terça-feira, 4 de junho de 2013

Carta Aberta a Deus - questões da habitação

Querido Deus, como vai?

Resolvi te escrever porque não me conformo com as dificuldades que estou enfrentando no momento e que boa parte dos paulistanos passa, nas quais talvez seu mandato possa interceder de alguma forma.

Tive alguns problemas no decorrer do ano com as medicações e algumas frustrações da vida, mas estou confiante de que finalmente encontrei o remédio certo e não vejo a hora de voltar a trabalhar! Mas antes, porém, quero muito mudar de casa - por vários motivos. O principal deles: o barulho das obras.

ð     É toda forma de barulho, muitas vezes antes das 7h da manhã, causado pela obra do prédio que estão construindo aqui - e seus caminhões que chegam de madrugada para descarregar (porque foram proibidos de circular de dia). Agora, já subiram um muro em frente à varanda e o barulho de lá incomoda menos, mas não posso dizer o mesmo da reforma que iniciaram no apartamento de cima, cuja bateção começa pontualmente às 7h da manhã.

ð     Solução? A Soninha, quando vereadora, conseguiu aprovar uma lei que passava o horário limite de silêncio de 7h para 8h da manhã, no entanto, na época, claro, os empreiteiros alegaram qualquer coisa e o Kassab, então prefeito, vetou. Mas agora, com a maioria na Câmara, o veto poderia ser derrubado, não? Não resolve tudo, mas ajudaria consideravelmente.

Já para me mudar... a parte mais difícil deixou de ser encontrar a casa ideal a um preço pagável, por incrível que pareça. Até ontem tinha conseguido alugar lugares que aceitavam minha mãe (que tem casa em Teresópolis) como fiadora, mas agora, está quase impossível achar alguém que aceite fiador que não seja da capital, pois há algo (suponho) mais intere$$ante a eles: o Seguro Fiança da Porto Seguro.

Um dia a gente acaba se rendendo às exigências do mercado, fazer o quê? Juntamos para isso todos os documentos meus e do meu pai (que agora é funcionário do Governo do ES), mas não consideraram que era suficiente e perdemos a casa.

Encontrei outra casa, menor, mas toda charmosa (na Bela Vista também – quase tão improvável quanto dois raios caírem no mesmo lugar). Desta vez, incluí os dados da minha mãe (e as 3 declarações de IR), mas ainda assim, RECUSARAM! E estou mais uma vez perdendo outra casa e quase perdendo a cabeça também, pois não sei mais o que fazer!

Pela primeira vez na vida meus pais tem condição financeira de me ajudar de alguma forma, mas a seguradora conclui, sabe-se lá com qual critério, que não. Submeter-se a avaliação deles é tão humilhante, tão indigno! Podia imaginar todo tipo de cálculo maluco, menos que recusassem mesmo que comprovássemos que temos como pagar.

Certamente há problemas muito maiores que esse na vida, especialmente na Habitação da nossa cidade, não tenho a menor dúvida. Mas é um drama real - e que toda a faixa daqueles que “não ganham tão pouco para ter direito a um benefício social e nem tanto para poder juntar os 20% de entrada numa casa” passa. Por isso te escrevo.

Não sei qual a solução, mas tenho certeza que sua assessoria tem condição de propor algo razoável. Sei que a outra possibilidade é fazer um Cartão Aluguel da Caixa, que acaba saindo mais ou menos metade do preço, mas que as imobiliárias, no geral, não aceitam.

Hoje um amigo me disse que posso “comprar um fiador” (!!!). Só preciso pagar para eles o valor de um aluguel e mais R$ 100 pelos documentos. O mercado se ajeita. Mais em conta e mais prático, mas claro que não muito legal (em ambos os sentidos). Titubeei, e era tarde. A corretora informou que daria prosseguimento a documentação do segundo interessado.

Estou pensando em vender tudo e ir morar na Zona Sul, mas isso significa desistir da prefeitura definitivamente, pois a única forma que encontro de continuar na PMSP, é morando perto para poder conciliar com outros trabalhos. Sem isso, sem chance.

Enfim, peço desculpas pelo desabafo, mas considerei pertinente. Sempre tento achar algo positivo nas coisas que me acontecem (e principalmente nas que não acontecem). Não estava achando, passei o dia inteiro me lamentando, até que me deu o click: não posso fazer nada, mas posso comunicar a quem pode. =)

Esses dias fui ao aniversário de 80 anos da minha faculdade e vi uma pichação que dizia “o urbanista de SP é o capital”. É só olhar para o lado e constatar: o prédio novo da FESP quase cobre o Casarão, e ao lado, claro, mais um terreno que virou estacionamento. E aquela proposta de IPTU progressivo... será retomada?

Bom, já escrevi demais. É muita coisa. Espero que o relato possa ser útil de alguma forma. Precisando, estou por aqui.