terça-feira, 29 de junho de 2010

Para compensar? Mais coisas boas!

Pois é, aquele final de semana havia sido tão bom e parece que para compensar a semana (ignorando os fatos da anterior) foi pesada. Mas não, não falaremos do que não pode ser, nem do quão difícil é segurar a bronca quando não abrimos mão de fazer o que acreditamos ser certo. É difícil mas é honesto, então, compensa.

E sejamos saudosistas e falemos de algo bom do passado que às vezes também é presente – para compensar!

...

Quando vim morar em São Paulo costumava freqüentar um barzinho chamado Semáforo. Eu adorava aquele lugar! Posso dizer que me sentia em casa, já que fui praticamente criada dentro de um bar – com o qual minha mãe pode pagar as contas. Enfim, nesse barzinho com música ao vivo lá por volta de 1998 tocava uma dupla que eu adorava ouvir: o Sandrinho e a Ully! Era MBP de primeira qualidade e eu adorava a voz aveludada dela!

Quando meus amigos não queriam ir ao Semáforo, eu ia assim mesmo, porque sabia que precisava aproveitar enquanto os dois tocavam ali acessíveis, na faixa. E tinha certeza de que um dia eles fariam sucesso e eu não poderia pagar - doido, né? Percebo agora que eu definitivamente não sonhava em ser rica!

Bom, eles inicialmente formaram uma banda chamada Shiva que tinha um som muito bom, vez ou outra me pego cantando trechinhos de algumas músicas que cantavam "Pé na estrada e muito blues na cabeça, pé na estrada e que nada de mal lhe aconteça" ou "a rota parou no meio da favela, a rota parou: dinheiro/grana, dinheiro/grana" ou "eu me atrapalho, salto, erro, pulo, eu dou de cara no chão"...

Não sei por que a Shiva não continuou, mas acontece com as melhores bandas. Eles formaram então um grupo de Samba Rock com a mesma qualidade da banda anterior e que há anos vem fazendo sucesso: é o Sandália de Prata! E olha que delícia: vocês podem ouvir em http://www.myspace.com/sandaliadeprata

Gosto da música Sapato de Ouro, quando a Ully canta:

Obrigada meu Deus, meu bom Deus
Por me manter simples
Cultivando a humildade
Cultivando a amizade

Ei, sapato de outro, eu sou Sandália de Prata!

Meus parabéns por esse trabalho tão bem feito, e minha gratidão, porque chegar a poder viver de arte exige muito sacrifício e muito empenho, e não há nada que me dê mais prazer do que ouvir ou ver uma obra bem executada em todos seus detalhes. É sublime!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Puro Prazer!

Terminei a semana passada meio malzinha (nada como ver as coisas de longe, estava destruída mesmo com sessão extra de terapia!), mas meus amigos, mesmo sem saber, resolveram que isso não ia ficar assim: uns me tiraram de casa, outros apenas ficaram ao meu lado, mas todos me ouviram, olharam nos olhos, dividiram. Ouvi, dei risada, me senti cuidada, me senti muito especial!

E preciso dizer que tudo isso me fez muito bem? Seis pessoas quase que se revezaram para que todos os momentos fossem cobertos – sendo que só uma delas sabia do meu estado inicial – não me restando ocasião para não estar bem. E sem dúvida essas pessoas lindas fizeram com que minha semana começasse de outra forma, muito melhor! Prazer que devo a elas, tendo só a agradecer! :)

Mas há duas coisas que também tem sido fonte de grande prazer na minha vida nos últimos meses: a capoeira e o tango! A primeira faço aos sábado, a segunda aos domingos. Ambas me revigoram! É prazer absoluto e garantido: meu corpo se sente bem e é como se entrássemos em sintonia total, como se ele se sentisse agradecido e feliz! Apesar de ter ficado desgostosa com algumas várias coisas nos últimos tempos, a dança, em compensação, tem me trazido disposição e satisfação! \o/

Outra fonte de puro prazer pra mim tem sido ouvir o CD da Zizi Possi "Puro Prazer". É algo sublime! O piano, a afinação, a equalização, interpretação: é tudo absolutamente perfeito! Sinto uma gratidão imensa por poder ouvir no meu sonzinho obsoleto e desbaratinado algo tão divino! Algo feito com tanto cuidado e intenção, elevando à máxima potência a junção prazer-e-dor: simplesmente perfeito.

Mais coisas que não tem preço:

- ficar com a Potyra (minha sobrinha)...

- ficar comigo mesma... :)

- não fazer nada – ainda mais sabendo que não devia! :P

- curtir mais um pouco o calor das cobertas nesses dias frios...

