sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Não parece, mas é primavera!

Hoje fui para o psicólogo, olhando o celular, na esperança de chegar uma mensagem de cancelamento – coisa mais rara, mas não impossível. Estava tão cansada, esgotada, sem energia, e me sentindo em um pico de tensão e ansiedade, que não queria ter que me locomover para nada.

Estava triste porque, apesar de ter conseguido tudo o que queria, sinto que o corpo não está dando conta – e com essa... eu não contava! Tensa porque o boleto do novo aluguel vai chegar e não sei se até o vencimento consigo levantar a grana. Se tudo der certo sim, mas minha fé anda meio desorientada...

Claro que a tensão vem de muitos lados: da minha primeira tradução de livro que queria já ter terminado e entregado, das atividades a corrigir acumuladas, das pequenas múltiplas coisas da vida pessoal a resolver, do material da próxima disciplina que em poucos dias inicio. E da organização da casa nova, que sempre fica para depois!

Mas não há nada como conversar com um profissional! Amo meu psicólogo por isso, porque saio mais tranquila e recobro os sentidos e razão. E a primeiríssima providência é cuidar da minha alimentação para que só ficar de pé não consuma todas as minhas energias! E as outras coisas... ah, as outras eu tiro de letra, assim que melhorar!

E para isso me tirar um pouco o peso da minha auto-cobrança constante ajuda muito!

E ajuda mais ainda, claro, estar em um trabalho que gosto, com pessoas que gosto, trabalhando na minha área, estando abaixo de gente que confio. Somando isso a finalmente estar morando no centro, em um AP perfeito pra mim, em um prédio lindo, com um zelador incrível, com vizinhos bacanas, com localização perfeita...

Confesso que é tanta mudança que, às vezes, me sinto estranha; é que não parece que é minha vida, sabe?

Ainda não deu tempo de parar para assimilar. E também... antes parecia que se coseguisse voltar para o centro e voltar para um trabalho que gostasse, tudo estaria resolvido, e não está. Pelo visto, porque, como diz meu psicólogo: não é o final, é o começo.


E ainda que o dia esteja cinza e chuvoso... É primavera!!! =)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Jantando com o inimigo

Com frequência quero que as coisas saiam no meu tempo, o quanto antes. Com frequência, no entanto, percebo que tenho que aprender a esperar... afinal de contas, todo mundo tem os seus problemas, assim como eu.

Eu mesma, ainda estou no processo de desapego, numa etapa mais avançada, mas, ainda! Entendi que de fato não preciso de tantos móveis, assim como não preciso de tanta roupa, tantos sapatos, tantos papéis, etc, etc, - e coloca etcetera nisso!

Semana que vem, portanto, farei uma festa para vender para os amigos tudo o que lhes interessar, na seguinte, tudo o que sobrar vai para anuncios na internet.

Minha mãe diz que não é a gente que tem as coisas, são as coisas que nos tem – e é verdade, a gente está sempre trabalhando em função de manter tudo o que tem (seja pagando aluguel, pagando diarista ou perdendo os dias de descanso fazendo faxina), ou então, comprando ainda mais coisas!

Discordo dessa lógica capitalista e já passava da hora de passar da teoria à prática e levantar a bandeira da economia solidária (comprando de pequenos produtores e trocando ou vendendo entre amigos): assim a gente se ajuda mais e destrói menos!

E digo mais: não são só nossos bens que tem valor. Tem valor ainda maior nossa imagem, nossas ideias, conhecimento, contatos... Por isso decidi juntar isso com a expertise de alguns amigos para produzir um material gráfico. Mas esse é surpresa!

Todo problema carrega em si uma semente de oportunidade e transformação. Acredito mesmo nisso. E percebo que as adversidades têm me exigido mais, me obrigando a desenvolver o potencial guardado para depois. Queria tantas não, mas fazer o que? As que chegarem vão virar sopa para a janta!

Levantar a grana já não é mais o maior problema. Agora é organização e foco, para dar conta de tanto invento ao mesmo tempo – sem enlouquecer os amigos! rs... 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Saga de Viver em Sampa

Querido Muro das Lamentações,

Continuo sem saber onde vou morar no próximo mês. Encontrei um apartamento de 2 quartos que gostei e que aceita depósito! 3 meses de aluguél são R$ 4.500, não sei bem de onde tirar esse dinheiro, mas se vender todos os móveis posso conseguir um valor aproximado. Só não sei se consigo segurar o AP enquanto levanto o dinheiro.

