com este assunto por vários lados e comecei a me dar conta do quanto é importante que falemos sobre. Como é delicado e tem uma série de detalhes envolvidos, vamos por partes.

Não vou ficar enchendo de dados porque não é difícil encontrar, mas coloco aqui, para começarmos a pensar, um filminho que vi no blog Viva Mulher - onde fiquei surpreendida e muito incomodada com o tom e moralismo exacerbado com que contestaram o post da autora. Fiquei realmente chocada com a maneira de atacarem as famílias que não são no padrão burguês - mamãe, papai, filhinho - ao mesmo tempo em que atacam com veemência a possibilidade de o aborto ser legalizado, sendo que isto poderia facilitar a realização do sonho dos mesmos higienistas que consideram tão importante ter uma sociedade mais padronizada, já que se facilitaria interromper uma gravidez quando esta não fosse considerada conveniente em determinado momento ou situação.



Os números são assustadores. A quantidade de mulheres que faz abortos é impressionante, chega a um milhão por ano - só no Brasil! Mas não é por ser algo, por assim dizer, comum, que se defende a legalização do aborto, como pensam alguns, mas sim pelo fato da vida dessas mulheres estar em risco, por ficarem a mercê da clandestinidade. Ter um filho é algo que muda a vida das pessoas completamente e, se avaliarem que não dá para encarar, não vão encarar. Seja legal ou não.

Significa que vão passar a utilizar o aborto como método contraceptivo como acusam os que são contrarios? Pelamordedeus! Fazer aborto não é coisa simples. É traumático! Não é como tomar a pílula do dia seguinte – que já tem seus efeitos. Ninguém passa por isso sem sentir nada. Não tem cabimento pensar que a legalização fará com que as mulheres deixem de se prevenir!

Coloco aqui o link do LOGIN – programa em que a Soninha conta sua experiência de aborto e que trata de forma muito séria e fundamentada a questão. E... se quiserem se indignar um pouco mais, vejam o projeto de lei que a Soninha comenta no seu blog, que vai exatamente no sentido contrário: Sobre o estatuto do nascituro - PL 47807l

O projeto não só pretende acabar com o direito de interromper a gravidez em caso de estupro com chega ao absurdo de propor que no caso de o estuprador ser localizado, tenha que pagar um salário mínimo para a mãe da criança, sendo que este deveria ser preso e, por conseqüência, não teria como pagar. Ou é preferível que fique solto para poder pagar um salário a uma pessoa que foi violentada e será obrigada a ter a vida completamente revirada? Ultrapassa a linha do absurdo! Não? O que essas pessoas têm na cabeça? Acham que o Exercito Industrial de Reserva vai acabar? Que com a diminuição da prole não terão mais quem explorar a salários ínfimos? Não sei nem qual Santo chamar para ajudar a clarear a mente dessas pessoas! Pelo Amor!

Enfim, pensem no assunto. Não acho que seja algo tão simples assim não. Para complicar um pouco, as outras duas partes do tema vão, de certa forma, procurar mostrar o outro lado. Reflitam mais um pouco antes de tirarem suas conclusões. ´: j


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ilú Obá!

No domingo passado foi o lançamento do CD do Ilú Obá de Mim na Casa das Caldeiras!
A Casa das Caldeiras é um lugar lindo demais! Quando a gente entra, é tudo tão caprichado que é até difícil acreditar que seja de graça!


O Ilú Obá se tornou muito mais do que um grupo de percussão de mulheres: desenvolve trabalho em educação, cultura e arte negra. O resultado é explêndido - de arrepiar! Só assistindo para sentir!


A expressão impaciente, fervorosa e segura da Iansã dançando esplendidamente me impressionou! Também me deixou de boca aberta a expressão serena do Oxossi e a braveza e determinação do Ogum - que era interpretado por uma mulher. Sensacional!


Destaque também para a música que ofereceram para nosso amigo raper Zinho Trindade - que já é quase uma entidade - na qual os "Orixás" (interpretados, não encarnados) dançavam colocando a mão pra cima como ele costuma pedir que façam quando lança seus improvisos em meio a qualquer som!


Outra coisa maravilhosa foi ver minha sobrinha!!! Como estava com saudade da minha flor! A Potyra é uma das coisas mais especiais da minha vida! - se não a mais! Sempre me encanta e me surpreende. Passeamos um pouco e conversamos bastante, ela fez questão de me mostrar a Casa das Caldeiras - e não tive coragem de dizer que já conhecia, até porque, ver com ela e com aquele clima, já era conhecer outra coisa!


