sexta-feira, 25 de abril de 2008

Flexibilização do trabalho

Há muito ouvimos falar sobre a flexibilização das leis trabalhistas. Flexibilização que felizmente, nem chegou a ir a votação, no entanto, o mercado vai se transformando, com ou sem alteração de leis, e ainda por cima, dá um jeitinho de usar as existentes a seu favor.

Bom, depois que fui exonerada, pude perceber o quanto estava insatisfeita e até fiquei feliz com a idéia de trabalhar “por conta própria”: dar aulas, oficinas, participar de projetos, etc. A idéia de verdade me agrada, e foi a única maneira que encontrei de poder levar a faculdade a sério. O problema é que as coisas não são tão fáceis quanto gostaríamos, já estou há mais de um mês sem trabalhar, e as coisas começam a se complicar...

Felizmente, na quarta apareceu algo: fui assistente em uma entrevista com o Secretário de Planejamento de Santos, foi muito legal! Nem sabia quanto receberia, mas valia a pena de qualquer jeito, pois além de a entrevista ter sido muito boa, ver o mar... “não tem preço”... almoçar de frente pra ele tem, mas não fui eu que paguei! ;)

Na sexta de manhã, já tinha passado a noite acordada tentando terminar o trabalho de sociologia que deveria ter entregado na quarta, quando tocou o telefone. Era uma mulher de um instituto de pesquisas querendo saber se eu tinha interesse em trabalhar dois dias com eles. Claro que sim! Mas... pra quando? Hoje??? Olhei para o trabalho de sociologia, não queria ter que parar. O que eu ia dizer para a professora se na quarta já tinha dado a desculpa do “bico” que apareceu de última hora? Agora sim era de última hora! Não podia pensar muito, resolvi então perguntar: “qual o valor?” A pessoa me disse que precisava atender outra ligação e que já me ligaria de novo.

Enquanto ela não ligava fiquei pensando nas contas que ainda não sabia como pagar. Por mais que quisesse estudar, não podia recusar, principalmente porque era a primeira vez que me chamavam. A mulher estava demorando e me arrependi de ter hesitado e de ter perguntado o valor. Será que não voltaria a ligar?

Quando o telefone tocou de novo eu já estava pronta para dizer sim, indiferentemente de valor. Ela então explicou que pagavam R$ 50,00 por dia, mas como seria só meio dia, R$ 25,00. Nesse dia deveria confirmar alguns questionários de pesquisa, já no outro, que seria terça-feira, ficaria digitando e receberia R$ 0,50 por questionário digitado. Apesar do valor ser baixo, aceitei.

Alguns minutos depois já estava amargamente arrependida! Enquanto tomava banho xingava Deus e o mundo por ter que parar de estudar para ganhar R$ 25,00!! Mas já tinha aceitado, tinha que ir. Um amigo me ligou contando que iríamos visitar minha mãe em Teresópolis no final de semana, e fiquei mais revoltada ainda, pois não poderia ir: tinha que prestar concurso. Meses sem ver minha mãe e ia perder a oportunidade de ir sem ter que pagar nada! Quando descobri que o concurso seria só no outro domingo, a revolta passou e fui encarar o trabalho super feliz.

A pesquisa era sobre cosméticos (!!), o trabalho não rendia e as horas não passavam. Foi uma verdadeira tortura. A pessoa que me chamou explicou que tinha esquecido de avisar que para receber eu teria que participar da cooperativa, mas que se eu não quisesse havia outro modo de resolver a questão. Falei que tudo bem, mas depois que vi a burocracia que teria que encarar e me dei conta de que era uma cooperativa de fachada, decidi que não. Comuniquei no final do dia.

A notícia não foi bem recebida. A mulher chamou outra pessoa para conversar comigo que me explicou que pra continuar trabalhando com eles eu teria que me cooperar. Perguntei se eles sempre pagavam mal e falei que não tinha problema, pois não pretendia continuar. O rapaz, que eu já conhecia da faculdade, disse que não, que quando houvesse algo mais interessante eles me chamariam e dariam prioridade a mim por te me empenhado em uma pesquisa mal paga. Eu continuei recusando e ele disse que tudo bem, mas que eu demoraria um pouco para receber. Quanto? Uns 25 a 30 dias!! – Quase me descontrolo:

- Eu vou te matar! Deixei de fazer o meu trabalho de sociologia...

