sexta-feira, 16 de março de 2012

Quando um cruzar deixa um lembrar…

Não via a hora de entrar no avião, me acomodar e apagar.

Meu lugar era o último e na janela. Perfeito pra quem queria só se encolher, encostar a cabeça e não pensar em mais nada.

Mas a moça sentada na poltrona do corredor perguntou se eu não queria mudar de lugar com o marido dela que estava lá no meio. Queria sentar na janela, o lugar dele era ao lado da saída de emergência, com bastante espaço, mas não era o que eu precisava, precisava de um lugar pra encostar a cabeça.

A moça sentada na janela pediu pra mudar de lugar porque o banco não recostava e um moço gentil se dispôs a fazer a troca. Achei que era muito abuso da boa vontade dele pedir para trocar comigo também.

Começamos a conversar e de repente era como se nos conhecêssemos há tempos. Demos risada, descontraímos, fiquei com vontade de conhecer o país dele e me dispus a recebê-lo na minha casa e apresentar-lhe um pouco mais do Brasil, nossas comidas e cultura. Era como se nunca mais fossemos nos separar.

O sono bateu e fechamos os olhos para dormir, mas nossa poltrona não reclinava e era extremamente desconfortável. Não entendo porque ela faz aquela curva que nos obriga a ficar com a cabeça pra frente! Não conseguia dormir de jeito nenhum. Até que uma hora aproveitei que algo o acordou e com muita cara de pau e um pouco de dengo, perguntei se já que dormiria no meu sofá quando fosse a São Paulo, se poderia deitar no braço dele pra dormir.

Só me arrependi de uma coisa: de não ter pedido antes!

De repente eu estava no melhor lugar do mundo e queria que o vôo demorasse pelo menos mais quatro horas. Mas faltava só uma meia hora, nunca imaginei que me incomodaria de chegar logo, mas foi. Não queria sair dali por nada do mundo!

Ele esperou eu pegar minha mala, descemos juntos, entramos no ônibus juntos e ficamos de frente, nos olhávamos, mas não sabíamos ao certo o que dizer. Vi que estava arrepiado de frio. Deu vontade de chegar perto, abraçar, aquecer... mas havia um senhor do outro lado que atrapalhava o curto e tão grande espaço de menos de um metro. Talvez o senhor estivesse ali, justamente materializando nossa incerteza.

Desci do ônibus, esperei ele, demos alguns passos e assim que entramos na parte interna do aeroporto, nos deparamos com um ser inconveniente dizendo: “conexões para lá î, saída para lá ->” :(

Fiquei perplexa. Como assim? Assim? Sem nem tomarmos um café? Queria ir com ele ou que ele viesse comigo, mas... foi assim: então tchau. Um beijo no rosto e um quase-semi-abraço.

Haha! Tinha acabado de conhecer a pessoa e esperava ganhar um mega abraço, desses nossos, que quando grudamos, não desgrudamos mais até ter certeza de que todas as células puderam se saudar, fofocar, abraçar e despedir devidamente! rsrs...

Continuei perplexa, mas ainda fui capaz de cobrar que me procurasse (sim passei meu contato, mas não peguei o dele, não aprendo!). Fomos cada um para um lado, cada qual para sua fila, lá de cima, podia ver ele na espera. Dava vontade de fazer algo, mas o que? A vida, apesar de às vezes parecer, não é filme.

Já diz a música: tristeza não tem fim, felicidade sim...

Vão-se as esperanças e ficam-se as lembranças. :P

Por algum motivo aqueles momentos estavam cruzados. Sem mais nem menos, foram especiais - e vão ficar guardados! ´:)

2 comentários:

monster anarq disse...

Éramos dois seres misturados em um abraço.

Enquanto eu lia um conto lindo, fui pensando em como esse conto lindo entrava em mim, me tocando por todo meu corpo, por dento e por fora. Pensava enquanto lia, embalado por aquele conto lindo, envolvido e aquecido, sentia minhas células vibrando, me aquecendo como um micro ondas faz c/ a água, tocando todas as minhas células.
Sentia isso enquanto lia o conto lindo.
Sentia e pensava em escrever o q sentia, falar da alegria das minhas células e o conto q era lindo criou uma conexão. O meu presente sentimento celular estava descrito no próximo parágrafo, escrito e postado no passado. Vi escrito o mesmo q estava sentindo. Senti a conexão, as células se misturando, o passado escrito e o presente sentido eram iguais. Tínhamos, eu o o conto, o mesmo desejo celular, queríamos nos misturar no tempo-espaço, perder o passado, estar no momento, esquecer o futuro.
Deixar de saber onde começa um e onde termina o outro.
Éramos dois seres misturados em um abraço. Corpos e letras se misturando num abraço celular. Tempo e espaço se dissolvendo nesse sentimento.

Ana Estrella Vargas disse...

Que incrível!!! Não lembrava destes contos... ... ...