Humanizar.
Esse talvez seja o maior desafio da humanidade na atualidade.
E foi
justamente na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania que fui
parar este ano! Além de fazer muito sentido para mim, com o privilégio de ter
Eduardo Suplicy como Secretário, o privilégio foi dobrado de poder trabalhar ao lado
do meu ex-vizinho, Claudinho Silva, atual Coordenador de Políticas para
Juventude de São Paulo.
Claudinho é
negro, morador da favela, enfrentou duras realidades desde muito cedo, tem um coração de touro, aprendeu, lutou, abriu portas, e hoje, sou eu que aprendo com ele – e não só tenho orgulho
disso, como o admiro mais. Tivemos em comum, além do bairro, a base da Associação Comunitária Monte
Azul, que desenvolve um trabalho riquíssimo há mais de 25 anos ali. O que
vivenciamos com ela, entre tantas e tantos profissionais incríveis, certamente
nos compõem e permanecerá conosco até o fim!
No Monte
Azul, também tínhamos a Associação Trópis iniciativas sócio-culturais, da qual
fui “membro-fundador”, a qual posso dizer que foi minha estrutura-basilar. Nela
lutávamos contra o desperdício de
talentos – e ser ONG há 16 anos, era muita luta! Era pequenina ao lado
da Monte Azul, mas nos potencializava! Entre os que dela faziam parte, Gil Marçal e
eu entramos na Prefeitura de São Paulo e ficamos. Ele dois anos antes que eu,
na Secretaria de Cultura e eu passando por algumas (Gestão, Câmara, Subprefeituras,
Saúde e Serviços) no decorrer de 10 anos.
A diferença: passei num
concurso de nível médio na gestão Serra-Kassab e fui efetivada. De lá para cá,
foram inúmeras as vezes que concluí que deveria sair da Prefeitura, mas algo me
prendia. Entendo agora que quando trabalhamos na oposição, qualquer
pequena realização parece uma vitória, já quando somos situação, todas
as muitas ações que desejaríamos fazer, vão se colecionando com leve sabor de frustração. Daí a frequência da minha conclusão ter aumentado talvez – somada ao
fator financeiro sequelado pelos 0,01% de reajuste anual sobre um valor já
irrisório e ao tempo que fiquei sem cargo "de castigo" na Saúde, durante as gest Kassab.
Mas quando
a gente ama, não desiste.
Amo o potencial transformador das nossas ações, no caso, das políticas públicas. Além
disso, estar na Prefeitura de São Paulo significa estar na vitrine da
Administração Pública, pois o que é feito aqui pode ser visto pelos mais de 5
mil municípios deste país, ou seja, pode ter um impacto positivo indireto
incalculável!
Tenho visto
(aliviada!) muitas coisas boas sendo feitas pela gestão Haddad, e entre tantas, escolhi destacar esta que foi uma junção especial de forças boas, no campo macro: 02 instituições que são parte indissociável da minha trajetória se encontraram para firmar parceria fortalecendo algo mágico e lindo.
A Prefeitura de São Paulo inseriu no SUS o centro
de parto humanizado da Associação Monte Azul, a Casa Angêla.
Um lugar que garanta que nossas
crianças sejam recebidas com amor, desde antes, mas pricipalmente durante a chegada, com o devido
cuidado, é coisa rara. E que um gestor, ou melhor, três (Haddad, Padilha e
Claudinho), entendam a relevância desse cuidado e atuem para torná-lo possível
a mais gente, é digno de puro reconhecimento-gratidão-admiração! E não houve
quem não se emocionasse!
O parto humanizado vai contra o automatismo que se instaurou com a obseção pela velocidade. O ser humano hoje entra quase que numa produção em linha, às vezes até com hora marcada para nascer, como se fosse coisa, como se os processos naturais não tivessem sua real importância (de maturação, de experienciação). No entanto, depois, não se deixará de questionar a falta de humanidade. Não é óbvio que há algo muito equivocado?
É curioso perceber o quanto o tempo virou um tormento, a necessidade de fazer mais com menos nos tornou pessoas dissociadas do tempo natural. Tenho várias frustrações que vem disso (porque sempre quero colocar mais do que cabe!), não obstante, fui trabalhar justo onde sentimos que tudo demora mais, mas não é só porque o Estado é lento, mas também porque as coisas têm seu tempo, da constatação de um problema à solução dele há todo um trajeto.
E de umas semanas pra cá, vendo os resultados do que talvez há dois ou três anos foi desejado, entendo melhor isso e posso dizer que me sinto FELIZ com nossa gestão! Ainda pretendo sair da PMSP um dia, mas fico mesmo feliz e agradecida de fazer parte dela hoje! =)
O parto humanizado vai contra o automatismo que se instaurou com a obseção pela velocidade. O ser humano hoje entra quase que numa produção em linha, às vezes até com hora marcada para nascer, como se fosse coisa, como se os processos naturais não tivessem sua real importância (de maturação, de experienciação). No entanto, depois, não se deixará de questionar a falta de humanidade. Não é óbvio que há algo muito equivocado?
É curioso perceber o quanto o tempo virou um tormento, a necessidade de fazer mais com menos nos tornou pessoas dissociadas do tempo natural. Tenho várias frustrações que vem disso (porque sempre quero colocar mais do que cabe!), não obstante, fui trabalhar justo onde sentimos que tudo demora mais, mas não é só porque o Estado é lento, mas também porque as coisas têm seu tempo, da constatação de um problema à solução dele há todo um trajeto.
E de umas semanas pra cá, vendo os resultados do que talvez há dois ou três anos foi desejado, entendo melhor isso e posso dizer que me sinto FELIZ com nossa gestão! Ainda pretendo sair da PMSP um dia, mas fico mesmo feliz e agradecida de fazer parte dela hoje! =)
Sim, não
são só flores, os desafios são constantes, mas vamos aprendendo com eles. Aliás,
houve momentos no ano que estive a ponto de pedir exoneração, no último me apeguei à oração de São
Francisco – e foi justamente ela que cantamos, numa energia magnífica, de mãos dadas,
Prefeitura e Monte Azul juntas!
Sei que muita gente me vê como idealista e sonhadora, às vezes parece sonho mesmo, mas o que vejo é que é possível. A questão é que gosto de amar e realizar. E as ações não só acontecem, elas nos trasnformam e fazem desejar continuar. São como filhos! É fácil não, mas sempre se chega a alguma satisfação.
***
...E já quase findado este ano-duro, me chega hoje um novo desafio intersecretarial, que não fui capaz de recusar! Amo as pessoas e o que faço (trabalhar no Plano Juventude Viva), assim como o espaço na sua magnitude, no sentido de cada "caixinha" de luta que compõem a SMDHC, mas, se tudo der certo, em breve chego ao lugar que talvez seja mesmo o meu destino neste intenso trajeto.
Parto com o coração partido, de verdade, com imenssíssima gratidão às pessoas que ali me acolheram, mas ao menos, aprendi um pouco mais e é certo: parto mais humanizada ainda! :´)