quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O amor tem dessas coisas...

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Carlos Drummond

Isso me lembrou uma história...
Certa vez, quando minha tinha morava no interior do Paraná, estava em sua casa um amigo conversando com o marido enquanto afiava o facão. Ficou horas fazendo aquele fio com extremo capricho. Quando por fim parou, vendo minha tia distraída, foi provocá-la brincando como se fosse fachucá-la. O homem apenas encostou o facão perto de seu calcanhar. Foi o suficiente para a perna dela começar a sangrar. O marido já ia pra cima do amigo quando se deram conta de que o sangue que jorrava era preto. Minha tia estava com tetano e não fosse a brincadeira, em pouco tempo teria perdido o pé. O sangue contaminado precisava sair. E assim ela se salvou, por um triz.

Voltando ao poema...
Se eu não me desesperei? Acho que nos primeiros momentos sim, mas depois... acho que percebi que precisava deixar sangrar e... me deu um subito de felicidade! Como se tivessem me dado de volta a liberdade - mesmo sem tê-la perdido.

E assim sigo...
Hoje?
Sorrindo!

: )