No final, fiquei de pensar e dar a resposta na terça. Se quiser me cooperar posso trabalhar, se não, não.

O mais legal e deprimente foi ter encontrado os meus veteranos da faculdade lá. Fui obrigada a perguntar:

- Não foi pra isso que vocês fizeram sociologia, né?
- Não, mas a gente tem que pagar as contas... fazer o quê?

As contas, as tais das contas!

No final das contas, não me arrependi de ter ido não. Tinha travado no trabalho de sociologia justo na parte da flexibilização do trabalho, que não me parecia algo tão ruim, porque ainda não sabia o que realmente era. Tive a oportunidade de ver e entender na prática!

O pior de tudo é que apesar de desaprovar completamente o uso da cooperativa dessa forma, estou pensando em me cooperar e ainda aceitar um outro trabalho de salário ínfimo no qual passei no processo seletivo. A vida passa, mas as contas não. Fazer o quê?

domingo, 13 de abril de 2008

Indignação

Juro que não entendo como dava conta de trabalhar e estudar! Preciso começar a escrever meu trabalho de sociologia, mas antes, preciso muito escrever outra coisa:

Hoje estava deitada na minha cama sem fazer nada... ou melhor, aparentemente sem fazer nada: estava pensando (como sempre) e, de repente, me dei conta do custo de estar ali deitada, sem supostamente fazer nada.

Ando meio angustiada de perceber que minha idéia inicial de ficar só dando aulas de espanhol para poder me dedicar aos estudos no tempo restante pode não dar certo. Várias pessoas têm interesse em fazer aula, mas efetivamente, parece que nenhuma tem o suficiente para conseguir um horário, marcar, comparecer, pagar, etc.

Não que eu faça tanta questão assim de ensinar espanhol, mas... me aperta o coração a idéia de ter que abrir mão de minha casa ou minha faculdade. É o plano B, ou C, no qual não quero nem ter que pensar.

Estava tranqüila porque sei que as coisas não acontecem do dia pra noite, porém, contudo, todavia, as contas não deixam de vencer, e a proximidade do fato vai fazendo com que a ansiedade tome o lugar da tranqüilidade.

A outra possibilidade é conseguir outro emprego fixo, que pode demorar ou não, mas que significaria abrir mão dos projetos que quero escrever... o que não me agrada nada. Ainda assim, é menos pior do que ter que abrir mão da minha casinha.

Em casa me sinto como em um oásis! Apesar de ainda não ter conseguido arrumar a bagunça de papeis, textos e contas, já consegui deixar os espaços mais aconchegantes e agradáveis: me sinto tão em casa em casa! J é tão bom...

Mas aí me dou conta do quão absurdo é que eu seja obrigada a trabalhar para poder deitar em um espaço abrigado no qual me sinto bem. Quem foi que disse que a Terra estava à venda? Quem foi que loteou? Para quem pagaram? Eu pago R$ 0.74 por hora, para poder ter uma casa, indiferente de estar nela ou não. O normal seria não estar, do contrário, como vou pagar? E isso que há mais pessoas morando embaixo e encima, ou seja, estamos todos usando um mesmo pedaço de terra!

Não sou marxista, mas acho fantástico quando o Marx afirma que ninguém é dono da terra, “somente seus usufrutuários”. Mas estamos tão acostumados com ter que pagar para poder viver, que o absurdo nos parece o contrário, como pode ser?

Tudo bem termos que pagar pela comida, que apesar da terra não cobrar nada para fazer nascer, há pessoas trabalhando no plantio, colheita, transporte e disposição, mas, não termos direito a moradia digna é demais! Claro que alguém trabalhou para construir, mas com certeza, alguém saiu ganhando muito mais, e com certeza, não foi o trabalhador.

