quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A viagem

Minha viagem estava marcada para segunda dia 17/12... que sensaçao estranha dá saber que se vai cruzar o Atlântico - pelo menos a primeira vez. Apesar disso, tive a impressão de que a Maíra e o meu pai estavam mais nervosos que eu. Eu me mantive bem calma... até o momento em que quiseram barrar a minha garrafa de cachaça (!!!) aí fiquei muito nervosa! Não podia viajar sem minha cachaça! Me acalmei e consegui resolver: minha mochila teve que ir com as demais bagagens, e eu fiquei torcendo para que minha garrafa resistisse.

No primeiro vôo, ainda estava no ritmo de São Paulo, fui lendo. Ir até a Argentina primeiro (fazer o que?) só serviu para quebrar meus preconceitos, pois no pouco tempo que estive ali, fui super bem tratada. No segundo vôo, em um avião imenso, bem mais agradável, peguei a revista Cultura Periférica pra terminar de ler... mas, estava tão boa que resolvi prolongar o prazer e guardar o finalzinho para outro momento! Vim a maior parte do caminho dormindo, quando acordava, ficava pensando na vida... que vida!

Ao desembarcar, andei bastante até chegar na estação de metrô, apesar de não ser preciso sair do aeroporto para chegar lá. A atendente me explicou bem que linha tinha que pegar, onde tinha que descer pra fazer baldeação e onde, porfim, pegaria o ônibus para Sevilha. Claro que, como eu sou atrapalhada por natureza, o mais simples, às vezes, se torna um pouco complicado... por exemplo: fiquei me perguntando por que só a minha porta nao abriu, depois descobri que se vc não apertar o botão a porta do metrô não abre. O metrô é um bom lugar para reparar nas pessoas, as daqui parecem normais, como em qualquer outro lugar, a impressão que tenho é que eu é que não pareço normal (como em qualquer outro lugar)!

Aqui as pessoas também não levantam para dar o lugar para os idosos (pelo menos eu não vi) com a diferença que não há lugares diferenciados, nem plaquinhas informando da lei. Para fazer a baldeaçao, sofri um bocado, pois o elevador estava fora de serviço e as escadas rolantes só subiam. Eu quase cai descendo a mala por umas escadinhas já bem gastas, e nem assim houve quem se oferecesse para ajudar. Mas realmente, não se pode generalizar: me dei conta de que não sabia para que lado tinha que ir, era uma linha circular - pela lógica qualquer lado serviria, mas achei melhor perguntar - a mulher não tinha ideia, mas um homem que ouvia fez questão de ajudar, o trem chegou e mesmo assim, ele foi correndo até a placa para averiguar. Adivinhem: Era do outro lado. Dessa vez me preparei bem, coloquei a bolsa dentro da mochila e tomei mais cuidado ao descer. Fui obrigada a concluir que os brasileiros (homens) são mais gentis.

Para comprar a passagem para Sevilha, rodei um bocado até achar o lugar que instintivamente achei que fosse ao chegar. Apesar de ter uma fila imensa, consegui comprar a passagem para as 17h. Faltava menos de 10 minutos, e como fiquei uns 5 brigando com o orelhão para conseguir ligar para minha irmã... Desci a rampa rolante correndo (quase rolei também!), olhei a passagem e estava escrito Plaza:17”, tinha um ônibus saindo no 18, mas não era para Sevilha, eram 17h em ponto, não podia ter saído já! Procurei os ônibus mais próximos e no 14 estava o meu. O motorista de bigodes e bastante impaciente, brigou comigo (!!) eu expliquei que estava escrito plaza 17” e ele me respondeu que esse era o meu lugar no ônibus. Mandou eu colocar a mala la em baixo logo por que já íamos sair, mas demorou uns minutos mais e em seguida veio brigando com outro passageiro que tinha ido ao banheiro – com esse ele brigou mesmo, ficou um tempao resmungando! Mas era tão absurdo que todo mundo deu risada!

O caminho não era nada bonito, terrenos imensos de terra seca, sem uma árvore, sem um verdinho sequer, uma terra tão triste e mal tratada... supus que pelo inverno, quando apareciam árvores, eram todas iguais e tão enfileiradinhas que chegava a irritar! Dormi durante boa parte do caminho (de novo, como consigo?) depois da parada, nao consegui mais dormir e comecei a reparar no quanto aquela viajem era monótona: já não se enchergava quase nada da paisagem, a estrada era sempre igual, com poucas curvas, sem buracos e a velocidade sempre a mesma. Para quem já viajou de Curitiba a São Paulo com a Cometa... é exatamente o contrário. A lerdesa do ônibus começou a me incomodar, pensei comigo que deveria estar andando a 60km/h, mas como no mesmo dia já tinha voado a 950km/h, podia ser que fosse impressão minha. Resolvi então contar: olhava as plaquinhas que marcam os quilómetros e contava os minutos. Nos primeiros achei que estava certa 60, no máximo 70 por hora. Para tirar a dúvida continuei contanto e 12 minutos depois, pelas minhas contas, estávamos a 90km/h, concluí então que não sabia mais contar, pois não era possível, continuei contando. Depois de meia hora, fui obrigada a reconhecer que quando queremos comprovar algo, se o resultado da pesquisa não for o que esperávamos, não adianta aumentar a amostra, não vai alterar o resultado!

Depois que um casal de idosos desceu em uma província próxima a nosso destino, percebi que o ônibus começou a andar mais rápido: 10 minutos depois tinha certeza de que estávamos a 100km/h. Que falta do que fazer! Mas pelo menos utilizei um pouquinho minha matemática que era tão boa e anda tão enferrujada... Chegamos com 20 minutos de atraso (ele realmente estava mais devagar do que devia:). Minha irmã e minha sobrinha já estavam me esperando. É tão legal ser recebido na rodoviária! :)

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