Por via das dúvidas, hoje vi outros lugares e encontrei um incrível, com dois quartos e sala grande, como queria para poder fazer as aulas e bailes de tango, a cozinha é espaçosa e a área de serviço é como uma varanda, imensa! Dá para colocar uma mesa até! No total, fica apensa R$ 100 a mais que o outro, mas neste o depósito inclui o condomínio e IPTU, o que significa que teria que levantar R$ 5.700! Fiquei tão feliz na hora, mas depois fui caindo na real... e a tristeza se apossou do meu corpo.

É verdade que quando passei no vestibular também fiquei triste, e no final das contas, consegui pagar os quatro anos em dia. Mas naquela época, o salário da Prefeitura não estava tão defasado. Hoje mesmo com o reajuste de 40% consedido pelo atual prefeito, é dureza!

O aluguel sei que consigo pagar. O que não me falta é trabalho, disso não reclamo - mesmo! Mas essa garantia... fiador de São Paulo, Seguro Fiança ou 3 meses de depósito. Não sei dizer o que é mais difícil! Se ao menos não tivesse usado meu crédito para limpar o nome da pessoa que ia morar comigo, estava fácil. E quando é que é fácil, né?

Parece um beco sem saída! Sei que vou achar um jeito de pular esse muro, mas em meio a tudo isso, já não encontro minhas forças...

Estou tão, literalmente, cansada! Mas não posso me entregar à cama ainda. Preciso tirar foto dos móveis para anunciá-los o quanto antes.... e acender uma vela! Quem sabe assim um milagre me encontra?

terça-feira, 4 de junho de 2013

Carta Aberta a Deus - questões da habitação

Querido Deus, como vai?

Resolvi te escrever porque não me conformo com as dificuldades que estou enfrentando no momento e que boa parte dos paulistanos passa, nas quais talvez seu mandato possa interceder de alguma forma.

Tive alguns problemas no decorrer do ano com as medicações e algumas frustrações da vida, mas estou confiante de que finalmente encontrei o remédio certo e não vejo a hora de voltar a trabalhar! Mas antes, porém, quero muito mudar de casa - por vários motivos. O principal deles: o barulho das obras.

ð     É toda forma de barulho, muitas vezes antes das 7h da manhã, causado pela obra do prédio que estão construindo aqui - e seus caminhões que chegam de madrugada para descarregar (porque foram proibidos de circular de dia). Agora, já subiram um muro em frente à varanda e o barulho de lá incomoda menos, mas não posso dizer o mesmo da reforma que iniciaram no apartamento de cima, cuja bateção começa pontualmente às 7h da manhã.

ð     Solução? A Soninha, quando vereadora, conseguiu aprovar uma lei que passava o horário limite de silêncio de 7h para 8h da manhã, no entanto, na época, claro, os empreiteiros alegaram qualquer coisa e o Kassab, então prefeito, vetou. Mas agora, com a maioria na Câmara, o veto poderia ser derrubado, não? Não resolve tudo, mas ajudaria consideravelmente.

Já para me mudar... a parte mais difícil deixou de ser encontrar a casa ideal a um preço pagável, por incrível que pareça. Até ontem tinha conseguido alugar lugares que aceitavam minha mãe (que tem casa em Teresópolis) como fiadora, mas agora, está quase impossível achar alguém que aceite fiador que não seja da capital, pois há algo (suponho) mais intere$$ante a eles: o Seguro Fiança da Porto Seguro.

Um dia a gente acaba se rendendo às exigências do mercado, fazer o quê? Juntamos para isso todos os documentos meus e do meu pai (que agora é funcionário do Governo do ES), mas não consideraram que era suficiente e perdemos a casa.

Encontrei outra casa, menor, mas toda charmosa (na Bela Vista também – quase tão improvável quanto dois raios caírem no mesmo lugar). Desta vez, incluí os dados da minha mãe (e as 3 declarações de IR), mas ainda assim, RECUSARAM! E estou mais uma vez perdendo outra casa e quase perdendo a cabeça também, pois não sei mais o que fazer!

Pela primeira vez na vida meus pais tem condição financeira de me ajudar de alguma forma, mas a seguradora conclui, sabe-se lá com qual critério, que não. Submeter-se a avaliação deles é tão humilhante, tão indigno! Podia imaginar todo tipo de cálculo maluco, menos que recusassem mesmo que comprovássemos que temos como pagar.

