quarta-feira, 31 de março de 2010

BB o Q?

Recebi no twitter vários comentários sobre o BBB - pra quem tem a felicidade de não saber o que é: o Big Brother Brasil é um programa de TV que consiste em uma casa monitorada por cameras 24h com um monte de gente escolhida sei lá porque que vai eliminando um por um até sobrar só um, que é o vencedor e recebe um milhão de reais (se não estou enganada) - que está sua décima edição(!!!?).

Não respondi a nenhum dos comentários. Hoje o tal programa acabou! [ufa!] Não sabia que acabava hoje e não faço a mínima idéia de quem seja a pessoa que venceu [ufa²!!:] Iniciamente pensei comigo que nunca respondi a nada sobre isso por ultrapassar minha capacidade de compreensão. É realmente díficil entender como com tantas coisas interessantes e importantes (ou não) nesse mundo, milhões de pessoas ficam na frente da TV assistindo a isso. Mas em seguida pensei comigo que sou uma socióloga formada, não é grande coisa, mas não posso simplesmente dizer que não entendo sem tentar entender.

Bom, não entendo porque as pessoas gostam, mas entendo porque não gosto. Aliás, acho que não respondo mesmo por ser o tipo de coisa que me deixa deprimida. Explico:

O BBB segue uma lógica capitalista de disputa e de "vale tudo" pra ganhar. É um jogo mesmo e lá como a intensão é ficar o máximo de tempo possível vale fazer de conta que é legal, que se envolve com alguém, que isso e aquilo. Vale ser falso, vale queimar o outro, tudo pra ganhar um milhão!!! É isso que se insentiva!?!

E depois ainda querem criticar os políticos? Ao menos muitos políticos deixam a ética de lado por causas minimamente nobres, sejam elas arrecadar mais dinheiro pra campanha pra poder se manter no poder, seja pela governabilidade ou por um voto a favor do projeto de lei que se acredita ser importante. Nesses casos os fins até podem justificar os meios, apesar de que se formos dizer isso para os mesmos que assistem ao BBB, ficarão horrorizados e se bobiar ainda vão querer culpar o Maquiavél como se ele tivesse inventado isso! Como se não fosse isso o que entendeu que acontecia e não foi hipócrita de não reconhecer que em alguns casos os fins justificavam os meios, sendo que o fim neste caso é sempre o bem comum.


Pra mim um programa só mereceria ter tamanha audiência se utilizasse a lógica contrária. Se todos os dias (não sei qual a freqüência) no lugar de sair uma pessoa, entrasse mais uma. Aí sim, tendo que fazer a comida render para mais gente, tendo que combinar a limpeza da casa e o convívio - que pode tanto ser muito bom como muito ruim - tendo que aprender a decidir tudo em conjunto sem ninguém mandar em ninguém, aí sim quem conseguisse ficar mais tempo seria merecedor de um prêmio, fosse qual fosse. Aliás, só o que aprenderia já valeria a pena.

É mais ou menos isso que temos passado nas caminhadas do Donde Miras. A cada dia chega mais gente e é um desafio não só fazer a comida render, mas fazer os acordos valerem para que a turma que gosta de sair e beber não acorde a que dorme cedo e não perca a hora nos dias de caminhar, sendo que antes de sair temos que desmontar as barracas, tomar café, desmontar a cozinha, limpar o espaço emprestado, carregar os poucos carros com as muitas bagagens... ao chegar, todos querem tomar banho, no dia seguinte o sarau precisa ser organizado. E a gente "paga" pra ir e cada vez chega mais gente, porque apesar de todas as dificuldades não há experiência que se compare ao caminhar, conhecer, conviver e compartilhar.

É tão bom! E é só tudo o que precisamos aprender. :)

2 comentários:

F.I.O.N.A. disse...

MAGNÍFICA IDEA !!
ESTE BLOG DEBERÍA SER LEÍDO POR ALGUIEN DE LA GLOBO.... YO SE LO MANDARÍA AL POBRE PEDRO BIAL, PERO de qué forma, cómo?

Ana Estrella Vargas disse...

Lendo uma crítica do Humbeto Dantas (cientista político que admiro e gosto muito) sobre o BBB que agora está em sua 12ª edição, lembrei que tinha escrito algo. São quase dois anos e minha opinião não mudou, assim como o programa também não. O que talvez mude uma hora é o interesse por esse tipo de programa (esperança).

Mas o que pegou mesmo de reler, foi a saudade do Donde Miras! Que saudade de caminhar, de fazer arte, conhecer, se desafiar, superar, apredender algo com cada passo. Saudade imensa! Sou grata pelo que vi e vivi! :)