Ela é extremamente sensível e inteligente, apesar de às vezes dar umas respostas atravessadas que incomodam bastante - no que se assemelha a tia - mas sobre o que procurei conversar numa boa. Lembrei da dificuldade que meu pai tinha de me explicar que o problema não era o que eu dizia, mas o tom que usava. Que tom ele usava para me dizer isso eu sinceramente não lembro, mas procurei falar com ela tranqüilamente, explicando o quanto eu acabava me prejudicando por não ter paciência de explicar o que para os outros não tinha que ser óbvio, ora pois. Mas ela realmente entendeu o que eu queria dizer quando falei do meu pai. É o melhor exemplo de braveza (meu pai que me perdoe, mas ao menos para dar o exemplo do "errado" serviu). ;)


Ver a Ana Paula, treinar capoeira e fazer minha primeira aula de Tango (que foi maravilhosa!) também terminaram de fazer mais que especial o meu domingo! Tudo que eu precisava para encarar a semana com mais ânimo - que confesso, tem me faltado.

Mas estou aqui: dividindo as coisas boas da vida, pra multiplicar! :)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Virada virou: domingo… (parte II)

O domingo pós noite de Virada é geralmente decadente. Gente bêbada dormindo pelo chão e muito lixo. Eu mudaria o modelo da virada: começaria às 9h da manhã de sábado e terminaria às 9h do domingo. Sei que parece absurdo, mas a programação do dia que é mais família fica muito prejudicada pela bebedeira da noite! Se fosse antes, acredito que seria mais agradável. Enfim, pode ser que não funcione, mas é um problema que carece de alternativas.

Bom, no domingo dormi além da conta e assim que acordei voltei ao Vale do Anhangabaú na esperança de pegar o fim da apresentação do Baque Bolado que aconteceria de novo às 12h. No caminho aconteceu algo muito especial. Vi uma dessas cenas que não passam desapercebidas:

Um homem (mais negro que moreno, forte, vestindo apenas uma bermuda preta, sem camisa) carregando em uma mão um saco de lixo grande – provavelmente cheio de latinhas de cerveja vazias – e na outra... um buquê de flores brancas, lindo! A imagem me capturou e olhei com simpatia. Foi o suficiente para o catador me chamar e dar as flores. Sim, assim, sem mais nem menos. Fiquei meio sem graça ao mesmo tempo em que lisonjeada. Tentei recusar, mas ele não deixou. Disse que estava procurando alguém para dar. Não puxou assunto nem quis me chavecar, simplesmente quis me presentear. Sorri, agradeci e provavelmente desejei boa sorte. Fiquei meio boba, sem entender direito, mas feliz. Pensei no trabalho que tenho feito com os catadores da Água Branca e cheguei à conclusão que merecia as flores – mesmo que o moço não tivesse idéia disso.

Chegando ao vale procurei o grupo, olhei um pouco o movimento, olhei, olhei, procurei e decidi voltar pra casa. Mas foi justo quando vi um povo andando sem roupa e imaginei que fossem eles. Ainda nem estavam prontos! Enquanto esperava passarem lama no corpo vi umas coisas que só na Virada! Destaque para um grupo de insetos imensos que passou soltando fumaça com uma música de acompanhar momentos emocionantes nos desenhos. Nós parecíamos formiguinhas do lado deles, foi fenomenal!

A apresentação do Baque Bolado também foi sensacional: o grupo todo coberto de lama atravessou o vale tocando e dançando maracatu e de quebra ainda passaram lama no pé do Borba Gato! Muito, muito bom!

No meio da apresentação meu professor se dirigiu a mim, olhou no fundo dos meus olhos e me entregou um papelzinho balançando a cabeça afirmativamente como quem diz "leve a sério porque é verdade". Era uma frase forte que dizia algo que acredito (ou tenho esperança?) seja verdadeiro sim, mas que eu já havia esquecido ou ainda não tinha tomado consciência. Um homem que acompanhava a apresentação e até parecia sério gritou: "poderosa!". Como ele sabia? rsrs

Depois voltei para casa sem pique de fazer muito mais, mas satisfeita com o que havia visto e feliz com o que havia ganhado. Não agüentava mais o barulho da música na janela que entrava "pelos sete buracos da minha cabeça"! Mas procurei relaxar e arrumei minhas flores... que me deram sete arranjos espalhados em garrafas pela casa toda! Lindas!

Quando a dor de cabeça chegou, a música em seguida parou e eu, muito em seguida, apaguei! :)

terça-feira, 18 de maio de 2010

A Virada virou… Bagunça? (parte I)

Deixei para ir para a Virada Cultural depois da meia noite, pois as apresentações que queria mais ver seriam às 2h e às 3h da manhã. O frio não animava, mas mandei mensagens para ver se rolava alguma companhia. A Soninha respondeu contando para onde estava indo, contei que estava quase desistindo, mas até animei, só que sabendo que ela só estava agüentando pela filha, o ânimo que já era pouco deu lugar ao cansaço que baixou e pesou. Decidi que precisava descansar pelo menos 10 minutos.