Certamente há problemas muito maiores que esse na vida, especialmente na Habitação da nossa cidade, não tenho a menor dúvida. Mas é um drama real - e que toda a faixa daqueles que “não ganham tão pouco para ter direito a um benefício social e nem tanto para poder juntar os 20% de entrada numa casa” passa. Por isso te escrevo.

Não sei qual a solução, mas tenho certeza que sua assessoria tem condição de propor algo razoável. Sei que a outra possibilidade é fazer um Cartão Aluguel da Caixa, que acaba saindo mais ou menos metade do preço, mas que as imobiliárias, no geral, não aceitam.

Hoje um amigo me disse que posso “comprar um fiador” (!!!). Só preciso pagar para eles o valor de um aluguel e mais R$ 100 pelos documentos. O mercado se ajeita. Mais em conta e mais prático, mas claro que não muito legal (em ambos os sentidos). Titubeei, e era tarde. A corretora informou que daria prosseguimento a documentação do segundo interessado.

Estou pensando em vender tudo e ir morar na Zona Sul, mas isso significa desistir da prefeitura definitivamente, pois a única forma que encontro de continuar na PMSP, é morando perto para poder conciliar com outros trabalhos. Sem isso, sem chance.

Enfim, peço desculpas pelo desabafo, mas considerei pertinente. Sempre tento achar algo positivo nas coisas que me acontecem (e principalmente nas que não acontecem). Não estava achando, passei o dia inteiro me lamentando, até que me deu o click: não posso fazer nada, mas posso comunicar a quem pode. =)

Esses dias fui ao aniversário de 80 anos da minha faculdade e vi uma pichação que dizia “o urbanista de SP é o capital”. É só olhar para o lado e constatar: o prédio novo da FESP quase cobre o Casarão, e ao lado, claro, mais um terreno que virou estacionamento. E aquela proposta de IPTU progressivo... será retomada?

Bom, já escrevi demais. É muita coisa. Espero que o relato possa ser útil de alguma forma. Precisando, estou por aqui.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Virada por baixo e por cima

O gosto por resolver problemas é de tempo. Desde criança sentia uma espécie de água na boca quando via um amontoado de contas para resolver e ter o prazer único de tirar a prova e corrigir eu mesma! Ainda que, o ápice mesmo, eram as provas, pois como eram mimeografadas, não precisava copiar, era só fazer!

Engraçado pensar que podia ter passado no concurso da Nossa Caixa, não tivesse mudado a resposta de uma questão que não tinha dúvida. Mas isso poderia ter me afastado de conhecer formas de resolver problemas que me atormentaram - infinitamente maiores.




E foi justamente na Prefeitura de São Paulo que o destino me fez chegar. A sorte foi não me largar por lá sem antes iluminar a saída. Foi assim, também de repente, que fui parar na Escola de Sociologia e Política, onde descobri que existia um curso para o que sempre quis fazer: resolver os problemas das cidades / sociedades.

Fácil não, mas como não sei largar o osso, também prazeroso. É que, quando se me apresenta um problema, meu cérebro fica feito um programa de desvendar senhas: vai testando todas as combinações possíveis, até encontrar a certa!

E é assim, meio que no automático, que vivo inventando políticas públicas, das mais variadas! Assim como também as avalio, tirando o chapéu para umas, como o Programa Vai, e tendo vontade de jogar no lixo outras, como a recente mudança no tempo dos semáforos de SP que pode ter resultado exatamente o contrário do que pretende!

Mas tudo isso era só para dizer que... que não acho uma solução para a Virada Cultural de São Paulo.

Há poucas sensações tão boas quanto a de ver o centro da cidade transformado em uma espécie de parque, e ainda por cima, com muita, muita arte! - e com gente se reencantando, cantando, dançando, descansando nos gramados... 

Já vivi momentos inesquecíveis nas viradas desta cidade! No entanto, de uns anos para cá, há muitos espaços em que a virada do sábado para o domingo é de dar desgosto: além de ser muita, muita gente, são tantas pessoas bêbada, trêbadas, tanta fumaça de cigarro, cheiro de bebida, gente derrubada pelos cantos... que se tornou para os menos insensíveis algo realmente deprimente, quando não, assustador!

Nesta de 2013, pelos dados divulgados, foram em torno de 4 milhões de pessoas. Recorde de público, e também de problemas: 12 arrastões, 2 mortes e 1 senador (especialmente especial!) furtado. Não gosto do método "prático" (da direita em geral) de querer acabar com o problema acabando com tudo. Não mesmo.

