segunda-feira, 21 de julho de 2008

Entre o passado e o futuro

Há uns meses quando estava com minhas crises agudas com relação ao meu objeto de estudo (queria estudar tudo, menos o que já tinha escolhido há um ano), minha mãe me enviou um comentário perguntando por que eu não fazia minha tese sobre a vida dos nordestinos que vieram para cá (Rio-São Paulo). Ela afirmava que era muito interessante ouvir as histórias do meu padrasto, que segundo ela, é a mesma que a de 40 milhões de brasileiros. Sobre “as surras que levavam para aprender a suportar A VIDA DURA trabalhando desde os 3 anos de idade... até o cuidado dos seus netos que com tanta VIDA MOLE se transformam em bandidos ou viciados em drogas.”

É tão fácil cairmos em velhos e tão simplistas discursos. Há uns dias recebi um e-mail dela contando que só agora tinha visto a resposta do comentário, que lhe "pareceu genial". Quando li de novo, resolvi traduzir e colocar aqui. Mas, pensando bem... não consigo me imaginar escrevendo pra minha mãe em português, soa tão falso... e não é tão difícil entender o espanhol – não entendendo algo, é só perguntar – ainda sou professora. ;-)

“Mami,
por qué será que los padres siempre quieren que los hijos hagan lo que no hicieron?
Ponte a escribir un proyecto de maestrazgo, qué te parece?
Ah! Y sobre los drogadictos, eso no se da por no trabajar, sino, por no tener sus padres, que se pasan todo el día trabajando y además intentan olvidar o ocultar su pasado. Eso sí es un gran problema, lo que Hannah Arent llama de "la laguna entre en pasado y el futuro". Las personas rechazando el pasado y la tradición, cultivan un vacío en su interior que hace con que la vida no tenga ningún sentido. No tienen un hilo, están perdidos en el espacio. Eso hay que arreglarlo, pero al capitalismo, no le interesa nada, porque las personas compran más y más, intentando rellenar sus huecos negros. No saben que sólo las ideas pueden rellenarlo.”



Tá bom vai, eu traduzo, mas só dessa vez:

“Mãe, por que será que os pais sempre querem que os filhos façam o que não fizeram? Por que você não começa a escrever um projeto de mestrado?
Ah! E sobre os viciados, isso não se dá por não trabalharem, mas sim por não terem seus pais que passam o dia todo trabalhando e ainda por cima tentam esquecer e apagar o seu passado. Isso sim é um grande problema, o que a Hannah Arendt chama da “lacuna entre o passado e o futuro”. As pessoas rejeitando o passado e a tradição, cultivam um vazio dentro de si que faz com que a vida não tenha sentido algum. Não têm um fio, uma ligação, estão perdidos no espaço. Isso é necessário mudar, mas o capitalismo não se interessa nada por isso, pois as pessoas compram mais e mais, tentando preencher seus buracos negros. Não sabem que só as idéias podem preenchê-lo.”

Minha mãe gostou da sugestão do mestrado e disse que vai começar por estudar a fantástica Hannah Arendt, quem eu amaria ter tempo de estudar, e que um dia eu vou, ah si vou!


2 comentários:

Anônimo disse...

mamita linda
ahora Gunnar tiene un blog nuevo suyo propio
http://sampanoturno.blogspot.com

Pero bueno, cómo podría hacer un maestrazgo? Quién podría ser mi tutor?

Sobre "si no" y "sino" me parece que al primero le sigue un verbo y al segundo un adjetivo o substantivo...

Sigo buscando banda larga por cable....

Besitos

Maíra Moraes dos Santos disse...

Aninha,
Que saudades de você...
Hoje aproveitei um tempinho para ler tudo o que ainda não tina lido, percebi que desde abril não lia seu blog, mas é bom reconhecer em suas palavras você mesma, é como estar ao seu lado, ouvindo seus questionamentos....
Estou tomando coragem e criando um blog,dá para acreditar??? Mas agora vai fazer parte do meu trabalho... sempre ele... Se não tivesse que fazer na marra, não faria...
Um beijão com muitas saudades...
Maíra