Claro que foi o tempo exato para não conseguir mais manter os olhos abertos. No entanto... Carmensita, minha gata, resolveu usar sua técnica de não me deixar dormir derrubando coisas no chão. Não tinha nada de ração em casa e ela foi direto no vidro de perfume! Ele felizmente não caiu no chão, mas eu levantei num pulo para salvá-lo e ok. Ela venceu.

Coloquei meia, calça leg, saia grossa, blusa de lã, cachecol, bota e sobretudo. Sim, estava muito frio e não queria sair da cama, muito menos de casa! Mas como tinha que comprar a ração, já aproveitava e ia assistir o Baque Bolado (grupo de maracatu do meu professor de dança) e a Elza Soares com o grupo Sandália de Prata (de uns amigos que assisti muito na adolescência cantando MPB no barzinho que freqüentava e que hoje fazem um super sucesso com um grupo excelente de samba-rock).

Desci e encontrei o porteiro pedindo desculpas e discutindo com quatro meninos adolescentes. Estranhei porque ele é muito gente boa. Fiquei ali olhando para entender o que estava acontecendo. Um dos meninos estava fazendo xixi na entrada do prédio e... no terceiro aviso para parar tomou um tapão na orelha. Os meninos estavam argumentando que não sabiam que não podiam fazer ali, que não eram daqui e que ele não podia encostar neles. Irritei. "Pedi" para pararem com a palhaçada e falei que era nítido que não eram daqui (o que o Cícero fez não foi nada comparado ao que outros fariam!), alegar que não sabem? E a educação? Todos branquinhos, arrumadinhos com cara de filhinhos de papai! Um deles continuou querendo argumentar, mas os outro deram razão pediram desculpas e arrastaram o amigo bêbado. Grrrrr

A rua estava muito cheia e barulhenta. Cheiro de álcool, cigarro, perfumes e não sei mais o que. Gente passando mal. Imagens deploráveis. Deixei a ração na portaria e fui no pique para o Anhangabaú. Recebi mensagem da Soninha dizendo que já estava indo. Como imaginei, nem nos encontramos. :(

No vale do Anhangabaú o clima estava melhor. Muita gente no palco do Jazz. Dei uma volta, mas não achei o pessoal do Baque Bolado. Nem cogitei ver o Sandália de Prata, não dava nem para chegar perto do palco do samba! Voltei para casa no mesmo pique, querendo não ter saído mesmo. Às vezes a gente se força a sair e não se arrepende porque vale à pena, mas não foi o caso.

Se o seu corpo não quiser nem um pouquinho, vai na dele. Ele sabe. Não sei como, mas sabe.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Amigos ~ * ~ Balanceando...

Tomei uma decisão importante neste momento da minha vida (que confesso não sei por quanto tempo a manterei, mas sei que não é algo para toda vida): parei de pedir ou esperar atenção das mesmas pessoas que amo, mas que por um motivo ou outro nunca - ou muito raramente - podem dividir comigo os tantos momentos que considero seriam mais especiais se vividos junto.

Enfim, não deixei de amar ninguém, só decidi parar de olhar para o que não tenho e passar a olhar para a riqueza do que me cerca e do que - modéstia completamente a parte - sou. :)

A semana passou voando, mas foi muito boa. A decisão que tomei poderia parecer algo assim como "se entregar a solidão", mas não foi. Além de curtir mais as coisas simples (minha casa, cama, gata, net), para minha surpresa, a semana foi cheia de encontros bons e não programados.

No sábado recebi ligação de um amigo que estava perto de casa e resolveu me fazer uma visita. Dessas pessoas qua a gente não acredita que fica tanto tempo sem ver... porque sempre parece presente! Tomamos garapa, conversamos pouco até... tomei um bom banho, ganhei massagem e apagamos. Não sei se frustrei expectativas, mas - sem querer parecer egoísta - as minhas foram superadas. Não esperava nada, mas ganhei muito: a companhia de alguém com quem me sinto bem e a vontade, capaz de respeitar os meus não-quereres sem eu nem ter que explicar! :)

No domingo acabou calhando de encontrar uma amiga que gosto muito: já foi minha chefe e é minha "madrinha acadêmica" já que foi quem me incentivou a prestar tanto a graduação quanto o mestrado. Ela é assim: alegre, inteligente e prática. Acabava de voltar do aeroporto. Teve que ir pagar a taxa de embarque do marido que estava no Uruguai e não conseguia voltar porque o cartão de crédito internacional, não funcionava - já passei por isso e não gosto nem de lembrar! Mas sentamos em um lugar bem gostoso na Santa Cecília, comemos espetinho, tomamos uma cerveja, papeamos e retornamos a nossas casas. O que acho engraçado é que ela sempre diz tchau como se fossemos nos ver daqui a pouco, assim como o oi é como se tivéssemos acabado de nos ver! rsrs

Na segunda outro amigo me chamou para um Jazz, mas acabei recusando na esperança de estudar e adiantar algumas coisas em casa. Assisti ao CQC e fiquei na net até às 5h da manhã!