- poder ver o azul intenso, profundo e sereno do céu de alguns dias, às vezes parecendo haver levado suaves pinceladas de branco...

- sambar, sambar e sambar! :D

E tantas outras coisas que parecem tão simples e que só esta terra e algumas pessoas nos proporcionam!

Essa é a letra da música que a Zizi canta que tem cada vez mais tomado o lugar de Alzira (pena que não achei o vídeo dela):

Viver, Amar, Valeu

Composição: Gonzaga Jr.

Quando a atitude de viver
É uma extensão do coração
É muito mais que um prazer
É toda carga da emoção
Que era o encontro com o sonho
Que só pintava no horizonte
E, de repente, diz presente
Sorri e beija a nossa fronte
E abraça e arrebenta a gente
É bom dizer viver, valeu
Ah! já não é nem mais alegria
Já não é nem felicidade
É tudo aquilo num sol riso
É tudo aquilo que é preciso
É tudo aquilo paraíso
Não há palavra que explique
É só dizer viver, valeu
Ah! eu me ofereço esse momento
Que não tem paga e nem tem preço
Essa magia eu reconheço
Aqui está a minha sorte
Me descobrir tão fraco e forte
Me descobrir tão sal e doce
E o que era amargo acabou-se
É bom dizer viver, valeu
É bom dizer amar, valeu.
Amar, valeu.

Valeu sim! :)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Alzira e a Torre – Me deixa em paz

Faz dias que estou querendo postar algo novo, mas o tempo sempre passa tão rápido! E para completar meu estado de espírito vai variando e quando vou escrever uma coisa já estou outra!

Acho que já disse o quanto música é algo essencial para mim, não? E sempre há ao menos uma que espelha o momento que estamos vivendo!

Gosto muito da versão da música que coloco abaixo com o Lenine e o D2, apesar de que antes, não gostava tanto da música em si, digo, a letra não fazia muito sentido pra mim, mas hoje, não só faz sentido como às vezes me identifico muito com a Alzira!

Coincidentemente, a Torre é como chamo o lugar da SubLapa que mais gosto de ir (para fugir, respirar, olhar a vista, pensar na vida...) mas que deixei abandonado nos últimos tempos – o que não pretendo mais fazer!

E Me Deixa em Paz é um clássico que é impossível ouvir sem lembrar do último conquistador barato que ganhou meu coraçãozinho tosco e pobre – por conta do qual já passei algumas vezes pela identificação, não só com a letra da música, mas também e especialmente com a forma com que o Lenine canta essa parte! Ah, sim: desta vez acredito mesmo que seja a última, pelo menos desse caso específico, porque livre de se encantar e iludir, ninguém está!

Bom, divido aqui com vocês o que graças à internet está aí para todos! :)




Alzira e a Torre

Composição: Lula Queiroga / Lenine

Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakof
Descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole
Alzira na Rua do Hospício, no meio do asfalto, fez um jardim
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?

(Hei hei hei)

Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)

Alzira virada pra Lua, rezando na igreja de são ninguém
Se o mundo for só de mentira, só ela acredita que existe além
Que existe outra natureza que venha ocupar o lugar do fim
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?

(Hei hei hei)

Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô, Alzira Ô, Alzira Ô, Alzira Ô...

É, Alzira zerou seu futuro se escondeu no escuro do furacão
Se a gente vê só alegria só ela antevia a revolução
O mar derrubando o dique, invadindo a cidade enfim
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?

(Hei hei hei)

Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô, Alzira Ô...

Me Deixa Em Paz

Composição: Monsueto / Aírton Amorim

Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar eu me apaixonar
Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar eu me apaixonar
Evitar esse amor
É impossível
Evitar a dor
É muito mais
Você arruinou a minha vida
Me deixa em paz

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Interromper uma gravidez – parte IV

Que mulher nunca ficou encanada com um atraso? E por outro lado, quantos casos de mulheres que estavam grávidas e nem imaginavam?

Fato é que... acontece.

E a primeira coisa que a gente faz é tentar se convencer de que é normal, que não há de ser nada. Afinal de contas, é normal que quando os níveis de pressão, estresse, dor, perda ultrapassam o que já estamos acostumados a suportar no dia a dia, o ciclo se desregularize. Mas, é claro que, conforme o tempo vai passando, não há como não começar a se questionar e pensar no "e se..."

Sim, a gente pira.

Porque se não for só um atraso, mas uma gravidez, tudo pode mudar. E aí a gente começa a avaliar quais são as condições: trabalho, grana, ajuda, tempo, casa, condição do relacionamento. Claro que, normalmente, não são as ideais. Mas às vezes o instinto maternal fala mais alto (por mais medo que dê, por mais que a gente não se sinta preparada, não se anime com a idéia de trocar fraldas...) e isso acaba entrando em um embate com a idéia de encarar um aborto – que pode ser necessário, mas que não é um processo nada, absolutamente nada fácil.

