quinta-feira, 13 de março de 2008

TRABALHO X ARTE

O lado ruim de estar desempregada é que... quando cai a ficha, a dor de cabeça, não dá para suportar! Por mais que razão e intuição se unam na tentativa de convencer que o drama de não ter como pagar as contas não chegará, a reação do meu corpo é automática: se não dói a cabeça, dói o estomago, quando não os dois.

O lado bom é que, superada essa faze inicial (que pode voltar a qualquer momento), é tão, tão bom poder ficar em casa!! Posso ler, escrever, ver um filme, arrumar minha casa... tanta coisa! Nem consigo acreditar! Apesar de que, muitas vezes, acabo dormindo... confesso que tenho dormido muito.

O mais complicado é que não tenho mais desculpas para não ler os textos da faculdade, e têm alguns que só de pensar já sinto sono! Mas finalmente vou poder estudar de verdade, para isso pretendo aproveitar meu tempo livre. Também não tenho mais desculpas para não limpar a casa, lavar a roupa... ai!

O que é mais estranho nisso tudo, é que antes não conseguia me imaginar sem trabalho, sempre gostei de trabalhar, desde criança. Lembro que minha mãe brigava comigo para que eu fosse dormir porque eu queria ficar trabalhando no bar a madrugada inteira! Até uns meses atrás amava o meu trabalho, me pergunto o que fez isso mudar.

A frustração de não poder realizar meus projetos, a percepção de que com a dedicação total e absoluta não tinha tempo de olhar para minha vida pessoal, ou ter começado a estudar o tema trabalho? Um pouco dos três talvez, mas o último com um pouco mais de parte quem sabe: Ler A Loucura do Trabalho (Christophe Dejours), Adeus ao Trabalho? (Ricardo Antunes), Direito a Preguiça (Paul Lafargue), dentre outros, deve ter afetado minha cabeça!

Paul Lafargue afirma que os homens deveriam ser proibidos de trabalhar mais que três horas por dia. Concordo com ele em partes, não consigo ser tão radical, fico em no máximo seis horas. O problema é que se hoje fosse instituído o meio período na cidade de São Paulo, certamente as pessoas encontrariam um jeitinho de ter dois empregos. Ou seja, para que funcionasse seria necessário investir fortemente em uma campanha de conscientização e em tratamento para os viciados, há muitos!

Eu mesma muitas vezes tenho vontade de me entregar ao trabalho de corpo e alma, me sinto útil e não tenho tempo para ficar pensando... quando fico muitos dias em casa, acabo entrando em depressão. Penso no quanto as pessoas não têm tempo de pensar no quanto as coisas precisam mudar, e se pensam, não têm tempo de agir para isso. E se têm tempo... querem descansar, pelo amor de Deus!

Mas assim caminhamos para uma vida que não tem tempo de ser vivida! E sem perspectiva de melhora... aliás, sem nem noção do que pode ser uma melhora!

Para São Paulo acredito ser fundamental e urgente a instituição do meio período e a flexibilização de horários. Se não, daqui uns dias, está cidade vai dar um nó! Por que todos têm que trabalhar no mesmo horário? Não faz sentido!

Mas estou cansada de dizer e repetir tudo isso!

No momento o meu drama é não conseguir me decidir com relação ao tema do meu projeto de iniciação científica. Por um lado sou apaixonada pelo tema Trabalho, para o qual estou me preparando desde o ano passado, por outro, o tema Arte fica me olhando de longe, fazendo charme de abandono, sem acreditar que não vou me render, me entregar a seus encantos. A arte é o que faz a vida valer a pena! Ela sabe que a amo, mas... o meu orientador tem razão quando diz que o homem está condenado a fazer escolhas o tempo todo. Se amamos mais de um, sofremos. Por que o amor tem que ser excludente? Por que temos que escolher?

Quero escrever dois projetos. Mas se até agora não consegui escrever nem um, com que tempo vou me dedicar a dois? É, acho que o jeito vai ser me dedicar a um e continuar só namorando o outro. Deixar de lado, jamais. - Na filosofia da Trópis o único que pode ser excluído, é a própria exclusão. :)

Um comentário:

Anônimo disse...

ESTO NO ES UN COMENTARIO SINO UN MONTÓN DE SUGESTIONES

qué tal EL ARTE DE TRABAJAR o el trabajo del artista o el trabajo como arte ????

y qué tal si todos fuesen al trabajo de bicicleta (o de bote, cuando lloviese.... todos remando por el Tieté Ay qué bello!)