Terça assisti A Liga, programa que estreou com quatro jornalistas acompanhando moradores de rua durante 24h. Desliguei a TV com a cabeça e o coração pulsando lembrando de várias coisas que até pensei em começar a escrever, mas... como um amigo do trabalho estava passando perto e fazia tempo que me devia um drinque de pimenta do qual sempre fica fazendo vontade, fomos até o local, mas já estava fechando - se tivéssemos ido à pé, talvez tivesse dado tempo! :P Mas tudo bem. Ficamos um tempo conversando no carro, o papo se estendeu, mas resolvemos não inventar de tomar cerveja em outro lugar porque já era mais de 01h!

Ontem um amigo estava comemorando o aniversário em um bar há duas quadras daqui. Pessoa que não ia muito com a minha no começo, mas que trabalhando junto o ano passado descobri o quão especial era! Quando já nos dávamos bem e até tinha me apegado ele decidiu sair da Subprefeitura, desmotivado e frustrado de não ter recursos para fazer nada, podia ter continuado no cargo recebendo um salário razoável, mas decidiu abrir mão. Fiquei triste de ter saído, mas feliz com sua atitude. Foi muito bom reencontrá-lo ontem.

No caminho do Bar B encontrei um conhecido da faculdade. Pessoa que sempre me chamou a atenção, que sei lá porque sempre me pareceu especial, mas com quem nunca tinha chegado a fazer grande amizade, pois já era formado e só aparecia por lá de vez em quando. O convenci a ir para o bar comigo e foi muito legal! Ele também faz mestrado e quando está em São Paulo é meu vizinho, mas apesar da proximidade da casa, não recusei a companhia - que foi muito agradável e respeitosa. :)

Hoje tinha convite de uma amiga nova - que conheci por acaso semana passada - para ir à pizzaria em que nos conhecemos, pertinho de casa também. Rolou uma puta empatia entre a gente e o lugar tem esfihas que adoro! Mas optei por vir pra casa e tentar dormir mais cedo.

O engraçado é que nada foi programado, o legal é perceber que existe mais gente legal no mundo - mais acessíveis que os "mais-mais" - e que, para quem está querendo aprender a querer menos, eu tive foi muito! E deu vontade de dividir aqui o quanto foi simplesmente bom!

Ah! Também conversei pelo msn com um amigo muito especial que não vejo há muito tempo! Nem preciso dizer que foi muito bom, né? Mas tudo isso resolvi escrever porque não me saia da cabeça uma música da Mariana Aydar que adoro e que me lembra demais alguns amigos:

"Você é a visita que eu gosto de ter em casa
Só não vá confundir todo esse amor
Se eu te dou carinho é só pra ser bom
Nunca passou de amizade
Não vá confundir então o coração
Nunca passou de amizade"
:)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Tempo, tempo, tempo

Hoje saí da aula de manhã com a cabeça fervilhando! A aula de sociologia do trabalho é excelente, mas hoje peguei umas frases "meio assim" que não queria deixar de comentar, mas...

Precisava fazer coisas do trabalho que não podia deixar pra depois e foi o que fiz, até o cansaço e frio da sala me incentivarem a fazer qualquer outra coisa.

Fui dar uma volta e me perdi. Mergulhei em assuntos extensos e nadei fluidamente, sem resistência, como se a água não fosse nunca acabar. Esqueci. Não quis lembrar que não podia me deixar nadar tão longe. Quando meu rio findou, senti como se um vento forte de chuva me levasse pra fora. Tanto lugar, mas ele rodopiava bem aqui, dentro de mim. Escorei no corrimão da escada e ao olhar para o céu fui captada por um vermelho intenso e imenso limitado por algumas nuvens escuras que estavam bem ali, só ali. Um vulto passou e foi embora. Fiquei imobilizada, hipnotizada. O vermelho foi aos poucos me invadindo e tomou conta do meu peito. As nuvens se viam em meus olhos, onde, quase que por magnetismo, resolveram ficar.

Voltei pra minha sala com um par de nuvens nos olhos. Não tinha nem como disfarçar! Mas não choveu. As traguei e foram pro meu peito aliviar a ardência daquele vermelho fogo. Suavizou-se. E sinto que algo passou. Mas o que foi mesmo?

Aliviada, já posso respirar e até fechar os olhos brevemente. Apesar das descargas por conta do susto, e de ainda sentir que algo pasó.

: j