Mas, por outro lado, se não houver uma avaliação e remodelação da Virada, a tendência é só piorar, tendo o índice de incidentes aumentado. Qual a solução? Gostaria de ter ao menos uma boa sugestão, mas ainda não a encontrei - e neste caso, acho que vou precisar pedir "a ajuda dos universitários".

De qualquer forma, quero aqui dividir o que vi e vivi hoje: fui com minha mãe e um amigo para o show do Renato Braz, no Pateo do Colégio (com o charme dos detalhes de todas as construções antigas ali em volta), já era noite, a lua brincava de se esconder entre os véus de núvens, a música era extremamente agradável, assim como o ambiente e as pessoas.

Mas me senti realmente presenteada, grata e perfeitamente contemplada por um momento: quando cantaram a música que segue, da qual sabia apenas o refrão, e ouvindo-a toda, percebi o quanto retrata exatamente este momento de vida: de reconhecer e não se culpar, mas sim, dar a volta por cima!



Chorei / não procurei esconder
Todos viram / fingiram
Pena de mim / não precisava
Ali onde eu chorei / qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei / quero ver quem dava
Um homem de moral / não fica no chão
Nem quer que mulher / lhe venha dar a mão
Reconhece a queda / e não desanima
Levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima!


domingo, 28 de abril de 2013

depressão nas estrelas

http://depressaonasestrelas.blogspot.com.br/

Moro em uma megalópole e, entre as estrelas que aqui vivem, ocorre algo previsível e preocupante.

Moro onde, há muito, megalomaníacos faziam de tudo para ter mais dinheiro e poder, transformando suas competições e loucos delírios na mais insana e caótica realidade.

Moro em uma megalópole, onde grandes estrelas parecem minúsculas e onde estrelas de todos os tamanhos estão se apagando e deixando de brilhar.

Moro em um país que tem 13 milhões de estrelas tristes, e destas, um terço vivem na cidade onde moro.

Mais de quatro milhões de estrelas perdem suas luas aqui, porque a energia que tinham caiu tanto que se sentem monofásicas, e assim, não podem mais ver a luz refletida em suas ações.

Mais de quatro milhões tentam seguir “adiante”, sem saber onde essa via vai dar, sem saber como dela sair, e, menos ainda, como é que aqui se permanecerá.

Muitas das minhas visinhas tomam as “pílulas mágicas” e seguem fazendo tudo igual, evitando pensar quê sentido faz, se é que faz.

Muitas outras, no entanto, com ou sem as pílulas, preferem parar para tentar entender e procurar uma saída ou outra via.

Mas, se por um lado, sair do turbilhão é bom, por outro, se sempre vivemos nele, viver fora dele... é possível? Como faz?

Daqui, não me parece haver espaço para tantas estrelas juntas, por isso prefiro não arriscar - pois sei que fuigiria, me afinando até virar só um fio de luz, mesmo sabendo do desgaste que geraria ao corpo.

Mas daqui, também achava que a saída era real e estava próxima. Agora, já não sei mais o quanto da possibilidade de voltar a brilhar é ilusão, desejo ou miragem.

Mas sei que o poço, na verdade, não tem fundo. Ele vai e continua sendo infinitamente, até dar no imenso espaço, onde nos encontramos com tudo o que criamos.

Milhares de peças que podemos ficar analisando infinitamente, sem saber se são reais ou imaginárias, sempre tentando agarrá-las para construirmos a escada de volta - bem bonita!

É por isso que uma estrela inativa pode virar um buraco negro: porque nosso inconsciente é como o espaço sideral. É bom olhar, conhecer, tentar entender, mas sem nunca se soltar do real.

Na megalópole, há de tudo: os que querem nos vender a luz, os que ganham sem saber que existimos, os que pensam que se deixarmos de existir poderão brilhar mais, os que têm certeza que é expertise pura, e, claro, os que não se atrevem a dialogar para não contrariar - já que é certo que enlouquecemos (porque preferimos dar passagem a quem não sabe frear).

Mas minha megalópole também tem tudo quanto é tipo de artista! E eles sabem conversar, transformar, dividir, fazer caber, recriar, provocar, mudar... e sabem que o que faz brilhar não é o figurino, nem a lantejoula, mas sim a essência do ser humano, estrela por natureza.