Estou ensaiando faz tempo para contar isso aqui. Não me orgulho não, mas estou usando drogas sim. E sem querer parecer clichê mas, de fato, a fase mais difícil é reconhecer que o problema existe e precisa ser encarado.
Lembro que um tempo depois que comecei a trabalhar na UBS, sabendo que boa parte dos funcionários tomava anti-depressivos, falei para o meu amigo com a boca cheia, alto e em bom som: “Eu NUNCA vou me drogar como vocês!”...
Mas a gente paga a língua! Algumas das pessoas que me acompanhavam mais de perto, conviviam e conheciam melhor, começaram a sugerir que eu procurasse um tratamento psiquiátrico. Mas eu me recusava plenamente, só aceitei tomar algo natural, e comecei com o Ginsen Brasileiro.
Sempre fui contra esse uso excessivo de remédios controlados.
Mas... depois de passar alguns meses em um trabalho que só me sugava e esgotava, ter alguns fortes problemas na família, e ter meu pedido de transferência ou liberação para exercício de cargo em outra Secretaria negado... quando chegaram as férias (com as quais não consegui descansar nada), fiquei sem meus apoios extras (psicanálise, terapias integradas, centro cardesista...) e não guentei segurar o rojão.
Sentia tontura, falta de ar, enjôos do nada. O coração batia de um jeito que chegava incomodava. Revoltava e chorava rios pelo menos duas vezes por semana, e se antes sentia que saía das deprês mais forte, agora eu já mal saía... "ficava na porta" até mesmo porque sabia que logo voltaria tudo de novo.
Sentia tudo, mas supostamente não tinha nada. A médica (que amo!) pediu uma bateria de exames (me tiraram 14 tubos de sangue!), mas na ocasião já disse com todas as letras que achava que eu precisava de remédios psiquiátricos sim.
Não sei se tomar remédios é a melhor solução. Na verdade, acho que não. Acho que poderia me curar perfeitamente se não tivesse que ir para um trabalho que me fazia mal e tivesse tempo de cuidar de mim e da minha saúde devidamente por um tempo. Mas, enquanto isso... quem segura as pontas?
No lugar de parar para nos recuperarmos, tomamos as “mágicas” drogas da medicina para trabalhar sem parar. E assim o capitalismo vai se mantendo, mais e mais. Não queria fazer parte disso, queria mesmo achar a força interna que tinha antes, mas me escapa. : /
É muito estranho tomar essas coisas... tem que tomar um para se sentir disposto e outro para poder acalmar ou dormir. São muitos dias perdidos na adaptação (e isso me irrita!). Fora a piração interna que dá na perguntação constante do que esses remédios estão fazendo comigo. O que vem de mim e o que vêm deles, sabe?
Os primeiros dias são sempre mais difíceis, antes pensava muito em parar, agora diminuiu um pouco. Mas apesar de tudo isso, me fiz um propósito de tentar aceitar essa “ajuda” porque precisava mesmo fazer algo que me tirasse do ponto em que havia travado.
Recusar, era um risco que considerei não ser adequado assumir no momento. Estava no limite e não podia me dar ao luxo de enlouquecer de vez - ao menos não por enquanto.
Não sei se dará certo, se terá o resultado que quero, mas se não tentar, não terei como saber. O único que tenho certeza, é que será por pouco tempo. Espero poder parar antes do final do ano. É uma das minhas metas. Vediamo! :)
O lado bom é poder ficar afastada do que me fazia mal e de justamente ter que fazer coisas que gosto para melhorar! =)
O lado complicado é que às vezes passo mal na rua, por isso sinto cada vez menos vontade de sair de casa, onde não fico exposta e me sinto segura. Estou me esforçando para estabelecer uma rotina e me reorganizar, é todo um processo, mas vou chegar lá!
Muito mais para falar e refletir sobre isso, mas hoje paro por aqui.
E se alguém quiser passar em casa pra fazer visita, conversar, bagunçar, etc, etc... é só avisar! Provavelmente estarei aqui - com a benção de mainha: cada dia melhor! ;)
2 comentários:
ah, então... talvez faltou dizer que não quero que ninguém sinta pena de mim não. sei que sou capaz de sair dessa, e vou. porque quando me proponho uma coisa, não desisto.
quis escrever mais que tudo para provocar a reflexão, tanto da dificuldade de aceitação, quanto da droga de vida que nos leva a usar essas drogas.
entendo que os remédios são paliativos e que o que precisamos mesmo é atacar a raiz da questão.
não acham?
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