Há pessoas que não tem a menor dúvida de que não querem e não pensam duas vezes em optar pelo aborto, e não consigo acreditar que esteja errado. Acho que muito mais errado é colocar no mundo um filho que não se quer e não se tem disposição para amar, ensinar e cuidar. Um filho que terá que carregar o peso das frustrações da mãe e que provavelmente não será a melhor das pessoas, no sentido de talvez também não saber amar, de não se importar com o sentimento dos outros – assim como não se importaram com o dele – e não ter medo de machucar nem de ser machucado (no sentido mais geral), de não dispor de um senso mínimo dos valores de respeito à vida.

Não, obviamente nada é tão simples, geral e automático assim. O entorno sempre fará a diferença – para o melhor ou para o pior – e pode que uma pessoa dessas encontre outras no caminho que lhe dêem mais sentido e noção da vida – uma avó que vê no neto a possibilidade de dar a atenção que não pode dar aos filhos, uma professora ou mesmo alguém como meu pai que resolveu dar atenção e conteúdo aos adolescentes que por um motivo ou outro não dispunham do mesmo em casa.

Mas voltando ao assunto inicial, para completar a pira do lance do atraso, temos que encarar o receio do informar – e possivelmente ser mal interpretadas. Ou seja, que a pessoa que "ajudou a fazer" pense que cometemos a insanidade de deixar que acontecesse de propósito (para amarrar, para salvar o relacionamento ou qualquer coisa do tipo). Some-se a isso o receio de encarar uma reação agressiva, tempestiva, raivosa, desesperada, ameaçadora, etc. Apesar de tudo isso, muitas vezes, acabamos contando, afinal não foi algo que fizemos sozinhas, além de sempre termos a esperança de encontrar naquela pessoa um pouco de segurança e estabilidade em meio a bagunça de sentimentos e insegurança em que nos encontramos. Se contamos, é porque a necessidade de dividir toda essa angustia e insegurança se sobrepõe à vontade de ser auto-suficiente e capaz de resolver por conta própria sempre.

E há poucas coisas no mundo piores do que a falta de compreensão e apoio em um momento como esse, justamente da pessoa que gostaríamos e esperávamos que estivesse do nosso lado. É uma das coisas mais amargas e secas de se engolir. Na verdade, não dá para engolir, fica ali: preso a garganta, voltando aquele gosto, parece que para sempre. É triste demais.

Por isso peço: por mais desesperados que possam ficar com a idéia, por favor, meninos, procurem manter a calma e dar um mínimo de apoio. É tudo o que precisamos em um momento como esse, pois qualquer que seja o resultado, será traumático. E tudo o que precisamos é de um pouco de energia estável, um cadinho de segurança, um ombro. Não queremos uma decisão imediata, não esperamos planos nem um pedido de casamento, só esperamos ganhar um abraço e a sensação de que não estamos sozinhas em meio a essa tempestade. Mas ironia do destino, parece que justamente quando mais precisamos é quando menos podemos contar. Isso é o que mais nos seca por dentro. Isso é o que espero não aconteça mais – com mais ninguém.

E o que fazer quando descobrimos que nosso ponto de equilíbrio pira mais que a gente? Puxamos o freio de mão e aprendemos a nos auto-equilibrar, e não descansar, e não fechar os olhos, e não se entregar, e não sentir, e não confiar, e não esperar, e não se iludir, e não sonhar...

...

Quando descobrimos que não passava de um atraso sempre vem aquele alívio, acompanhado sim de certa tristeza, no meu caso, por já ter entrado em processo de aceitação e por tudo que se teve que passar de certa forma em vão, mas que não se apagará.

Apesar de que, começo a me perguntar se isso não ocorre justamente para descobrirmos qual o tipo de homem que aceitamos ter ao nosso lado (mesmo que às vezes um lado tão distante). Sim, entendo perfeitamente que se pudéssemos (eu-razão) escolher, escolheríamos melhor, mas, nem por isso podemos aceitar tudo. Tem de haver limite no que é possível se aceitar e relevar. E aí está. - E quem nunca sofreu uma desilusão que atire a primeira pedra.

Para terminar, apesar de ter muito mais para falar, quero deixar meus profundos agradecimentos e reconhecimento a todos os homens que não se acovardaram na hora de cumprirem minimamente seu papel. Um homem pode ser tudo, menos covarde. – Aprendam meninos, por amor, aprendam.