terça-feira, 18 de maio de 2010

A Virada virou… Bagunça? (parte I)

Deixei para ir para a Virada Cultural depois da meia noite, pois as apresentações que queria mais ver seriam às 2h e às 3h da manhã. O frio não animava, mas mandei mensagens para ver se rolava alguma companhia. A Soninha respondeu contando para onde estava indo, contei que estava quase desistindo, mas até animei, só que sabendo que ela só estava agüentando pela filha, o ânimo que já era pouco deu lugar ao cansaço que baixou e pesou. Decidi que precisava descansar pelo menos 10 minutos.

Claro que foi o tempo exato para não conseguir mais manter os olhos abertos. No entanto... Carmensita, minha gata, resolveu usar sua técnica de não me deixar dormir derrubando coisas no chão. Não tinha nada de ração em casa e ela foi direto no vidro de perfume! Ele felizmente não caiu no chão, mas eu levantei num pulo para salvá-lo e ok. Ela venceu.

Coloquei meia, calça leg, saia grossa, blusa de lã, cachecol, bota e sobretudo. Sim, estava muito frio e não queria sair da cama, muito menos de casa! Mas como tinha que comprar a ração, já aproveitava e ia assistir o Baque Bolado (grupo de maracatu do meu professor de dança) e a Elza Soares com o grupo Sandália de Prata (de uns amigos que assisti muito na adolescência cantando MPB no barzinho que freqüentava e que hoje fazem um super sucesso com um grupo excelente de samba-rock).

Desci e encontrei o porteiro pedindo desculpas e discutindo com quatro meninos adolescentes. Estranhei porque ele é muito gente boa. Fiquei ali olhando para entender o que estava acontecendo. Um dos meninos estava fazendo xixi na entrada do prédio e... no terceiro aviso para parar tomou um tapão na orelha. Os meninos estavam argumentando que não sabiam que não podiam fazer ali, que não eram daqui e que ele não podia encostar neles. Irritei. "Pedi" para pararem com a palhaçada e falei que era nítido que não eram daqui (o que o Cícero fez não foi nada comparado ao que outros fariam!), alegar que não sabem? E a educação? Todos branquinhos, arrumadinhos com cara de filhinhos de papai! Um deles continuou querendo argumentar, mas os outro deram razão pediram desculpas e arrastaram o amigo bêbado. Grrrrr

A rua estava muito cheia e barulhenta. Cheiro de álcool, cigarro, perfumes e não sei mais o que. Gente passando mal. Imagens deploráveis. Deixei a ração na portaria e fui no pique para o Anhangabaú. Recebi mensagem da Soninha dizendo que já estava indo. Como imaginei, nem nos encontramos. :(

No vale do Anhangabaú o clima estava melhor. Muita gente no palco do Jazz. Dei uma volta, mas não achei o pessoal do Baque Bolado. Nem cogitei ver o Sandália de Prata, não dava nem para chegar perto do palco do samba! Voltei para casa no mesmo pique, querendo não ter saído mesmo. Às vezes a gente se força a sair e não se arrepende porque vale à pena, mas não foi o caso.

Se o seu corpo não quiser nem um pouquinho, vai na dele. Ele sabe. Não sei como, mas sabe.

3 comentários:

Katia Portes Leão disse...

Estrellita,

Veja só: tô nesse pique aí.
Dormi a sexta, o sábado e reservei o domingo pra ficar de olhos abertos. Esse fim de semana não fiz absolutamente nada. Deixei o mundo no OFF.

Queria mesmo ir pra virada e quase fui. Mas... toda vez que meu corpo se mexia pra tomar a iniciativa de vestir, trancar, sair... eu pensava naquela multidão de gente vomitando no teu pé, aquele cheiro de disposição pra briga! Ano passado quase arranquei meus cabelos pra voltar pra casa - num onibus absurdamente lotado, uma fila quilometrica, e um bando de aborrescentes furando fila, tumultuando, machucando gente. É claro que as condições do camburão / busão negreiro não eram fantásticas. Mas um pouco de maturidade? Faz falta. E sinto isso quando tô na virada. Que muita coisa é perigo. Que qualquer idiotice pode causar um puta problema.

Vai ver sou eu que envelheci antes do tempo.... rs


Beijo.

Ralf R só-a-consciência-no-ato-salva! disse...

Eu reparei mesmo que está tendo uma espécie de degradação do convívo público... Não sei se é mais dinheiro pra beber sem educação pra ter noção de outras alternativas - sei lá o quê!

E se a virada... cultural foi assim, imagine só como será a ex-Parada Gay... ou g-AI!!!!

Ana Estrella Vargas disse...

É minha flor... estamos ficando velhinhas... rsrs
Mas tem coisas e coisas pra se fazer e, com o pouco tempo de que dispomos, precisamos optar pelas mais saudáveis!

Ralf, uma pessoa até comentou que estava parecendo a Parada Gay - acho que pela música eletrônica e quantidade de gente - mas meu porteiro disse com convicção baixo seu sotaque nordestinho que a Parada é melhor, não é tão bagunçada e são mais civilizados (ou algo assim) - acredite! :)

Também teve a parte boa que ainda não tive tempo de contar.
Em breve - não percam - a Parte II! :D