meu velho blog... ficou registrado muito do que fui e muito do que sou, um tanto não escrevi, outro tanto se perdeu, mas o que fica é o essencial. - e nele se mantem a vontade de compartilhar o que a gente vai aprendendo no caminhar com as estrelas e veredas...
sábado, 28 de janeiro de 2012
Minhas companheiras se perderam no caminho
Alguém viu a minha força por aí? Não sei como, mas a perdi, e agora não consigo encontrá-la.
E minha alegria, alguém sabe onde se meteu? Ela estava sempre por perto e sempre dando risada!
Minha disposição então, não sei onde foi parar! Íamos a todos os lugares e tínhamos tantos planos!
Dizem que devem estar dentro de mim, mas não é possível! Eu sou tão pequena, e já procurei tanto...
Elas dever ter escapado pra dar uma volta e se perdido no caminho, só pode!
Se as virem por aí, digam que sinto muita falta, que a tristeza só me sufoca.
Peçam para que se guiem pelas estrelas ou pela lua, que não vou sair de casa.
Não vou a lugar nenhum sem minhas companheiras.
Vou ficar aqui esperando, porque sei que um dia encontrarão o caminho de volta.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Santa Chuva!
Saindo de lá, prevendo o ônibus lotado somado ao trânsito, resolvi voltar a pé. Como estava de bota, lá pelas tantas, meu pé doía muito e resolvi sentar em um lugar gostoso que vi, sentei na mesinha de fora, tomei uma coca, fiz uma ligação, vi que ia chover, mas resolvi terminar de saborear o meu momento sem pressa.
Quando finalmente estava chegando, faltando uns seis quarteirões, a chuva avisou que estava chegando também. Até pensei que talvez fosse como outro dia conceder-me novamente a gentileza de se segurar para que desse tempo de eu chegar em casa, mas não. Veio que veio! Desafiou. Disse vem e eu fui!
Não tenho medo de chuva não. Tenho medo de viver semi-morta e encontrar a morte já sem vida.
Santa chuva! Quando cai me sinto viva! Sinto que lava e leva embora o que não presta... e preenche de vida!
Não quero morrer de dor, mas também não quero viver anestesiada. Quero encontrar um equilíbrio, quero ocupar o meu corpo todo, me sentir inteira, e assim... repleta. =)
Como diz a música: “que a chuva caia como uma luva, um delírio, um dilúvio; que a chuva traga alívio imediato... e que os muros e as grades caiam”!
Obrigada chuva por me trazer de volta! Amo sentir o seu vento, a sua potência, o seu envolver e essa mistura única de carinho e força que revigora! Adorei nosso encontro!
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Tudo é exatamente como deveria ser?
Na semana passada fui fazer um exame em uma unidade de saúde da prefeitura e saí de lá pensando nisso, em como realmente tudo pode ter sua razão de ser.
Quando cheguei não havia ninguém na recepção e nenhuma placa ou cartaz informando para onde deveríamos ir. Fiquei um tempo aguardando até que fui atrás de outro funcionário e descobri que podíamos ir direto ao local. Fui com outra paciente que também estava tão perdida quanto eu. Encontramos próximo à sala mais duas senhoras e ali nos sentamos e começamos a conversar.
Pouco tempo depois chegou um senhor que me perguntou se eu ia fazer exame de uma forma que me incomodou, sentou para aguardar conosco, mas me senti tão incomodada com a presença que resolvi ir ao banheiro e dali fui para o jardim que era bonito e agradável. Tirei algumas fotos, mas não demorou nada para o segurança aparecer e dizer que não podia nem tirar fotos, nem permanecer no local. Ou seja, fui obrigada a voltar à presença daquele sujeito.
Minha intuição não estava equivocada. A pessoa era extremamente desagradável, falava alto, não ouvia, só se gabava de feitos dele ou de amigos com relação a bandidos que entraram no assunto não recordo como. Não demorou muito para dizer que havia gostado mesmo de quando a polícia invadiu o Carandiru.
Difícil conversar com uma pessoa assim, mas não costumo desistir de cara e tentei um pouco, perguntando se fosse um irmão dele ou ele mesmo, alegando que só está na cadeia quem não tem dinheiro para pagar um bom advogado e tentando compartilhar a compreensão de que não sabemos o que aquela pessoa passou e, portanto, não deveríamos julgá-la. Disse algumas vezes que não julgava ninguém, mas começou a ficar difícil não julgar aquele ser a minha frente.
Começou a me dar dor de cabeça, sentia a energia pesada do indivíduo e resolvi simplesmente parar de dar atenção. Peguei um papel “meditativo” meu e dei para a única paciente que ainda esperava, também incomodada, uma cartilha sobre violência contra a mulher, para “caso conhecesse alguém que precisasse”, mas mais que tudo, claro, para poder não dar atenção para o sujeito, que ficou extremamente incomodado e logo, felizmente, foi chamado para outro lugar.
Assim que essa moça que era a penúltima entrou, a anterior que saia do exame se sentou comigo e comentei do absurdo que tinha ouvido e do quanto o sujeito me pareceu desagradável.
Foi aí que tudo fez sentido, pois, por conta disso, ela não só concordou comigo, como dividiu sua história: contou que teve um filho viciado, que acabou roubando e indo parar na cadeia por conta do vício, além de ter se contaminado com AIDS. Contou que na cadeia ele virou evangélico, conseguiu parar, e depois teve dois filhos: um que nasceu com o vírus e morreu bebê e outro que nasceu sem o vírus e está com 08 anos. Lamentava que a mãe não a deixasse ficar com o menino, que agora tinha como padrasto um cara nada legal.
Perguntei qual era o sonho dela e respondeu com água nos olhos que era ter o menino, que lembrava muito o filho, ao lado. Sugeri então que fosse procurando se aproximar aos poucos dele, antes que fosse tarde, e que se ele estivesse sofrendo mesmo maus tratos, poderia reclamar no conselho tutelar e até conseguir a guarda. Ela ficou um pouco emocionada e disse que o faria. Entrei na sala mais tranqüila e satisfeita com a conversa.
A doutora era uma figura, com quem conversei muito. Saindo de lá, ia passando por o que parecia uma simples vendinha, mas ao ouvir a música Estrela que ali tocava, senti que me convidava a entrar e aceitei. Descobri então que dentro também havia um café, onde sentei, comi, bebi e fiquei admirando o universo de salgadinhos e doces que vendiam, lembrando do tempo de escola...
Senti que era um dia iluminado, desses que compensam os momentos complicados; senti que tudo era como deveria ser e que fazia parte da magia, encanto e mistério deste mundo! =)
Mundo... hora bonito, hora estilhaçado, mas sempre intrigante e envolvente, sempre pronto para abraçar e ser abraçado!