Mas o que seria do capitalismo se as pessoas não fossem obrigadas a trabalhar e começassem a pensar? Isto é, se essa oportunidade lhes fosse dada e nutrida na escola, se tivéssemos aulas de filosofia, sociologia, psicologia... com professores que dessem aula por gosto e não porque têm que pagar o aluguel!

Isso não significa que eu ache que precisamos implantar o comunismo ou socialismo. Isso significa que acho que é preciso repensar já. E que precisamos começar por mudar a forma de educar.

Quero trabalhar por uma educação encantada, que pare de formar trabalhadores competidores e rivais e passe a transformar as pessoas em criaturas sábias, que sejam capazes de compreender, ensinar, aprender e conviver. Que possam trabalhar em prol de sua natureza (não hobbesiana), interna e externa. Ou como diz o Manifesto pelo Reencantamento do Mundo: Ser Humano e Natureza parceiros, mundo e vida construídos como Arte.”

Se eu conseguir usar esta vida para colaborar com essa transformação de alguma forma, morrerei satisfeita. Se não, com certeza, a morte será o meu maior alívio.

Minha casa-oásis


Minha casinha linda - em transformação.



O gatinho que fiz com materiais reaproveitados e reciclados. Não tenho como comprar presentes para os aniversariantes, mas posso fazê-los! Deu trabalho mas valeu a pena! Achei ele tão lindo!



Minhas adoradas plantinhas e minha amada Noite!



Bruxinhas...


Y otras cositas más!


quarta-feira, 2 de abril de 2008

O que eu ando fazendo que não escrevo?

Ontem um amigo ameaçou assistir "big brother" se eu não atualizasse o meu blog. Fiquei horrorizada com a idéia e jurei que hoje escreveria. Só depois descobri que blefou, pois ao que parece, o referido "programa", felizmente já terminou. Apesar de que, é o tipo de coisa que não deve ser difícil achar na internet...

De qualquer forma, já estava mais do que na hora de dar uma satisfação mínima.
Pela última postagem, vocês devem imaginar que me entreguei de vez à preguiça... mas não tem sido bem assim não.

A verdade é que não me livrei do vício do trabalho, fiquei feliz em sair da Prefeitura porque lá, não me deixavam trabalhar.

Agora, estou trabalhando na conscientização dos alunos da faculdade, todos os dias faço em uma sala diferente, e salvo um e outro inconveniente, tem sido uma experiência muito boa! Depois quero ver se escrevo um texto com base nessa "aula" que estou dando.

Uma coisa que me atrapalha bastante a vida é ter que vir ao laboratório de informática da faculdade toda vez que preciso usar a internet. Decidi então que para poder trabalhar em casa, preciso ter internet, mas como aprendi com minha mãe o método de recompensa... decidi que só contratarei o acesso quando minha casa estiver em ordem. Isso tem dado muito trabalho! Mas é uma recompensa por si só: minha casa esta ficando linda!!

Não sei se as coisas são realmente complicadas ou se eu que sou atrapalhada, mas... tudo me toma muito tempo! Por exemplo: para descobrir qual será o serviço de internet mais barato pra mim, terei que ligar nas empresas, falar com funcionários que farão de tudo pra me convencer, comparar as vantagens e desvantagens e... tem gente que adora fazer isso, mas eu, não tenho vontade não.

O que sei é que, superada essa faze, será muito mais fácil publicar novas postagens (com fotos!) aqui. E tem TANTA coisa acumulada que quero escrever!!

Desde que estou desempregada só consegui assistir a um filme. Sempre tenho um monte de outras coisas mais importantes pra fazer. Estou com os horários de sono bem desregulados: adoro trabalhar à noite e estou tendo que acordar cedo! Passo o dia morrendo de sono! E se encostar... já era!

Bom, efetivamente tinha coisas mais interessantes para escrever, mas, mais uma vez, ficarão para uma próxima. Amanhã tenho prova de política e na sexta de manhã preciso estar com o projeto de iniciação científica semipronto! Além de ter que entender algo de estatística, pois, como perdi algumas aulas, estou completamente perdida!! Ai. Preciso correr!