sábado, 2 de outubro de 2010

Um FDS + Q Especial – parte II


Estava super ansiosa de pensar em participar da caminhada da Lua Cheia que aconteceria naquela noite pelas bandas do Embu das Artes, pois além de poder caminhar ia poder encontrar o povo do Donde Miras. Antes, no entanto, não pude deixar de ir prestigiar os amigos na Biblioteca Alceu Amoroso de Lima em Pinheiros. Apesar da dificuldade para entrar por ter chegado com a casa lotada e ter perdido mais uma vez a apresentação do Baltazar com o Preto Soul, ainda deu para ver inteira a apresentação dos meninos, digo, de Zinho Trindade e o Legado de Solano.


Foi lindo demais! O som estava perfeito e o Zinho tem uma energia contagiante que só ele. Iluminado no palco, cantando todo de branco, honrando a história e trajetória do seu avô, parece até uma divindade. De pensar que essa pessoa tão espetacular quase se perdeu nas drogas quando muleque e que hoje distribui tanta beleza, alegria e energia às pessoas... é de se emocionar. Senti vontade de viver a vida toda entre essa energia e essas pessoas que admiro e amo tanto! Assisti aos "meus meninos" (somando o Manu e o Sandro Lima) com um sentimento imenso de gratidão aos deuses e a todos que colaboraram para que estivessem ali – maravilhosamente bem!

Terminado o show eu estava de alma alimentada, pronta para a caminhada! Mas... para a minha surpresa e desespero não encontrava o Baltazar, o Zinho não ia e o Manu que tinha colocado toda uma pilha também já não sabia. A concentração era às 22h no Bar do Binho, nos confins da Zona Sul, não tinha como chegar indo de ônibus. Voltei para casa triste demais... (o que o Mané fez não se faz)*, esperei o ônibus com um nó atravessado na garganta, puta da vida, olhando pra cima para não deixar que as lágrimas que vinham caíssem. Voltei pirando nas idéias, me perguntando se aquela que pensava que era uma família eu realmente podia dizer que também era minha, se eu realmente era bem vinda, se realmente pertencia àquele mundo que tanto me encantava...

Entrei em casa e soltei as lágrimas presas. O Arthur estava na sala e não tinha nem como disfarçar. Perguntou o que havia acontecido e no que expliquei que havia ficado sem carona ele se prontificou a me levar. Eu disse que já era tarde e que não era necessário, que eu já havia perdido o clima e tal, mas ele insistiu que eu ligasse. Liguei e apesar de ser meia noite, o povo ainda estava na concentração. Peguei as coordenadas e fui direto para o ponto de saída: um lugar na BR no meio do nada, num breu total. Quando cheguei ainda estavam saindo do Campo Limpo e por conta do breu voltei boa parte do caminho para encontrá-los em outro lugar.

Chegamos ao ponto de saída com três carros e ainda esperamos um bom tempo outros dois chegarem. Enquanto esperava me incomodava com o barulho, o cigarro e a bebida de boa parte das pessoas, várias que não conhecia. Claro que fiquei me perguntando se deveria ter insistido tanto para ir, se não teria sido melhor ter ficado em casa. Mas antes de começarmos a caminhar fizemos uma roda e procuramos pedir que houvesse uma relação de respeito com o local, que se tentasse deixar a cidade na cidade e que se procurasse pelo menos por um tempo caminhar em silêncio. Com exceção de uma pessoa que se ofendeu com o que eu disse e fez questão de demonstrar que não estava nem aí, todas as outras procuraram, ao menos por um tempo e dentro do que a condição alcoólica permitia, acatar o sugerido. :)


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